Regulação reduz macas nos corredores

Sara Vasconcelos - repórter 

A intervenção na porta de entrada do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, dentro do projeto de Regulação Ativa das Emergências Médicas, tem reflexo direto nos corredores: quase não há macas e pacientes padecendo à espera de leitos. O vazio em um dos corredores - que deveria ser habitual - gera estranheza, frente ao histórico de superlotação do maior hospital de urgência e emergências do Estado. No outro corredor, poucas internações improvisadas. A mudança foi possível por meio de uma ação, à primeira vista simples: organizar quem entra e fica na unidade. A regulação é feita pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Metropolitano, em parceria com a direção do Hospital e da Coordenadoria de Hospitais (Cohur).

Aldair DantasO corredor, onde antes ficavam as macas com os pacientes à espera de atendimento de traumato-ortopedia, está praticamente vazioO corredor, onde antes ficavam as macas com os pacientes à espera de atendimento de traumato-ortopedia, está praticamente vazio

 Em três dias de ação, a redução é significativa: 50% a menos. Para ter ideia, na segunda-feira, dia 13, quando foi iniciada a ação foram atendidos 303 pacientes - dentro da média de 350 atendimentos/dia - e 93 macas estavam ocupadas, contando com as de ambulância e do Samu que ficavam presas. Na tarde de ontem, até às 16h, foram 138 atendimentos gerais. Outros 31 pacientes aguardava a liberação de leitos internos ou na rede conveniada para ser transferidos. Na emergência clínica, 17 pacientes entubados e com ventilação mecânica esperavam por leitos de UTI.

Os 280 leitos gerais do HWG continuam ocupados. "É uma redução importante, sobretudo por se tratar de excedente. Só não é total devido a escassez de leitos na rede SUS conveniada e dificuldades de contratação das particulares", observa a diretora médica do HWG Lucineide Pereira.

O trabalho, explica o coordenador Estadual das Urgências e Emergências (Samu Metropolitano) Luiz Roberto Fonseca, consiste na classificação de risco, após anamnese (entrevista e avaliação de sintomas) feita por dois médicos do Samu Metropolitano, bem como no referenciamento dos pacientes para os locais adequados, de acordo com a gravidade do caso.Somente os casos graves de urgência e emergência são atendidos no Hospital.

O serviço de classificação já existia "de forma precária", segundo o coordenador, e os servidores da classificação estão na prática sendo capacitados pelos médicos do Samu "para que o trabalho continue quando voltarmos às ruas", acrescenta Luiz Roberto. A regulação na porta feita pelo Samu será realizada até o final deste mês.

O coordenador estima  por dia o encaminhamento de 90 a 120 casos de baixa e média complexidade para a rede básica ou pronto-atendimentos do município. 

A liberação dos corredores contou ainda com a antecipação de exames clínicos e de imagem. Boa parte dos pacientes internados em macas, explica Ednice Souza do Cohur,  dependiam de exames, alguns agendados para até 30 dias, para fechar diagnóstico ou dar outros encaminhamentos. "Conseguimos resolver em 24 horas, num esforço conjunto", afirma. Os pacientes em condição de internação domiciliar também foram removidos e serão acompanhados em casa, por equipes do PSF.

O secretário estadual de saúde pública Domício Arruda admite que o conjunto de ações para agilizar a rotatividade dos leitos poderiam ter sido adotadas antes. "Foram feitas diversas tentativas para organização do fluxo". O novo modelo, explica o secretário, obedece determinação do Ministério da Saúde, que identificou, como afirma Arruda "ser a regulação dos leitos o problema de maior urgência no hospital", conta Domício Arruda.

Entre 17 e 20 de janeiro, o HWG foi visitado por técnicos do Ministério da Saúde, para inserção do hospital na rede SOS Emergência. O programa prevê a criação de 100 leitos de retaguarda e 25 de UTI.

