Globo Repórter refaz os caminhos de Jesus Cristo na Terra Santa


O Globo Repórter chegou a Israel, um país novo em um dos lugares mais antigos do planeta. Jerusalém: o centro espiritual do mundo. Ao todo, 800 mil habitantes, três mil anos de existência. Uma cidade de muitas faces, uma delas a do progresso.
Pressa, trânsito. Opostos, misturas, variedade. A disputa diária pelas ruas e pelo horizonte. Igrejas, templos e mesquitas se misturam com indústrias de software e bairros erguidos a toque de caixa. O lugar preferido dos religiosos ortodoxos tem tudo que os jovens procuram, para viver sintonizados no século 21.
Ao longo de milhares de anos, Jerusalém tem sido reconhecida como um ponto geográfico de encontro entre o homem e Deus. Por trás das muralhas da cidade antiga estão locais sagrados de três das mais importantes religiões do mundo.
Mas afinal, que lugares são esses? Por que são tão adorados? A aventura do programa pela cidade santa começa agora. O Globo Repórter vai em busca das respostas.
Para os judeus o muro das lamentações é o lugar mais sagrado do mundo. Os imensos blocos de pedra são o que restou do templo dos judeus destruído pelo imperador romano Tito no ano 70 d.C. O muro e a praça, em frente a ele, vivem tomados de peregrinos. Para os judeus, lá está o coração de Jerusalém.
Ocupando quase o mesmo espaço, o tesouro dos muçulmanos reluz no horizonte. Difícil não notar: a cúpula da rocha atrai os olhos de qualquer um que chega lá.
O santuário foi construído ha 1,3 mil anos para ser um dos primeiros e, ao mesmo tempo, o mais magnífico símbolo do Islamismo na terra. A rotunda feita de cobre ganhou cobertura de 80 quilos de folhas de ouro. Sobre ela, a lua crescente: o ícone do Islã.
A construção se sustenta sobre uma peça geométrica de oito lados e cobre a rocha onde, segundo a tradição, Abraão tentou sacrificar Isaac, mas foi impedido por um anjo.
Depois de Meca e Medina, este é o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos. Daqui Maomé teria feito a viagem noturna ao céu, por uma escada milagrosa, que representa os vários degraus de união com Deus.
O comerciante Mohamad, que significa Maomé em árabe, tem muito orgulho de ter nascido lá. Ele reza cinco vezes ao dia e acha que ser muçulmano em Jerusalém, é uma benção.
Ao todo, 40% dos moradores são seguidores do Islã. Mas nas noites de sábado, a voz de Jerusalém vem das mesquitas, pelo menos por meia hora.
A equipe do Globo Repórter deixa Jerusalém e vai em busca do legado cristão. Segue oito quilômetros ao sul pelas montanhas da Judéia, até Belém. A cidade que, segundo os evangelhos, tudo começou.
No caminho está uma das muitas fronteiras com a Autoridade Nacional Palestina. O enclave é fortemente vigiado e isolado por cercas e muros, erguidos por Israel.
Constituída em 1993, a Autoridade Nacional Palestina administra a Faixa de Gaza e outras quinze províncias espalhadas pela Cisjordânia.
No caminho para Belém, a rodovia se fecha num funil sem saída para os lados.Tudo em nome da segurança.
As marcas de tensão desaparecem na cidade natal de Jesus.
A praça da manjedoura marca o centro, dos oito quarteirões da Belém antiga, chamada lá de Bethlehem: a cidade do pão.
O turismo responde por mais da metade da economia, temperada nos mercados, pelos tabuleiros de especiarias orientais.
O palestino Nidhal nos leva até o ponto principal, a Basílica da Natividade. Considerada a primeira igreja cristã do mundo, a natividade se apresenta com um teste, a porta da humildade obriga o visitante a se abaixar. No interior, um ambiente que atravessou os séculos.
A primeira igreja foi construída em 326 por Constantino, que tornou o Cristianismo, a religião oficial do Império Romano.
Alçapões revelam mosaicos do piso original de 1,7 mil anos. Mas não são as pedras, nem as colunas, nem o teto. Paro os fiéis, especial é a emoção de se aproximar da gruta, apontada pelos estudiosos, como o local do nascimento de Jesus.
