Magnus NascimentoO italiano Mattia Cutrufelli trabalha numa pizzaria e decidiu ficar definitivamente em Natal
O total de investimentos estrangeiros destinados ao RN por "pessoas físicas" também apresentou elevação no período de quatro anos. Os dados do MET revelam que, de 2009 a 2011, os valores investidos ficaram abaixo da casa dos R$ 30 milhões. Em 2009, foram R$ 29.083.900,18 e, em 2011, R$ 27.005.760,54. No último ano, no entanto, a quantia registrou R$ 43.524.409,51.
A crise internacional que atingiu a zona do euro foi fator decisivo para o registro desse movimento que tem Natal como um dos destinados procurados por quem busca dias melhores. É o caso do italiano Mattia Cutrufelli, 24 anos. O cozinheiro conheceu Natal, há cinco anos, na condição de turista. "O que sabia sobre Natal restringia-se às atrações turísticas da cidade. Essas coisas que a gente encontra na internet", explica.
O experiente cozinheiro - ele conta que começou a trabalhar aos 14 anos - passou seis meses na capital potiguar. Voltou para Catânia, cidade localizada na região da Sicília, com o pensamento de retornar para o Brasil. Dois anos depois, em 2011, veio à Natal já procurando emprego. Casou com uma natalense e no fim do ano passado cruzou o oceano Atlântico novamente. Na Europa, o cenário era de extrema dificuldade. "Voltei para lá com a intenção de ficar. Mas não encontrei emprego. A região sempre foi problemática, mas dessa vez estava pior", revela.
A última estada na Itália durou pouco tempo. Mattia decidiu com a esposa que ficariam definitivamente em Natal. O cozinheiro trabalha numa pizzaria e ganha cerca de R$ 2 mil por mês. Valor considerado bom pelo italiano.
Assim como Mattia, outros italianos resolveram desembarcar na cidade. Alguns, trazendo investimento. Giovanna Caterina, seu marido e amigos planejaram bem sua vinda para o Rio Grande do Norte. "Uma pesquisa que fizemos no começo dos anos 90 dizia que Natal era uma cidade promissora para investir. Decidimos apostar. Viemos em 1996, e no ano seguinte já estávamos produzindo", conta. Assim, nasceu a fábrica de queijos artesanais Fior di Latte, com sede em São José do Mipibu. Segundo o MTE, somente ano passado, 60 italianos obtiveram autorização para investir em terreno potiguar.
Chineses escolhem Natal para viver
Eles são fáceis de identificar. Olhos apertados, cabelos negros e um sotaque marcante. Os asiáticos também descobriram a capital do Rio Grande do Norte para investir e morar. Os dados do MTE revelam que, nos dois últimos anos, foram mais de 500 autorizações para investidores da Ásia. Não há números oficiais quanto às áreas de investimento, mas em Natal, é possível encontrar, entre outros, chineses e japoneses com empreendimentos que vão de restaurantes à lojas de produtos variados.
Magnus NascimentoO chinês Liu Dun Jian veio para Natal há seis anos, estimulado por parentes. Investiu no ramo de restaurantes
O chinês Liu Dun Jian, 38 anos, natural da província de Zhejiang, está em Natal, juntamente com a esposa, há seis anos. A vinda para cá foi estimulada por parentes que por aqui já moravam. Na China, Liu era proprietário de um restaurante. Em Natal, o ofício é o mesmo. O estabelecimento localizado na avenida Presidente Bandeira, Alecrim, registra movimento intenso entre 11h e 15h, de segunda à sábado. "A diferença maior que observa é que na China as pessoas trabalham mais e os restaurantes ficam abertos mais tempo. Lá, trabalhava até de noite", conta.
O empresário informa que, assim como ele, outros chineses provenientes da mesma província escolheram Natal para viver. Apesar disso, segundo Liu Jian, não há uma associação dos imigrantes na cidade e eles não se encontram habitualmente. O chinês revela que sente saudades do país de origem, mas não pensa em retornar para a China. "Aqui é bem melhor", resume.
Os europeus também marcam presença com investimentos no RN. Somente ano passado, foram 93 espanhóis que conseguiram autorização para investimento. Apesar do número, o cônsul honorário da Espanha no Estado, Pio Morquecho, afirma que há dificuldade em analisar os dados com relação a presença de espanhóis a trabalho. "Esse número vem aumentando sempre, por vários fatores, entretanto não temos como sabermos as quantidades, pois não é obrigatório a apresentação dos mesmos no Consulado Espanhol", afirma.
Para o aumento de investidores, Pio revela que o ponto favorável é o potencial de crescimento econômico do Estado e a crise no continente europeu. "Sem dúvida, a crise que a Europa enfrenta há alguns anos, principalmente a Espanha, com índices de taxa de desemprego preocupantes e baixo crescimento econômico, têm motivado muito trabalhadores e investidores espanhóis a procurarem oportunidades de negócios em outros países. O Brasil é, no momento, uma ótima opção", conta.
Construção civil, incorporações imobiliárias e setores na área turística e de entretenimento, bem como agricultura, setor pesqueiro, minerais e infraestutura energética são alguns dos setores apontados pelo cônsul onde há presença espanhola no RN.
Fiscalização será ampliada até 2014
O controle da presença de estrangeiros é feita pela Polícia Federal (PF). De acordo com a Delegacia de Polícia de Imigração (Delemig), Polyana Pimenta, o efetivo para realizar o trabalho de fiscalização e investigação do setor é bom, mas é necessário investimento no setor devido à Copa 2014.
Magnus NascimentoDelegada Polyana Pimenta diz que houve aumento significativo de estrangeiros residentes em Natal
A PF é responsável também pelo registro dos vistos. A maioria dos estrangeiros que chega ao RN já vem com o visto do exterior, seja através de embaixada do Brasil no país de origem ou no Ministério do Trabalho e Emprego.
Os números da PF são diferentes do MTE. Em 2010, foram 332 registro de permanentes e 237 temporários. Em 2011, 348 registros de estrangeiros permanentes e 559 registros de temporários. Já em 2012, foram 398 registro de permanentes e 538 registro de estrangeiros temporários. "Houve o aumento do número de estrangeiros registrados, ou seja, residentes em nosso país", comenta a delegada. Nesse quantitativo, estão aqueles que entram como turista e ficam irregulares. Nesses casos, a investigação dos agentes federais é necessária. "Fazemos fiscalização mas eles [os estrangeiros irregulares] não podem ficar muito tempo na clandestinidade porque têm dificuldades práticas. Quem é irregular não pode ter conta em banco, não pode estudar, tirar carteira de trabalho", informa a delegada.
da TN
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