O veredicto das urnas


Madison (AE) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu rival republicano Mitt Romney percorreram ontem mais uma série de Estados antes das eleições presidenciais de amanhã, quando também manterão uma agenda de campanha no dia do sufrágio. Romney, por exemplo, planeja votar nesta terça-feira com a esposa Ann em Belmont, Estado de Massachusetts, mas também visitará os Estados da Ohio e Pensilvânia - o último um Estado que tradicionalmente vota nos democratas, mas onde o republicano ainda espera vencer. Já Obama, que votou antecipado em Chicago, fez ontem um comício no Estado de Wisconsin, onde teve o apoio da estrela do rock Bruce Springsteen. A estrela viajou com Obama no avião presidencial Air Force One e abriu nesta segunda-feira comícios do presidente em Wisconsin, Ohio e Iowa.
Harles DharapakNa véspera da eleição mais disputada dos últimos tempos, os candidatos Barack Obama e Mitt Romney fazem maratona de viagens na tentativa de conquistar votos nos estados considerados indecisos. Eleição será hoje, mas resultado só será divulgado no dia 17 de dezembro
Na véspera da eleição mais disputada dos últimos tempos, os candidatos Barack Obama e Mitt Romney fazem maratona de viagens na tentativa de conquistar votos nos estados considerados indecisos. Eleição será hoje, mas resultado só será divulgado no dia 17 de dezembro

Ontem, o foco dos dois candidatos estava nos Estados do Colorado, Flórida, Ohio, New Hampshire, Virginia e Wisconsin - juntos, esses Estados significam 83 votos dos 538 do Colégio Eleitoral, que é quem efetivamente elege o presidente norte-americano. Nova York e Nova Jersey, mais atingidos pela supertempestade Sandy na semana passada, são vistos como fortemente democratas e por isso nenhum dos dois foi visitado hoje pelos candidatos.

Uma projeção da Associated Press para os votos no Colégio Eleitoral dava como garantidos 249 votos para Obama e 206 para Romney, deixando 83 votos em disputa nos Estados de Colorado, Flórida, Ohio, New Hampshire, Virgínia e Wisconsin. Nos EUA, vence a eleição presidencial o candidato que obtiver 270 votos no Colégio Eleitoral.

Assessores democratas disseram que o presidente e Springsteen discutiram no Air Force One temas como os esforços para a recuperação dos Estados de Nova York e Nova Jersey, atingidos na semana passada pela supertempestade Sandy. Springsteen brincou no Wisconsin que embora esteja "orgulhoso" de apoiar Obama pela segunda vez, "aquele primeiro debate realmente me assustou". O cantor apoiou Obama em 2008 e se referiu ao primeiro debate de Obama com Romney, em 3 de outubro, vencido pelo republicano. Pesquisa indicam que o presidente venceu os outros dois debates.

Romney começou a segunda-feira com um comício no Estado da Flórida. "Nós ainda temos um trabalho a fazer e esse trabalho é convencer as pessoas a votarem", disse Romney. A multidão respondeu "Mais um dia". O republicano ressaltou novamente sua experiência de empresário e afirmou que Obama, caso reeleito, aumentará os impostos. "O presidente pensa que mais governo é a resposta. Eu digo que mais empregos são a resposta", afirmou o republicano.

Obama argumentou que as propostas de Romney - nenhum aumento de impostos para os mais ricos e menos regulamentação para o mercado financeiro - equivalem a "políticas que vão esmagar a nossa economia".

A pesquisa final feita pelo jornal The Wall Street Journal e pela emissora de televisão NBC, publicada domingo, mostrou Obama com 48% das intenções de voto, enquanto Romney estava com 47%. A pesquisa tem margem de erro de 2,55 pontos porcentuais e por isso os dois estão em empate técnico no voto popular - que elege os 538 delegados do Colégio Eleitoral que efetivamente escolhem o presidente. O resultado final será divulgado no dia 17 de dezembro. 