A equipe chegou num momento de celebração. Lá ficaria a estalagem onde, ao fundo, Maria deu a luz: o menino. O local exato da manjedoura e até mesmo a data, ainda são discutidos. Certo é que, o nascimento marca o evento mais importante do calendário e, até hoje, inspira as festas natalinas em todo mundo ocidental.
De volta para Jerusalém, a mesma dúvida paira sobre os pontos da via sacra.
A equipe do programa seguiu a certeza de que foi lá, no interior destas muralhas que aconteceu a Paixão de Cristo.
As ruas são barulhentas e dominadas pelo comércio, mesmo assim, parece impossível pisar nas pedras e não lembrar que Jesus andou por lá, e pra quem cresceu ouvindo estórias do Evangelho, que é o caso da maioria das pessoas do ocidente, mesmo pra quem não é religioso, a sensação é de refazer um caminho de alguém muito próximo da gente.
Via Dolorosa: as 14 estações que contam os últimos momentos da vida de Cristo. O trajeto é baseado mais na tradição do que em evidências.
"Certeza, certeza, a gente não tem. Mas a gente sabe que tudo aconteceu. Que ele caminhou por essas ruas, que foi aqui que ele foi sepultado", ressaltou o frei Anísio de Oliveira Filho, franciscano.
A primeira das estações está onde hoje funciona uma escola muçulmana. Foi apontada na Idade Média, pela crença de que lá, ficava a fortaleza romana onde Jesus teria sido julgado e condenado, logo depois da prisão no Jardim de Getsêmani, no Monte das Oliveiras, até hoje ornamentado por algumas delas.
A cada passo uma lembrança.
O arco "ecce homo", que significa: eis o homem, foi onde Pilatos apresentou Jesus a multidão no dia do julgamento.
A poucos metros, a segunda estação em frente ao mosteiro da flagelação, lembra quando Jesus levantou a cruz depois de ser açoitado.
O caminho não é claro e se perde na rotina da cidade. Um guia ajuda na localização da terceira estação, onde Jesus cai sob o peso da cruz.
E o relevo da quarta: onde ele encontra a mãe. A dor de Maria está na entrada da igreja, construída sobre um templo dos cavaleiros das cruzadas.
A equipe seguiu e encontrou uma pedra gasta pelo toque. Na quinta estação, os fiéis se comovem com o sofrimento de Jesus, ao apoiar uma das mãos na pedra enquanto a outra segurava a cruz.
Dobra esquina, sobe ladeira, entra em beco, é preciso faro de detetive para encontrar a sequência das estações.
Na hora certa, a ajuda cai do céu, irmã Meire, da Ilha de Malta, nos guia pelo labirinto de vielas.
As últimas cinco estações ficam dentro da igreja do Santo Sepulcro, construída no Monte Golgota ou Calvário.
O lugar onde Jesus foi despido, crucificado, morto e sepultado, também sofreu com os séculos. Depois de ser destruída e reconstruída, ampliada, saqueada e danificada por terremotos, a Basílica é hoje propriedade das igrejas: católica, grega e armênia. Outras quatro, como a russa ortodoxa, tem direitos menores.
Essa convivência, ou confusão, se mostra na variedade dos visitantes, vindos do mundo inteiro.
Uma escada leva à capela do calvário. O altar da crucificação é lugar de prece. Ao lado, é possível ver através do vidro, uma parte da rocha original do Golgota, onde a cruz teria sido fincada.
A pedra da unção é cultuada desde a Idade Média, como local onde o corpo de Jesus foi enrolado em panos, após a morte.
Ao fundo a luz se torna escassa. Andando pela penumbra, se avista uma grande capela escura. Lá está o lugar mais sagrado do cristianismo: o santo sepulcro: o túmulo onde Jesus teria sido sepultado e vencido a morte na ressureição.
Fatos, mistérios, versões. Para os cristãos o que importa é a mensagem de Jesus.
“Amar o Deus e amar o próximo como a si mesmo”, explicou Serge Ruzer, professo da Universidade Hebraica de Jerusalém
O professor Serge Ruzer ressalta que o mandamento do amor foi um dos maiores desafios dos ensinamentos de Jesus. Ele explica que Jesus precisava indicar quais os mandamentos mais importantes, acabou fornecendo a chave para a convivência entre os homens.
Globo Reporter

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