Sensação de insegurança afeta o comércio de rua


Aldair DantasLoja de eletrodomésticos no centro da cidade: portas fechadas antes das 20h, no meio da semana
Loja de eletrodomésticos no centro da cidade: portas fechadas antes das 20h, no meio da semana


Fechar mais tarde para faturar mais. A estratégia é antiga e surte resultados, dizem os comerciantes. A questão é que nem todos têm aderido ao horário estendido para alavancar as vendas neste fim de ano. No centro da cidade, por exemplo, muitas lojas, que poderiam ficar abertas até as 20h, têm fechado as portas até as 18h30. A insegurança, dizem alguns comerciantes, afugenta os clientes e esfria as vendas depois das 18h. 

Raionara Patrícia, responsável por uma loja de roupas, na avenida Princesa Isabel, diz que o estabelecimento fecha as 18h30, independentemente da época do ano. "A loja maior de nossa rede fecha as 19h. Os clientes não vêm depois que anoitece", afirma Raionara. 

Adamires Santos, gerente de uma loja de eletrodomésticos na avenida Rio Branco também fechou mais cedo, na última quarta. As portas foram baixadas antes das 19h30. O aumento do fluxo de clientes ontem, no entanto, fez ele repensar a decisão. "Hoje (ontem) ficaremos abertos até as 20h. O horário de fechamento vai depender do movimento aqui no centro", afirmou. 

Adamires evita responder quanto a empresa paga em hora extra para os funcionários que ficam na loja até mais tarde, mas afirma que as vendas compensam. Para o final do ano, ele espera um crescimento nas vendas de até 15%. A prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para eletros aquece o segmento em que Adamires trabalha. 

A equipe de reportagem visitou o centro da cidade na última quarta e observou que a maioria das lojas já estava fechada antes das 19h. Alguns dos gerentes, no entanto, estavam dispostos a trabalhar até as 20h. Gilvandro Rodrigues, gerente de uma loja de calçados, disse não se preocupar com o fato da loja gerenciada por ele ser uma das poucas a ficarem abertas depois das 18h. "Já virou tradição. Na semana do Natal, inclusive, ficaremos abertos até as 21h", afirmou. 

Gilvandro explicou que boa parte dos clientes que procuram a loja depois do horário comercial ou trabalha ou estuda na região. Este é o caso da administradora Roberta Carla Almeida, 22, que estuda no centro da cidade, e foi até a loja na última quarta-feira, depois da aula. A auxiliar de copa e cozinha Maria Saraiva, 48, até prefere comprar no centro, mas disse não ficar até tarde. 

Para garantir a segurança, a Polícia Militar colocou em prática a operação 'reforço natalino'. Mais 80 policiais, segundo o coronel Alarico Azevedo, responsável pelo policiamento na região metropolitana, reforçarão o policiamento sobretudo nos centros comerciais depois do horário comercial. 

Segundo ele, nenhuma ocorrência havia sido registrada até ontem no centro da cidade. A estatística não reduz a sensação de insegurança de Maria Saraiva. "Não circulo por aqui depois das 18h. Acho perigoso, principalmente nesta época", diz. As lojas, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), são livres para escolher o horário de fechamento.

Nos shoppings, horário estendido é estímulo

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal) prevê que as vendas neste fim de ano sejam até 8% maiores do que as do ano passado. Os shoppings apresentam taxas mais robustas e apostam no horário de funcionamento estendido para atingi-las. A maioria dos empreendimentos ampliou o horário de atendimento ao público e deve ficar aberta até 23h ou meia noite, em alguns casos.

Shopping em Natal: projeção de crescimento com horário estendido
Em razão de fatores como o horário estendido, o Natal Norte Shopping, por exemplo, espera vender 20% a mais do que vendeu em 2011. O Midway Mall, até 15%. 

Para Marcelo Rique, diretor da Associação dos Lojistas do Midway, o fato do shopping ficar aberto até mais tarde no período natalino influencia nos números. O cliente que prefere ir até o shopping depois do horário comercial, segundo Marcelo, tem um poder aquisitivo maior e procura as lojas satélites - menores e com peças mais exclusivas que as megastores e lojas âncoras, como as de departamento. 

Comodidade e segurança são alguns dos fatores apontados por quem prefere comprar nos shoppings. Segundo pesquisa divulgada recentemente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN, 53,4% dos natalenses entrevistados disseram farão as compras de fim de ano neste tipo de estabelecimento. Outros 42,3% citaram o comércio de rua.

Serviço

os horários de funcionamento do comércio neste fim de ano podem ser acessados no site Tribuna do Norte, no seguinte endereço: http://tribunadonorte.com.br/noticia/comercio-de-natal-amplia-horario-de-funcionamento/238
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