Colégio eleitoral é quem define vencedor

Ricardo Gozzi - Agência Estado

São Paulo (AE) - A cada quatro anos, sempre que os Estados Unidos realizam eleições para presidente, uma expressão é repetida com frequência pelos principais candidatos e pelos participantes de suas campanhas para estimular o eleitorado: "Todo voto conta". Para a contagem geral dos votos, a declaração é verdadeira; para o desfecho da eleição, nem sempre. Isto porque a eleição nos EUA não é direta. Considerado confuso por muitos e criticado por alguns especialistas, o sistema de eleição por meio do Colégio Eleitoral nos EUA será posto à prova novamente hoje. Para ser declarado presidente do país, é preciso que o candidato conquiste a maioria entre os 538 membros do Colégio Eleitoral, sem que necessariamente tenha sido o vencedor no voto popular.

O presidente Barack Obama, do Partido Democrata, e o adversário Mitt Romney, do Partido Republicano, lutam para chegar ao "número mágico" de 270 delegados no Colégio, que garante a presidência. Na disputa deste ano, ainda que Barack Obama e Mitt Romney apareçam empatados nas pesquisas, o democrata desponta nas projeções do site Huffington Post com 277 votos no Colégio Eleitoral e, por isso, mantém o favoritismo na disputa pela Casa Branca.

A divisão dos delegados e dos distritos eleitorais por eles representados é feita proporcionalmente à população dos Estados. Um Estado populoso como a Califórnia tem 55 delegados, enquanto Estados com população menor, como Vermont e Delaware, têm apenas três. Esses números são recalculados de acordo com o Censo, realizado a cada dez anos nos EUA.

Uma importante regra é que, na maioria dos Estados, o vencedor no voto popular leva todos os votos correspondentes àquele Estado. Isso significa que, se um candidato vence com 50,1% ou com 99% dos votos, ele terá os mesmos 100% dos delegados. As únicas exceções a essa fórmula são Maine e Nebraska, onde os votos dos delegados são distribuídos de acordo com o número de distritos em que um candidato tiver obtido a maioria dos votos.

Em alguns Estados, há clara vantagem para uma das duas principais forças políticas norte-americanas: os partidos Democrata e Republicano. Mas em outros - os chamados "swing states" - não há um padrão claro. Críticos do sistema observam que essa "infidelidade" dos eleitores dos "swing states" muitas vezes faz com que seu voto seja mais importante do que o dos demais para o desfecho da eleição, além de fazer com que os principais candidatos empenhem mais tempo e recursos no cortejo a esses eleitores.

O aspecto mais polêmico é a possibilidade de o resultado do Colégio Eleitoral, dependente do peso de cada Estado na disputa, não corresponder à vontade da maioria do eleitorado. Nos anos de 1876, 1888 e 2000, o favorito da população como um todo não foi aquele que o sistema eleitoral colocou na Casa Branca.

Em 2000, a Suprema Corte determinou que a recontagem no Estado da Flórida fosse interrompida, o que resultou na vitória do republicano George W. Bush sobre o democrata Al Gore no Colégio Eleitoral, apesar de o democrata ter conseguido meio milhão de votos a mais que o adversário na votação popular.

Já em 1824, havia divisão política e nenhum dos candidatos conseguiu o número necessário para vencer no Colégio Eleitoral. Nesse caso, a Câmara dos Representantes determina o vencedor. Naquela ocasião foi escolhido o secretário de Estado John Adams, e não o preferido dos eleitores, o senador Andrew Jackson. Em tese, um delegado pode ignorar o voto dos eleitores de seu distrito e escolher o candidato que quiser no dia em que o Colégio Eleitoral for reunido. No entanto, isso acontece raramente e considera-se improvável qualquer alteração no resultado final por causa desse fator.

