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Maria das Dores da Silva, 65, não conseguiu despedir-se de Jesus. Apesar de participar da celebração da paixão, na catedral metropolitana, e acompanhar a procissão do Senhor morto, ficou fora da antiga catedral, para onde a imagem de Jesus Cristo, dentro de um caixão, foi levada. Lá, milhares de fiéis deram o último adeus àquele que morre e ressuscita todos os anos.
 
Aldair DantasFamílias inteiras acompanharam a procissão pelas ruas de NatalFamílias inteiras acompanharam a procissão pelas ruas de Natal

“Sempre que olho para ele sinto muita emoção”, disse Maria, com voz embargada e mãos no rosto, no lado de fora da igreja. Assim como a mãe de Jesus, descrita no Novo Testamento como mulher discreta, a aposentada Maria das Dores acompanhou tudo de longe. Apesar de frequentar a antiga catedral todas as semanas, cedeu lugar para os fiéis que aparecem uma vez no ano. “Está muito apertado lá dentro”. E estava.
 
Aldair DantasPopulação lotou catedral para acompanhar celebração do Senhor mortoPopulação lotou catedral para acompanhar celebração do Senhor morto

Seguindo a programação da Arquidiocese de Natal na sexta-feira da paixão, milhares de fiéis lotaram a catedral para celebrar a paixão e morte de Jesus. Em seguida, tomaram as ruas, seguindo a imagem do Senhor morto, colocado com cuidado num caixão de vidro, como ocorre todos os anos.
 
José Luiz Santos Neves, 41, e Gilsa Ferreira Góes Neves, 39, participam da celebração e da procissão sempre que estão em Natal. Missionários da Comunidade Shalom há mais de 15 anos, enxergam na programação da igreja uma forma de se unir a Jesus. José Luiz relembra que não é possível ressuscitar sem antes passar pela cruz e morrer. “Com Jesus morremos e ressuscitamos”, complementa Gilsa. Segundo ela, ao contemplar a morte de Jesus, os cristãos contemplam, na verdade, o amor que Jesus sentia pela humanidade e que acabou conduzindo-o até a cruz. “A programação da igreja propicia esta reflexão”, argumenta José Luiz.
 
Aldair DantasCelebração ocorre na sexta-feira da Semana SantaCelebração ocorre na sexta-feira da Semana Santa

A celebração, realizada em conjunto com a Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, se dividiu em três momentos: leituras, oração universal (a mesma feita pelo Papa Bento XVI pela manhã) e adoração. Foi marcada pelo silêncio e restrição de cânticos. O arcebispo Dom Matias Patrício conduziu a homilia. “O povo judeu tinha o costume de sacrificar um cordeiro na Páscoa. Jesus é o cordeiro da nova Páscoa. Seu sangue é o preço de nossa salvação”, afirmou. Segundo ele, Jesus assumiu a figura de servo sofredor, descrita pelo profeta Isaías, no Antigo Testamento, cumprindo assim todas as profecias.
 
Aldair DantasSexta-feira da paixão é o dia em que a morte de Jesus é lembradaSexta-feira da paixão é o dia em que a morte de Jesus é lembrada

No final da celebração, a imagem de Jesus crucificado foi descoberta e beijada pelo bispo, padres, diáconos. Depois, foi retirada da cruz, com ajuda de martelos, e colocada dentro de um caixão de vidro, seguindo em cortejo pelo centro de Natal. A imagem de Maria, vestida com um manto roxo, e não azul claro como de costume, foi levada logo atrás. Depois da celebração da paixão de Jesus, os fiéis se recolhem em silêncio e todas as igrejas fecham as portas. Só voltam a abrir no sábado às 20h, quando ocorre a vigília Pascal. Segundo a igreja, Jesus ressuscita no domingo e precisa encontrar igrejas e fiéis vigilantes. 


TN Online

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