Samu Natal decide não integrar ação

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Natal não integra o projeto da Regulação Ativa das Emergências Médicas no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), como era previsto na parceria entre as secretarias de saúde municipal e estadual. A não participação é alvo de crítica de gestores e profissionais de saúde. "Ficamos frustrados com a postura de ficar de fora desse processo", lamenta o secretário Domício Arruda, que revela haver discussões sobre a unificação dos dois Serviços (Natal e Metropolitano). Com a entrada das ambulâncias do Samu Natal alguns procedimentos de deslocamento poderiam ser agilizados, segundo a diretora do Cohur, Ednice Souza.

A regulação, lembra Luiz Roberto Fonseca, do Samu Metropolitano, acaba beneficiando o Samu Natal, por acelerar o tempo de resposta dos atendimentos. "Não há mais o problema de macas presas". Entretanto, o coordenador geral do Samu Natal Edilson Pinto é enfático ao dizer que "não há recusa ao projeto, só aguardamos que as condições para participação sejam cumpridas". Ele explica que dois pontos essenciais para "continuidade do processo (de regulação) e moralização das escalas médicas" permanecem indefinidas pela Sesap. 

O primeiro é a definição de servidores do HWG para equipe de classificação de risco e regulação, como também a publicação em Diário Oficial das escalas médicas nas unidades de saúde. Sem esses ajustes, explica Edilson Pinto, o trabalho feito hoje incorre "no perigo de ser desfeito com a saída do Samu da porta de entrada" do Hospital.

Blitze reduzem em 50% atendimentos por acidentes 

As
blitzen da Lei Seca realizada nos últimos dias em grandes concentrações
e eventos  resultaram na redução em cerca de 50% dos casos de 
politraumatismo por acidente de trânsito no Hospital Walfredo Gurgel, 
sobretudo nos finais de semana. Desde 22 de dezembro quando as operações
foram iniciadas, segundo dados do Comando da Polícia Rodoviária 
Estadual (CPRE), 513 carteiras de habilitações foram recolhidas e 115 
pessoas autuadas em flagrante por dirigir embriagado. A cada blitz são 
mobilizados 30 policiais munidos do mesmo número de bafômetros. O CPRE 
dispõe de 126 equipamentos para ação em todo Estado, sendo 80 em Natal.

Para
o coordenador geral do Samu Metropolitano Luiz Roberto Fonseca o 
desempenho pode ser medido na queda de 60% dos chamados de socorro 
durante as operações. No final de semana do dia 4 de fevereiro, seguinte
a primeira grande blitz na saída de um show, na praia de Pirangi - cuja
ação policial gerou grandes congestionamento e polêmica nas redes 
sociais - o Samu Metropolitano, não registrou  ocorrência de trânsito. 
"É um mudança de comportamento devido as blitz. A consciência de uma 
fiscalização mais forte, reduz os acidentes e óbitos no trânsito", 
enfatiza o coordenador Luiz Roberto.

Embora os números sejam 
expressivos, o congestionamento gerado pelo modo como as blitzen foram 
realizadas - parando um a um dos veículos - é questionada pela 
população. A farmacêutica Michela Moares acredita que a ação policial, 
na saída do show em Pirangi, poderia ter sido melhor organizada, mas 
considera  que "a redução de acidentes prevalecer sobre o incômodo e 
espera".

O agrônomo Sérgio Augusto Pinheiro, 29 anos, lamentou 
ficar preso mais de uma hora o engarrafamento após o jogo do ABC, no 
Frasqueirão, na última quarta-feira. "A blitz foi feita em local onde 
não é permitida a venda de bebidas alcoólicas. E parando todo mundo. 
Quem não bebe sai prejudicado, perde tempo", disse.

Nesta 
operação, 73 carteiras de habilitação foram apreendidas e 20 condutores 
conduzidos a delegacia, por flagrante, conta o comandante do CPRE, 
coronel Francisco Canindé de Freitas. 

O comandante explica que a
intervenção por amostragem (abordar apenas alguns dos condutores) não 
traz os resultados esperados: ainda era baixo o número de flagrantes e 
apreensões. E diz ser  tendência continuar com as blitzen totalitárias. 

O
tempo gasto nos engarrafamentos, rebate coronel Freitas, é compensado 
pela segurança e mudança de hábitos dos condutores. "A adequação ao 
rigor da Lei Seca será não só de condutores, como também da fiscalização
que passarão por ajustes para amenizar transtornos a população". 

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