Obama pode ser presidente 'biônico'

São Paulo (AE) - O resultado da eleição presidencial deste ano nos Estados Unidos pode reviver o cenário ocorrido no ano 2000, quando o então candidato republicano George W. Bush perdeu para o democrata Al Gore no voto popular, mas levou a disputa no Colégio Eleitoral. Nos EUA, quem decide a eleição é o Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados. Cada Estado corresponde a um número determinado de delegados conforme o tamanho de sua população. A Califórnia, por exemplo, tem 55 delegados. Quem vencer a eleição no Estado, leva todos os 55 votos. O presidente é eleito ao conseguir 270 delegados. Portanto, como os Estados têm um número diferente de delegados, um candidato com maior número de votos populares pode não ser eleito, que foi o que aconteceu há 12 anos.

Alguns Estados tendem para os democratas e outros, para os republicanos. De acordo com as projeções, Obama já conta 201 delegados contra 191 de Romney. No entanto, há Estados que não têm preferência democrata ou republicana, os chamados "swing states", em que estão em jogo os demais 146 delegados. Os principais são Flórida (29 delegados), Ohio (18), Virgínia (13), Wisconsin (10), Colorado (9) e New Hampshire (4).

Por isso, o presidente Barack Obama e seu rival republicano, Mitt Romney, empenham esforços finais na busca dos eleitores desses Estados. Ontem, Obama esteve no Wisconsin e Iowa, enquanto Romney visitou  Flórida, Virgínia e New Hampshire. Ambos, porém, encerraram a campanha em Columbus, a capital de Ohio, considerado o prêmio principal entre os "swing states", já que quem venceu Ohio nas últimas 12 eleições foi o eleito para a Casa Branca.

Voto antecipado provoca filas e confusão

Miami (AE) - O Partido Democrata da Flórida moveu uma ação na Justiça Federal norte-americana devido às dificuldades encontradas pelos eleitores do Estado para registrar o voto antecipado. Muitos cidadãos do sul da Flórida não conseguiram votar mesmo depois de enfrentar longas horas nas filas. No domingo, os eleitores do Condado de Miami-Dade foram avisados que poderiam realizar o voto antecipado se o registrassem pessoalmente. No entanto, depois de aberto por quase uma hora, o escritório do Condado teve as portas fechadas sob a alegação de que os funcionários estavam sobrecarregados de trabalho com a participação inesperada. Cerca de 200 pessoas que esperavam para votar se manifestaram em frente ao escritório do governo. "Queremos votar!", gritavam.

O problema aconteceu porque as autoridades no Condado de Miami-Dade haviam anunciado que os eleitores poderiam registrar o voto antecipado no domingo entre as 13h e as 17h (horário local). Contudo, a realização do voto antecipado estaria proibida desde o ano passado, conforme uma lei sancionada pelo republicano Rick Scott, governador da Flórida. 

Em geral, os democratas preferem realizar o voto antecipado. Por essa razão, estão pedindo na Justiça Federal que sejam considerados os votos contabilizados em três condados da Flórida: Miami-Dade, Palm Beach e Broward. 

Independentes podem ter até 14% dos votos

Washington (AE) - Na véspera do pleito, as pesquisas de intenção de voto mostravam que a eleição será decidida dentro da margem de erro. Essa situação aumenta a importância dos eleitores independentes para o desfecho da votação. Estima-se que os independentes representarão 14% do eleitorado na votação de amanhã. São considerados independentes os eleitores que não se declaram nem democratas nem republicanos.

Apesar da situação de empate técnico nas pesquisas nacionais, o presidente Barack Obama aparece à frente de Mitt Romney nos chamados "swing states", Estados que não têm tradição de votar sempre nos democratas ou nos republicanos. Ao mesmo tempo, Romney aparece à frente de Obama na preferência dos eleitores independentes.

A campanha de Romney aposta no voto dessa fatia do eleitorado para que o candidato republicano chegue à Casa Branca. Segundo uma pesquisa NBC/Wall Street Journal, Romney tem a preferência de 47% dos independentes, enquanto 40% deles afirmam preferir Obama.

O pesquisador republicano Bill McInturff considera que essa proporção deveria acender um sinal de alerta na campanha de Obama. Segundo o pesquisador democrata Peter Hart, Obama precisará contar com um elevado índice de comparecimento entre os eleitores de seu partido para que essa desvantagem não o prejudique.
Fonte: TN Online

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