O futuro do planeta Terra

É bom saber - SARA VASCONCELOS -sara@tribunadonorte.com.br

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, discutiu na última semana um conjunto de metas para conciliar, nas próximas décadas, o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente. A conferência, realizada no Rio de Janeiro, teve participação de chefes de Estado, diplomatas, empresários e integrantes da sociedade civil (ONGs, universidades etc.). O nome é uma homenagem aos 20 anos de realização da Rio-92 (ou Eco-92). A Rio+20 aprovou, ao final dos debates, um documento que reafirma os compromissos estabelecidos em protocolos como a Agenda 21, mas que não agradou aos especialistas.

Há décadas cientistas alertam para os efeitos da poluição e o esgotamento de recursos naturais, como a água doce. Num futuro próximo, mudanças drásticas no clima poderão levar à extinção de um terço de todas as espécies conhecidas no planeta. Em 2050, a população mundial, atualmente de 7 bilhões, chegará a marca de 9 bilhões, fazendo com que a produção de alimentos tenha um salto de 70%. Hoje, quase um bilhão de pessoas passam fome todos os dias.

O principal debate girou em torno da chamada economia verde, que levantou o desafio: como promover o desenvolvimento da economia (e, assim, reduzir os índices de exclusão social) sem agredir a natureza? Isso demanda novos modos de produção que substituam o modelo atual, baseado em petróleo. 

A economia verde é aquela baseada na baixa emissão de gás carbônico e no uso mais inteligente dos recursos naturais. A proposta é conservar os avanços científicos e econômicos do capitalismo e, ao mesmo tempo, empregar estratégias que reduzam os impactos ambientais.

Na prática, isso consiste em mudança de hábitos: nas cidades, economizar energia e reciclar o lixo; nos campos, harmonizar interesses da agropecuária com a preservação de florestas; nas indústrias, investir em energias alternativas, como a solar e a eólica.

Para isso é preciso o comprometimento também dos governos. Como fazer, por exemplo, que um pecuarista deixe de desmatar uma floresta para alimentar seu rebanho? É necessário regulamentação e fiscalização do setor.

Na conjuntura mundial, promover tais mudanças é ainda mais difícil. E é essa a principal herança do evento, que abordou a estrutura institucional sobre a organização entre países para que cumpram leis, acordos e protocolos da economia verde.

Uma das propostas mais polêmicas, nesse sentido, é a criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente, ou seja, uma ONU para assuntos ambientais.

Apesar de haver um consenso sobre a necessidade da conservação dos ecossistemas, não é uma tarefa tão simples convencer países ricos a refrearem suas economias. Ainda mais em um contexto de recessão pós-crise econômica de 2008.

De 200 parágrafos do acordo, dois terços estão em aberto. A pauta extensa para poucos dias de debates resultou em documento de 48 páginas.

Um exemplo de desacordo é aquele que envolve os Estados Unidos e a China. Essas potências econômicas são também as sociedades mais consumidoras e poluidoras do planeta. Desse modo, a efetivação das políticas de desenvolvimento sustentável depende da participação de americanos e chineses.

Só que, em razão da competição entre ambas as nações, o acordo torna-se difícil: a China é resistente a qualquer medida que retarde seu crescimento, e os Estados Unidos, por sua vez, rechaça qualquer proposta que favoreça o adversário comercial.

O Brasil se destaca nas questões de desenvolvimento sustentável, pois possui energia limpa em abundância, a maior reserva de água potável do planeta e campos férteis. A redução das taxas de desmatamento da Amazônia e dos índices de pobreza são pontos favoráveis, mas medidas como o estímulo à indústria automotiva e a euforia com a exploração da camada pré-sal estão na contramão da agenda da Rio+20.

Saiba mais
-  A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começou no dia 13 de junho no Rio de Janeiro. O evento, que terminou no dia 22 de junho, reuniu líderes mundiais para discutir medidas que promovam o progresso aliado à preservação do meio ambiente nas próximas décadas e em todos os continentes.

-  O evento marca os 20 anos da realização da Rio-92 (ou Eco-92). Os dois principais temas em debate são: economia verde e cooperação global. Economia verde é um modelo de crescimento econômico baseado na baixa emissão de carbono e no uso inteligente dos recursos naturais. Isso depende, por sua vez, de uma organização entre os países para garantir que os protocolos sejam seguidos por todos os governos.

-  O desafio da conferência é fazer com que países como Estados Unidos e China, as duas maiores economias do planeta - e também os dois maiores poluidores do ar - convirjam em seus interesses para assumir os compromissos estabelecidos pela cúpula. Espera-se que os países cumpram as metas estabelecidas para reduzir a emissão de poluentes. 

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