De virada, Flu e Deco renascem na Libertadores: 3 a 2 sobre o América


por Thiago Fernandes
gum fluminense gol américa-mex (Foto: Wallace Teixeira / Photocamera)Gum comemora o gol de empate no primeiro tempo (Foto: Wallace Teixeira / Photocamera)

deco fluminense américa-mex (Foto: Wallace Teixeira / Photocamera)Deco decidiu  (Foto: Wallace Teixeira / Photocamera)
O Fluminense entrou em campo, nesta quarta-feira, sabendo que a vitória era essencial para continuar dependendo apenas de si na Libertadores. A torcida, que compareceu em pequeno número (13.158 presentes), fez seu papel e apoiou do primeiro ao último minuto. Até jogadores que vinham sendo vaiados, como Julio Cesar, tiveram seus nomes gritados. Mas foi sofrido. Evocando mais uma vez o lema “time de guerreiros”, o Tricolor ficou duas vezes atrás do placar, mas conseguiu a vitória sobre o América-MEX por 3 a 2 e segue vivo na competição, graças a Deco. Fora do time há dois meses, por conta de uma lesão na coxa, o meia marcou o gol da vitória aos 42 do segundo tempo. Também foi dele o passe para o gol de Araújo, que empatou a partida aos 34 (Gum fez o outro do Flu. Sanchez e Digão, contra, marcaram para o time mexicano).
Com o resultado, o Fluminense fica com cinco pontos e assume a terceira posição do Grupo 3. O América-MEX segue em segundo, com seis, logo atrás do Argentinos Juniors, que tem sete.
O Fluminense volta a campo pela Libertadores no dia 6 de abril, contra o Nacional. O jogo será disputado no Uruguai. No dia seguinte, o América-MEX recebe o Argentinos Juniors. Neste domingo, pelo Campeonato Carioca, o time das Laranjeiras encara o Vasco.

Gol esquisito e pressão tricolor
Antes de a bola rolar, o torcedor fez questão de demonstrar o ressentimento com o ex-técnico Muricy Ramalho, que deixou o clube disparando críticas à estrutura do clube. Em faixas, a torcida chamou o treinador de “amarelão”, “traíra” e “mentiroso”. Os torcedores também gritaram o nome de Abel Braga, que conversou com o presidente Peter Siemsen e acertou sua volta ao Tricolor em junho, quando termina seu contrato com o Al-Jazira (Emirados Árabes Unidos).

Foi neste clima que o Fluminense partiu para cima desde o começo. Em menos de dez minutos, o Tricolor conseguiu assustar o goleiro rival duas vezes, em cobrança de falta de Souza e chute de longa distância de Valencia. As duas tentativas passaram muito perto do alvo. O América-MEX parecia interessado em deixar apenas o tempo correr e tentar surpreender em contra-ataque. Logo no início, dois jogadores do time mexicano foram atendidos fora do campo, retardando a partida. As cobranças de lateral da equipe visitante também demoravam.

Até que uma falha da defesa tricolor tornou o cenário ainda mais tenso. Em uma disputa de bola com o atacante Sanchez, Digão se enrolou e precisou da ajuda de Ricardo Berna. O goleiro saiu do gol, pulou, pegou a bola e trombou com o zagueiro. Na queda, Berna soltou a bola, que caiu nos pés de Sanchez. O jogador só teve o trabalho de empurrar a bola para as redes e fazer 1 a 0 para os visitantes, aos 14. Os jogadores do Fluminense reclamaram muito, mas não houve falta de Sanchez em Berna, embora o atacante também tenha tocado no goleiro após o salto.
Mas o gol do América-MEX não abateu o Fluminense. A torcida pediu: “vamos virar, Nense”. E o time foi para o ataque. A ofensiva deu certo logo na primeira tentativa, aos 21. Conca cobrou falta de longe, a bola bateu na barreira e voltou em seus pés. O argentino cruzou na área, Gum subiu mais que a zaga e contou com a saída atabalhoada do goleiro adversário para deixar tudo igual. No lance seguinte, o zagueiro quase fez o segundo, após bonita arrancada de Mariano pela direita. O lateral colocou a bola na cabeça do companheiro que, desta vez, errou o movimento e bateu com o ombro na bola.
A pressão tricolor continuou até o fim da primeira etapa, mas sem sucesso. Fred cruzou uma bola na pequena área para Emerson. A zaga do América-MEX cortou em cima do lance. Em cobrança de escanteio, foi a vez de Fred ter uma chance, mas o atacante mandou para fora. Souza também tentou surpreender o goleiro adversário com um chute de longe, mas Navarrete conseguiu defender. O Fluminense ainda pediu um pênalti em um lance que Cervantes dominou a bola com o braço. O lance, porém, foi fora da área. Mas o juiz errou. Não marcou a infração e deu a lei da vantagem. Certamente os tricolores preferiam a falta.
O América-MEX só assustou no minuto final da etapa, com um chute de Montenegro, após cruzamento da direita. Ricrado Berna fez bonita defesa e impediu o segundo gol da equipe mexicana.

Deco renasce

O Fluminense voltou para o segundo tempo como começou o primeiro: pressionando o adversário. Logo no primeiro minuto da etapa, Fred recebeu na área e chutou cruzado. Navarrete defendeu para o meio da área, mas nenhum tricolor conseguiu completar. Em seguida, Emerson arriscou de longe e tirou tinta da trave.
Aos seis, o Tricolor teve um problema. Mariano sentiu dores na perna direita e precisou sair. Enderson Moreira, que comanda o time interinamente, optou por arriscar e deixar o time mais ofensivo. Sem um lateral de origem no banco, decidiu colocar Deco no jogo. Souza passou então a atuar na direita. O luso-brasileiro voltou a participar de uma partida oficial após dois meses parado por conta de uma lesão na coxa. Alguns tricolores torceram o nariz para a mudança. Teriam de se render pouco depois.

Mostrando vontade, Deco melhorou a criação. E também finalizou. Em um chute seu de fora da área, a bola bateu na defesa e ia sobrar para Fred, mas o goleiro Navarrete foi mais rápido e chegou na bola. O atacante se jogou e recebeu o amarelo.

Nervosa, a torcida passou a pedir a entrada de Rafael Moura. Aos 24, Enderson atendeu o pedido e colocou o He-Man no lugar de Emerson. O atacante mal teve tempo de se aquecer. Sanchez puxou contra-ataque pela esquerda e cruzou. A bola fez uma curva e foi em direção ao gol. Ricardo Berna não conseguiu chegar e Digão, ao tentar cortar em cima da linha, mandou contra as próprias redes.

Enderson partiu para o tudo ou nada e tirou Julio Cesar para colocar Araújo. Mesmo desorganizado, o time tricolor tentou tirar forças para não ver sua chance de continuar no torneio praticamente acabar. E a modificação deu certo. Deco recebeu na direita e cruzou na medida para Araújo. O atacante cabeceou e deixou tudo igual, aos 34.

Mas ainda havia tempo para mais uma jogada decisiva de Deco.  Após bola lançada na área, Fred desviou de cabeça, e o apoiador se antecipou à defesa tocando por cima do goleiro, aos 42. Emoção no campo, no banco, na arquibancada. O roteiro era de final feliz, pelo menos nesta noite. Ao apito final, os jogadores comemoraram muito, e a torcida mostrou que ainda está de mãos dadas com o time: "O campeão voltou" foi o grito que ecoou no Engenhão.
G1

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