O MEDO DO GOVERNADORÁVEL HENRIQUE ALVES

Foto Publicação do Google.

Por Daniel Menezes da Carta Capital.

Qualquer tentativa de entendimento sobre os passos produzidos pelo deputado federal, um dos líderes do PMDB e presidente da Câmara, Henrique Alves, deve passar, necessariamente, pela compreensão do medo que o dito cujo nutre em relação a um possível enfrentamento com a ex-governadora Wilma de Faria.
Sonhando em atingir o cargo máximo do executivo estadual, o Alves em questão não economizou nas suas inegáveis habilidades no sentido de formar um cenário que lhe fosse mais aprazível. Ora, nada mais racional. Na política, os agentes perseguem seus objetivos a partir da mobilização das ferramentas disponíveis. O pressuposto serve para explicar os passos de Henrique ou os de Amanda Gurgel.
Fortalecido, o PMDB não dormiu no ponto. Foi atrás da rapadura, que é doce e todo mundo gosta. E não existe partido com diabetes.
Mas esta racionalidade não é extremada, não é livre de constrangimentos e das possibilidades postas pelo contexto. Está eivada de crenças, inclusive. E fica evidente, pela movimentação de Henrique, que ele tem medo. Talvez, assombrado por um fantasma do passado, uma oponente de peso que enxerga na já chamada de “guerreira”.
E aí não titubeou. Tratou de tirá-la da disputa, oferecendo a vaga ao senado em sua coligação. E ela que trate de bater a deputada federal Fátima Bezerra (PT). O desafio não seria mais dele.
Em tese, problema resolvido. “Só que não”, como costuma dizer quem habita as redes sociais. Não há nenhuma garantia de que o eleitor irá aceitar uma chapa tão “pesada” quanto essa em que o cenário pós-manifestações produziu um evidente desgaste da figura do denominado, um pouco acriticamente, político tradicional.
Henrique sempre expressou este perfil. E já faz tempo que Wilma de Faria deixou de encarnar aquela que se contrapunha aos “poderosos”. Vide a forma como ela foi escondida da propaganda eleitoral de Carlos Eduardo, durante o segundo turno de 2012, quando compôs a chapa como candidata a vice prefeita e passou a gerar constrangimento para o seu aliado ao ser criticada pelo então oponente no pleito Hermano Morais.
Não está tudo fechado, apesar de alguns jornalistas já fazerem cálculos até inacreditáveis 2022. Mas a possível composição laboratório que circulou na mídia sempre ansiosa – Henrique Alves governador (PMDB), João Maia (PR) Vice e Wilma de Faria (PSB) – poderá enfrentar resistências por parte do eleitor. Isto porque, a combinação entre os perfis não, digamos, empolga.
Henrique Alves expressa segurança, alguém que pode pactuar e liderar um consenso em torno de uma suposta reconstrução do RN. Mas sua figura é rejeitada pela desconfiança para com figuras típicas da profissionalidade da política, fenômeno agravado pelos protestos no Brasil.
João Maia é um candidato de “estrutura”. Com uma inserção mais fortemente regional, carece de carisma e da ideia de que renova o que, na prática, precisa ser alterado.
Já Wilma de Faria tem a segurança como marca. Ao rivalizar com Rosalba e munida de um bom recall aparece aparentemente como uma das peças competitivas do pleito. Daí os bons números apresentados pelas pesquisas (em que pese os dados sobre a sua rejeição convenientemente esquecidos). Agora, será que, com os muitos casos de corrupção e índices negativos em saúde e educação, sobretudo do segundo mandato, aguenta toda a campanha? O que aconteceu em 2012 permite afirmar que não.
Em resumo, a união entre o político profissional (Henrique), o candidato da estrutura (João Maia) e uma Wilma de Faria, que está bem distante da guerreira do passado, é garantia de vitória?
Ao retirar Wilma da principal disputa majoritária, Henrique limpou o caminho. Mas não é possível competir numa longa e sempre disputada eleição totalmente tranquilo. De repente, uma chapa mais leve e vibrante do outro lado pode surpreender. O sonho da eleição risco zero se transformará num grande pesadelo? A conferir.
PREFEITOS, NÃO CORONÉIS
Ter apoio ajuda. Inquestionável. Mas é preciso cuidado, por exemplo, para não fazer uma associação direta entre a quantidade de prefeitos apoiadores e a obtenção da maioria dos votos. Só para ficar nas últimas eleições, Wilma de Faria bateu o forte Garibaldi com poucos gestores municipais endossando a sua candidatura. Rosalba idem.

BLEFE
Dizem que Fernando Bezerra ainda pode ser o candidato dos bacurais. Mas não custa lembrar: conforme a imprensa, ele só saiu de casa para pedir voto quando passou veraneio numa praia do litoral norte e quando foi para fora do Brasil descansar. É uma campanha e tanto.

Pela exaltação daquilo que seriam suas qualidades técnicas que pululam na imprensa verde e na boca de seus apoiadores, deverá ocupar algum espaco de consolação numa possível futura gestão. Afinal, foi o parabrisa do PMDB nesses últimos meses.
PMDB RIFADO
E se Wilma decidir sair para o governo do estado? Eduardo Campos quer um bom palanque. Às vezes, fica a impressão de que o PMDB está na mão de Wilma. E não o contrário.

FÁTIMA, WILMA E AS GRANDES CIDADES

Dizem que no interior só se fala em Wilma. Sem pesquisa é complicado de aceitar esta ou qualquer outra afirmação sem nutrir desconfiança. Porém, já que a especulação é gratuita… vou lançar a minha: se Wilma e Fátima se enfrentarem numa suposta disputa ao senado, Fátima, que tem um perfil mais antenado com o contexto pós-manifestações, ganha – de forma decisiva – em Natal e região metropolitana e em algumas cidades médias do RN.

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