CBTU estuda viabilidade de transporte para eólicas

ana silvaAs curvas no trecho até Ceará-Mirim estão sendo medidas, para se atestar a viabilidade da operação
As curvas no trecho até Ceará-Mirim estão sendo medidas, para se atestar a viabilidade da operação

Andrielle Mendes - Repórter de economia

Apesar de ter sido sugerida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte (Dnit) e cogitada pelo governo do estado, a possibilidade de transportar componentes das turbinas eólicas por via ferroviária de Natal até o município Ceará-Mirim ainda está sendo avaliada pela seccional potiguar da Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Segundo Erli Bastos, superintendente da CBTU/RN, para autorizar a operação, técnicos do orgão estão medindo todas as curvas no trecho Natal-Ceará Mirim, onde as peças seriam descarregadas e o transporte passaria a ser realizado por carretas. Apesar de não ter data para ser concluído, o estudo pode ficar pronto ainda esta semana. “Se recebermos os dados técnicos nesta segunda-feira, concluiremos o estudo em três dias”, disse ele. 

 A CBTU ainda não sabe se as pranchas (vagões especiais) conseguirão fazer todas as curvas. Antes de dizer se é possível transportar as peças em vagões, a equipe fará simulações computadorizadas. “Precisamos deste levantamento para afirmar se é possível. Não podemos dar uma definição, sem concluir a análise”. Para Erli, não adianta conseguir as pranchas e não poder utilizá-las.  

Não bastasse a incerteza, órgãos como Ministério das Cidades, responsável pela CBTU, e o Dnit não receberam nenhum tipo de solicitação formal por parte do governo do Estado acerca da cessão dos vagões para o RN, até o fechamento desta edição, disseram, por meio de suas assessorias de imprensa. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, para esclarecer o assunto, mas ele estava em reunião. 

A representação nacional da CBTU, no Rio de Janeiro, informou, através de sua assessoria, que seu foco  é transporte de passageiros. O máximo que poderia fazer, se houvesse uma solicitação formal do governo do Estado, seria autorizar o uso da linha ferroviária para o transporte das peças. Uso, que só seria autorizado se não houvesse nenhum impedimento técnico ou possibilidade de dano a linha ferroviária local. Segundo a assessoria, o órgão não dispõe de vagões para cargas. 

“Queremos colaborar, mas precisamos de apoio”,  diz CBTU

Erli Bastos, da CBTU, reclama apoio do governo. Até o momento, ele diz só ter conseguido se reunir com o presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) – responsável pelo Porto de Natal, Emerson Fernandes. “Estamos dispostos a colaborar, mas precisamos de apoio. Eu vejo um  distanciamento muito grande das pessoas responsáveis por esta operação”, disse.

 Erli  chegou a sugerir uma reunião com todos os interessados, mas diz que não obteve sucesso. “Não posso tomar a frente de uma coisa que não é minha”, afirmou. Seria necessário, inclusive, aumentar a equipe técnica, na avaliação dele, composta por duas arquitetas da CBTU e por ele, único engenheiro do órgão. “Não fui procurado por ninguém do ministério nem do governo. Somente a Codern entrou em contato e um secretário, por telefone”. 

O estudo técnico que está sendo realizado pela CBTU, segundo Erli Bastos, dirá se é possível transportar as pás, com até 50 metros, em vagões até Ceará Mirim. Entre vagões, locomotiva e passageiros pela malha ferroviária, por dia circulam quase 250 toneladas. Só a locomotiva pesa 72 toneladas. 

memória

A possibilidade de transportar componentes de turbinas eólicas em vagões pelo sistema ferroviário foi levantada  durante reunião entre a governadora Rosalba Ciarlini e o ministro Alfredo Nascimento na última terça-feira. Na ocasião, o diretor geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, também presente, disse que o órgão – braço executivo do Ministério - faria a cessão dos vagões para o governo. Como e quando isso se daria na prática ainda não foi detalhado pelo órgão. O Dnit voltou a ser procurado ontem pela equipe de reportagem, mas afirmou, através de sua assessoria de comunicação, que não recebeu nenhum tipo de solicitação formal sobre isso.
TN RN

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