João Maria AlvesLonge das escolas e dos serviços essenciais, o jeito é andar a pé, em busca de assistência
A dona de casa Lucineide Lemos matriculou dois dos seus filhos ontem na Escola Zuleide Fernandes. Moradora do Brasil Novo há uma semana, ela já se preocupa com o filho mais velho de 11 anos. Caso ele seja aprovado este ano, Lucineide terá que encontrar uma escola fora da comunidade para matriculá-lo. Segundo a mãe, ele poderá ir para uma escola no Santarém, comunidade de onde a família se mudou recentemente. "Vai ser muito ruim pra ele pegar esse sol quente", avaliou a mãe.
Depois que os estudantes chegam ao 6º ano do ensino fundamental, eles são encaminhados para a Escola Municipal Maria Alexandrina Sampaio no Parque das Dunas. Mas o encaminhamento não é certeza de se conseguir vagas até porque a partir do sétimo ano a prioridade é a renovação da matrícula dos alunos que já estudam na instituição.
A situação é ainda mais grave para os adolescentes do Brasil novo que precisam de uma escola de ensino médio. Caso não encontrem vagas no conjunto Santarém, a única saída são as escolas da zona leste, principalmente Cidade Alta e Alecrim.
Violência preocupa
Um tiro na cabeça do filho desesperou o comerciante Claudionor Araújo da Fonseca. Ele vive há quatro anos no conjunto e já teve seu estabelecimento comercial assaltado duas vezes. "Da primeira vez, eles levaram meu carro e deram uma geral com a arma na mão no comércio", contou.
Foi no segundo assalto, há quase dois anos que o filho foi ferido com um tiro de raspão na cabeça. "Três caras chegaram num carro e um deles entrou. Meu filho estava com a cabeça no meu colo. Na hora que o assaltante falou, o menino levantou e ele disparou de tão nervoso que tava", relembrou. A ambulância foi chamada, mas o comerciante disse que demorou muito. Ele mesmo levou o filho para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Pajuçara. O adolescente, que à época tinha 12 anos, foi transferido em seguida para o Hospital Walfredo Gurgel. Não houve sequelas.
Obviamente a ameça permanente da insegurança não é exclusividade de Claudionor. "Todo dia a gente ouve falar de quem teve o comércio assaltado por aqui", acrescentou. Ainda segundo o comerciante, a polícia só apareceu - muito tempo depois - porque ele tem um familiar na polícia.
Nos casos de atendimento médicos de baixa complexidade, os moradores utilizam a unidade de saúde do Parque dos Coqueiros. "Só dão fichas nas sextas-feiras. E a gente tem que acordar de 3h para conseguir", informou Maria Lenize. A UPA do Pajuçara serve para os casos de média complexidade.
Fonte: TN Online
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