Justiça detalha como funcionava esquema de fraudes em licitações na SMS

Justiça detalha como funcionava o esquema de fraudes em licitações na SMS 

O Tribunal de Justiça do RN detalhou como funcionava o esquema de contratação de supostas organizações sociais pelo Município de Natal, com atuação na área da saúde pública, investigado pela Operação Assepsia, deflagrada nesta quarta-feira (27). Apesar do processo correr em segredo de Justiça, o TJRN explicou que a ação funcionava em seis etapas. 
São investigadas as contratações do Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (IPAS), entidade que primeiro administrou a UPA do bairro de Pajuçara, do Instituto de Tecnologia, Capacitação e Integração Social (ITCI), contratado para gerir o Projeto Natal contra a Dengue, e também da Associação Marca para Promoção de Serviços, atualmente responsável pelos contratos de gestão da UPA Pajuçara e dos Ambulatórios Médicos Especializados (AMES) mantidos pelo município de Natal.

Confira como funcionava o esquema:


Em linhas gerais, a primeira etapa da atuação criminosa acontecia quando os investigados que ocupavam funções públicas na Secretaria Municipal de Saúde, aliados a outros agentes públicos que nem mesmo ocupavam cargo ou função na SMS, movidos por interesses eminentemente privados, procuravam ou eram procurados por dirigentes de empresas privadas, e, em comum acordo de interesses privados, acordavam que referidas empresas iriam se qualificar junto ao Município de Natal como Organizações Sociais, sem finalidades lucrativas, para, em, seguida, firmar com o Poder Público contrato para gestão de unidades de saúde ou programas de saúde, sob remuneração milionária dos cofres públicos municipais.

Na segunda etapa do percurso criminoso, os gestores da Secretaria de Saúde, decidiam qualificar tais empresas como Organizações Sociais, passando tais empresas a serem tidas, ao menos formalmente, por verdadeiras Organizações Sociais, quando, em verdade, longe estavam de satisfazer os requisitos para a obtenção de tal rótulo.

Na terceira etapa, mediante fraude nos procedimentos licitatórios ou mediante indevida dispensa de licitação, o Município de Natal, por meio da Secretaria de Saúde, celebrava formalmente com tais “Organizações Sociais” contratos milionários de gestão de unidades de saúde, de acordo com o que já havia sido acordado e definido desde antes da qualificação de tais empresas como Organizações Sociais.

Na quarta etapa ocorriam os repasses do Poder Público às tais empresas, repasses esses muitas vezes feitos de maneira adiantada a qualquer contraprestação de serviço. Na quinta etapa, as Organizações Sociais apresentavam à Secretaria de Saúde um simulacro de prestação de contas, de maneira a justificar o recebimento das verbas públicas, na qual estavam inseridas notas fiscais “frias” e em valores superfaturados, além de notas referentes a serviços tomados pelas Organizações Sociais de empresas de fachada pertencentes, ora aos próprios dirigentes dessas Organizações ou a seus familiares e amigos próximos, ora aos parentes e amigos dos gestores da Secretaria de Saúde de Natal, a quem por vezes a verba pública revertia diretamente ou por meio de benesses.

A sexta e última etapa do esquema consistia, à luz dos elementos que até aqui contam dos autos, na aprovação das fajutas prestações de contas das Organizações Sociais pelos investigados que compunham o núcleo diretor da Secretaria Municipal de Saúde, dando aparência de legalidade a todo o procedimento, fase essa de extrema importância para a manutenção e perpetuação do suposto esquema criminoso. 
doDN

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