Dilma promete ficar fora da campanha eleitoral

Brasília (AE) - A presidenta Dilma Rousseff garantiu ontem que o governo não se envolverá na campanha eleitoral nas cidades onde houver mais de um candidato da base aliada na disputa pelas prefeituras. Em reunião com o Conselho Político, formado por líderes e dirigentes dos 14 partidos que sustentam o Planalto no Congresso, Dilma também prometeu impedir o uso da máquina pública na eleição. "Não vou permitir que usem o governo para beneficiar A, B ou C", afirmou a presidente. Diante do aliados, Dilma avaliou o primeiro ano de governo como "excepcional" e insistiu que todas as conquistas só foram possíveis em razão da unidade partidária. "Obviamente que as pessoas podem ter suas preferências pessoais e fazer campanha, mas o governo não fará."
Antônio Cruz/ABrDilma em reunião com o conselho político: base prestigiada e viagens de inspeção a obras em 2012Dilma em reunião com o conselho político: base prestigiada e viagens de inspeção a obras em 2012

Apesar da garantia da presidente, um deputado pareceu desconfiar da neutralidade e cochichou no ouvido do outro: "Mas e o Lula?" Era uma referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que articula a operação política para o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad, e promete atuar como cabo eleitoral na disputa das principais capitais. "Lula será um canhão nessa campanha, principalmente depois do tratamento (contra um câncer na laringe), mas a presidenta Dilma garantiu ao Michel (vice-presidente Michel Temer) que não subirá no palanque de ninguém", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves .

A estratégia que preserva Dilma e evita ciumeira na dividida base eleitoral foi acertada recentemente com o próprio Lula. "Depois das eleições, os que perderam voltam para o Congresso cheio de mágoas e aí querem dar o troco", comentou o ex-presidente, de acordo com relato de dois petistas. Na prática, porém, Dilma deve gravar mensagens de apoio na propaganda eleitoral de TV para determinados candidatos, como Haddad, ex-ministro da Educação.

O PR foi o único dos 14 partidos da base aliada que não compareceu hoje à reunião do Conselho Político. A legenda oscila entre a aproximação e a distância do Planalto e se declara "independente" do governo desde a queda do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, em julho do ano passado.

Na tentativa de soldar sua base de sustentação, Dilma avisou que voltará a se reunir com grupos de partidos aliados, a partir de março. Ela também prometeu continuar as viagens de inspeção às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que enfrenta problemas em muitas regiões. "É o olho do dono que engorda o gado", resumiu a presidente, recorrendo a um ditado popular. 

Tucano engrossa aposta em candidatura de Serra

Brasília (AE) - De passagem por Brasília para tratar de um empréstimo do Banco Mundial para São Paulo, o presidente do PSDB paulistano e secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, engrossou o coro da aposta tucana na candidatura de José Serra à prefeitura da capital. "Há expectativa de Serra ser candidato, sim. O partido precisa muito da candidatura dele e eu acredito muito nela", afirmou. Em seguida, no entanto, advertiu que as prévias do PSDB para a escolha do candidato estão se tornando inevitáveis. "Se um dos quatro pré-candidatos se mantiver na disputa, Serra terá que passar pelas prévias e acho que este caminho será o melhor para ele".

Àquela altura, um dos pré-candidatos - o deputado Ricardo Tripoli (SP) - estava conversando sobre a disputa paulistana com o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE). Diferentemente dos outros três postulantes, que são secretários do governo de São Paulo e podem ser sensibilizados por um apelo do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em favor de Serra, Tripoli é parlamentar e foi o único que apresentou sua candidatura ao diretório municipal com a assinatura de apoio de 220 delegados.

"Serra é um grande nome, um grande quadro, sabe montar uma equipe, mas hoje não é o momento dele", disse Tripoli, ao destacar que não abrirá mão de sua candidatura em favor de quem quer que seja, inclusive Serra. "Tenho o compromisso de sustentar a disputa até a definição do candidato, para legitimar o vencedor das prévias do PSDB", completou, lembrando que há um entendimento entre os quatro tucanos registrados - ele, Andrea Matarazzo, José Aníbal e Bruno Covas - de apoio de todos àquele que ganhar as prévias.

Diante da ausência de qualquer comunicado oficial sobre a candidatura Serra a prefeito, o presidente do partido destacou que quem vai conduzir o processo sucessório na capital paulistana é o governador Alckmin. Advertiu, no entanto, que "para quem tem projeto de partido único, como o PT, a aposta em Fernando Haddad é explicável e a oposição tem que considerar essa variável". 

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