Júnior SantosDe acordo com o setor, o valor pago no programa não é suficiente para cobrir os custos de produção
Os aumentos têm sido tratados pelo governo como tentativas de estimular o setor em período de seca e de custos elevados, mas, principalmente, como uma investida para tentar chamar de volta ao programa fornecedores que têm procurado outros mercados, em busca de remuneração maior. Mas não tem havido acordo entre as partes. E em meio ao embate está a população, que já não recebe com a mesma frequência o leite distribuído de forma gratuita.
Dados fornecidos por representantes das usinas - e não contestados pelo governo - indicam que a oferta de leite no programa caiu para menos da metade, de 155 mil litros/dia para cerca de 70 mil litros.
Insatisfeitos com o reajuste no preço que o governo paga para comprar o produto e distribuir, produtores e representantes da indústria de laticínios afirmaram ontem que, se o Estado passar a importar leite em pó para garantir o abastecimento do programa, uma possibilidade com que vem acenando - o custo disso chegaria, depois que ocorresse a diluição do produto, praticamente ao mesmo valor que pedem como remuneração do litro: R$ 1,10. A estimativa considera que o leite seria importado de destinos como Austrália e Nova Zelândia, segundo os agropecuaristas. A cadeia produtiva do leite reiterou que, apesar dos aumentos, o preço atual não sustenta o Programa.
"A continuar o valor proposto pelo governo, de R$ 0,93 pelo litro de leite, os produtores continuarão trabalhando no vermelho, porque o reajuste não cobre os custos", disse o vice-presidente da Associação Norte-Riograndense de Criadores, Antonio Téofilo. Já o vice-presidente do Sindicato dos Laticínios, Francisco Belarmino, reforçou que devido a "crise" na atividade, pelo menos seis usinas fecharam as suas portas. Ele afirmou que 22 ainda estão entregando leite ao governo, mas a maioria está funcionando com dificuldades.
O entendimento dos produtores é que o governo só está olhando uma ponta do Programa, que é o lado social, mas está deixando de avaliar a outra ponta, que é a geração de emprego e renda na região semiárida do Rio Grande do Norte.
O que diz o governo
Ontem, por meio da assessoria de imprensa, o governo disse que a possibilidade de importação ainda está em estudo e que não está definido de onde viria o leite nem quanto custaria o produto. A importação, afirma, seria uma alternativa para o caso de a crise no setor perdurar e de não haver normalização da oferta de leite no programa. O leite seria distribuído em pó. Não seria diluído, afirmou ainda. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE na última quarta-feira, o diretor da Emater - que administra o programa do Leite - Ronaldo Cruz, disse que a compra de leite em pó seria algo "emergencial" e que, apesar do descontentamento do setor, o Governo não tem como dar um reajuste maior que o que está oferecendo. "O Estado não tem como pagar o preço de mercado, mas podemos pagar um preço justo. Não é o ideal, mas é o esforço que o Governo pode fazer no momento. Nós já pagamos um valor maior que a média praticada no Nordeste", disse na ocasião.
do TN
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