Pressionados, vereadores admitem mudança na CEI

Alvo de discórdia, as vagas de presidente e relator da  Comissão Especial de Inquérito (CEI), que investigará os algueis da Prefeitura de Natal, serão postas em mesa, mais uma vez, hoje. Após descer ao pátio ocupado por manifestantes na Câmara Municipal de Natal (CMN), o presidente da casa, Edivan Martins, e o vereador Júlio Protásio (PSB), abriram um canal de diálogo com o grupo presente e sinalizaram com a possibilidade de discussão acerca da recomposição da CEI. Nada de definitivo, mas o parlamentar do PSB, que é líder da legenda na CMN, se comprometeu em reunir a bancada na manhã de hoje no intuito de "sensibilizar" o vereador Bispo Fraqncisco de Assis (PSB) a deixar a presidência da comissão e entregá-la a um dos membros da bancada de oposição. O grupo que entoa palavras de ordem contrárias à gestão da prefeita Micarla de Sousa (PV) teve a intermediação da presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), Soraya Godeiro.

Júnior SantosManifestantes e dois vereadores conversam sobre as reivindicações para substituição do relator ou presidente da CEIManifestantes e dois vereadores conversam sobre as reivindicações para substituição do relator ou presidente da CEI

Há dois dias ocupando o pátio interno da CMN, os manifestantes chegaram condicionar a saída do local a realização de uma audiência pública que deverá discutir os aluguéis da Prefeitura de Natal (pleito atendido) e também a entrega da relatoria ou da presidência da CEI a um dos vereadores da oposição. Os vereadores Edivan Martins e Júlio Protásio desceram ao pátio da CMN acompanhados de três seguranças. Se aproximaram, sentaram, conversaram e debateram. Réus da Operação Impacto, ambos ouviram parte dos manifestantes lembrarem da boa aparência na qual se encontram as instalações do legislativo e, por outro lado, lembraram que os gabinetes precisam também da leveza das paredes e estrutura do local. "Estamos aqui para dizer que más lembranças como a da Operação Impacto não deveriam ser repetidas".

Quando Edivan Martins exclamou que não tem legitimidade para "atropelar" o regimento interno da Casa e determinar quem será o relator e o presidente da CEI ouviu dos manifestantes que é o líder da casa e que, inegavelmente, tem um substancial poder de articulação e convencimento perante os demais. "Não dá para dizer que o senhor não tem nada a ver com essa formação. O senhor lidera essa casa e sabe muito bem que pode articular no sentido de dar maior isonomia e moralidade a esse processo", destacou um dos presentes.

Durante todo o diálogo os vereadores utilizaram o regimento interno da casa como argumento para as decisões tomadas até agora na CEI dos alugueis. Em certo momento, Júlio Protásio chegou a sugerir aos manifestantes que pressionassem os vereadores Bispo Francisco de Assis e Albert Dickson (PP) a desocuparem uma das vagas - de presidente e relator - porque a Mesa Diretora não detinha mais de legitimidade para fazê-lo. Albert, aliás, foi alvo de agudas críticas da mobilização e é tratado como um representante "suspeito" da CEI dos alugueis. "Queremos que pessoas da confiança da população façam parte desse processo e dêem a transparência necessária", destacaram. No pátio da CMN pode-se encontrar uma verdadeira diversidade partidária, social e cultural. Do PT ao DEM, do artista ao advogado. "Um movimento plural, horizontal e sem líderes", definiu o estudante Marcos Aurélio.

Manifestantes permanecem acampados 

Dezenas de estudantes, profissionais liberais, sindicalistas e militantes políticos se revezam há pelo menos 48 horas na CMN onde desde então passaram a dormir e, sobretudo, debater, discordar e conciliar. O propósito inicial era o de pedir o impeachment da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), mas com o passar das horas passaram a se envolver também com questões sob a competência do legislativo. É o caso da CEI dos Aluguéis, cujo diálogo ocorrido ontem ultrapassou os pequenos avanços da bancada de oposição da casa. Já se sabia - e era assunto certo nos bastidores - que o presidente da CMN, Edivan Martins, aguardava um parecer da procuradoria da casa que avalizaria a extinção da comissão. Essa possibilidade, embora ainda possa vir a ser viabilizada, não se concretizou tão rapidamente como se esperava.

A postura de Edivan Martins de descer ao pátio e conversar com os manifestantes rendeu elogios por parte dos presentes. Ele garantiu que a guarda municipal, responsável por cuidar do patrimônio da CMN, foi orientada a tratar com civilidade os ocupantes. Os manifestantes montaram cinco barracas na área e se limitam a utilizar os banheiros que ficam no andar térreo. 

Secretário propõe diálogo com a prefeita 

A Prefeitura de Natal, através do secretário de Comunicação, Jean Valério, afirmou que Micarla de Sousa vem trabalhando de maneira incansável. "Talvez ela não tenha agradado à população, mas o fato é que ela trabalha muito", lamentou. O secretário reconhece o movimento que tomou a Câmara Municipal como legítimo, mas insiste que é necessário um diálogo com a chefe do Executivo para que se saiba o que pode ser feito. "Não existe uma pauta, não há um manifesto, não existe uma vontade de dialogar. Toda manifestação democrática é bem vinda, desde que seja espontânea. Que se cobre por melhorias, mas é importante que eles formem lideres e venham conversar com a prefeita. Eles querem o quê?", interrogou o secretário. Jean Valério pediu respeito às pessoas que elegeram democraticamente a prefeita do PV. 

Ele exclamou que as pessoas com interesse na disputa eleitoral devem utilizar de suas estratégias de maneira saudável, referindo-se ao suposto envolvimento de possíveis candidatos oponentes à atual gestão, com foco na eleição do próximo ano. 
TN Online

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