Acidente provoca congestionamento na Estrada da Redinha

Andrielle Mendes - Repórter de economia

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) define hoje qual será o reajuste da tarifa de energia elétrica do Rio Grande do Norte, que já entra em vigor a partir da próxima sexta-feira. A Companhia Energética do RN (Cosern) está pedindo reajuste médio de 11,6%, mas o percentual pode ser maior ou menor, dependendo da análise da Agência. A medida atingirá todos os consumidores da Cosern – número que chega a 1,131 milhão. Independentemente do percentual, o possível aumento no valor deverá afetar a indústria de forma geral, segundo a Federação das Indústrias do RN (Fiern). A Indústria, segundo dados da Cosern, é a segunda maior consumidora de energia elétrica no estado. Em consumo, perde apenas para as residências.


alex fernandesJoão Lima:  Não importa qual será o percentual de reajuste, ele vai pesar no bolso do consumidorJoão Lima: Não importa qual será o percentual de reajuste, ele vai pesar no bolso do consumidor
O reajuste da energia elétrica, na avaliação de João Lima, presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem do RN, gera um efeito cascata, onerando o setor produtivo, diminuindo a competitividade e reduzindo o número de empregos.

    Preocupados com o impacto de um possível aumento, representantes da Federação das Indústrias do RN se reunirão nos próximos dias com os setores que se sentirem mais prejudicados. O objetivo é encontrar medidas que amenizem os impactos da nova tarifa. “Quando ocorre um aumento como este, é preciso fazer uma avaliação em conjunto para definir as próximas etapas”, afirma Amaro Sales, presidente eleito da Federação. O reajuste definido pela Aneel, que leva em consideração a inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado, da Fundação Getúlio Vargas (IGP-M), dos últimos 12 meses, e também os gastos da distribuidora com compra e transporte de energia e o pagamento de encargos setoriais,   foi de 8,33% para residências e  7,18% para as indústrias em 2010. 

     Segundo Amaro Sales, algumas indústrias conseguirão repassar o reajuste para o consumidor final, encarecendo o  produto. Outras não. Na avaliação dele, quem não conseguir repassar o custo, vai entrar no vermelho. A equação é simples.   Quando os custos aumentam, a competitividade diminui; os produtos ficam mais caros e a Indústria, principalmente a exportadora, perde mercado. 

     Segundo João Lima, nos últimos dez anos, a tarifa da energia elétrica mais do que dobrou em valor real no País. O recente reajuste do ICMS da energia elétrica no RN só aumentou a conta. “O Brasil já teve uma das energias mais competitivas do mundo. Hoje, tem uma das mais caras. Nosso custo de energia já foi metade do custo da China. Hoje está praticamente igual. Na China, quase 90% da energia elétrica é gerada em termelétricas, energia cara. No Brasil, é o contrário. Quase 90% da energia elétrica é gerada pelas hidrelétricas. O problema é que o Brasil coloca tanto encargo, que apesar de gerar uma energia barata, ela chega cara na Indústria e no consumidor final”, afirma. Para João Lima, não importa qual percentual do reajuste, ele vai pesar no bolso.

    As tarifas de dez distribuidoras serão atualizadas em abril. Além da cobrada no R, aumentarão, por exemplo, as tarifas da Companhia Energética de Minas Gerais S/A (Cemig), da Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat), da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL -SP) e da Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S/A (Enersul).

Indústria têxtil será uma das mais afetadas

Responsável por gerar 30 mil empregos diretos e até 120 mil indiretos no RN, as indústrias têxtil e de confecções estarão entre as mais afetadas com o novo reajuste, segundo a Federação das Indústrias do RN (Fiern). Isso porque “a energia elétrica tem grande impacto na formação do preço final na indústria têxtil”, esclarece Amaro Sales, presidente eleito da Federação. A energia elétrica é a terceira maior despesa mensal das fábricas. Fica atrás apenas de matéria-prima e mão de obra. Segundo Amaro Sales,  para manter o produto competitivo, as fábricas terão de arcar com os custos praticamente sozinhas. 

A indústria chinesa, caracterizada por cobrar menos por energia e mão de obra, é a principal concorrente da indústria têxtil brasileira, e potiguar, que sobretaxa os itens e os torna ainda mais caros. O setor já perdeu mercado nos últimos anos, segundo João Lima, presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem do RN - reflexo da elevação dos custos de produção. Exportar produtos manufaturados, como calçados, roupas e móveis, segundo ele, está cada vez mais difícil. “Não conseguimos competir com a China, que é um grande exportador”. 

O dinheiro que vai para a conta de energia e deixa de entrar no caixa poderia ser reinvestido e contribuir para a retomada do crescimento do setor, que estagnou nos últimos anos, segundo João Lima. “O setor não está diminuindo, mas também não está avançando, o que é bastante preocupante.  Antigamente, a indústria têxtil e de confecções exportava muito. Hoje não exporta praticamente nada”, afirma. 


TN Online

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