Crianças sofrem com a dengue

Ricardo Araújo
repórter

Os casos notificados de suspeitas de dengue entre crianças cresceu 1.923% entre janeiro e abril deste ano no  Pronto-Socorro Infantil Sandra Celeste, principal unidade municipal de atendimento infantil. Os casos da doença saltaram de 13 em janeiro para 263 no mês passado.  Os números, porém, descarta uma demanda que poderia ser bem maior. De acordo com a diretora da unidade, Telma Pereira, inúmeros pacientes vão embora sem realizar  os procedimentos que confirmam a doença. Os índices, portanto, são subestimados.


Emanuel AmaralWesley Barbosa estava sendo atendido ontem, no Sandra CelesteWesley Barbosa estava sendo atendido ontem, no Sandra Celeste
Nos centros públicos de saúde, faltam espaço e infraestrutura adequada para o atendimento aos pacientes com dengue em Natal. O resultado desta ineficiente equação, é a superlotação do Hospital Giselda Trigueiro. “Sem a triagem adequada, os pacientes mais graves podem se prejudicar com a demora no atendimento”, alertou o infectologista Henio Lacerda. Ele afirmou que as enfermarias pediátrica e adulta do complexo hospitalar estão lotadas.  “Além da dengue, temos outras demandas”, destacou.

Percorrer as unidades municipais de saúde, diante do surto epidemiológico de dengue instalado há alguns meses, é lembrar de um ditado popular que diz: “Prevenir é melhor que remediar”. As consequências da falta de consciência da população e de uma política de saúde pública efetiva no combate às endemias, estão refletidas na concentração da assistência médica em poucas unidades. Quem paga por isso é o cidadão pobre que precisa recorrer aos postos de saúde públicos.

Da zona leste a oeste, a demanda aumentou nos últimos dois meses. Com a redução de cinco para três postos de Serviços de Atendimento Fixo de Urgência (Safu), os pacientes se concentram no Pronto-Socorro Infantil Sandra Celeste, no Hospital dos Pescadores, nas Rocas e na Unidade Mista de Cidade Satélite. Além do hospital de referência em doenças infectocontagiosas, o Giselda Trigueiro, que não faz parte da gestão municipal de saúde. 

Na manhã de ontem, o posto de enfermagem do Sandra Celeste estava lotado. “Hoje está até tranquilo, se levarmos em consideração a segunda-feira (passada) quando atendemos cerca de 243 crianças”, afirmou a enfermeira Fátima. De acordo com ela, o diagnóstico inicial da dengue em crianças é mais difícil pois elas não sabem dizer detalhadamente o que estão sentindo.

Na enfermaria, o menino Wesley Barbosa, de 10 anos, recebia hidratação enquanto aguardava o resultado do hemograma que comprovaria a doença. Um dos sintomas da dengue é a redução dos leucócitos, que são comprovados através do exame de sangue. Além dele, mais duas crianças apresentavam sintomas da doença.

Questionada sobre o envio de  pacientes ao Centro de Hidratação, na Cidade da Esperança, a diretora do Sandra Celeste, Telma Pereira, afirmou que nem sempre os encaminha em virtude de não ter a certeza de que o pediatra estará de plantão. “Nós temos a medicação e os pediatras na escala, por isso que mantemos as crianças aqui”, afirmou. No Centro de Hidratação, a média de atendimentos diários gira em torno de 100 procedimentos, de acordo com a enfermeira chefe Jussara Souza. 

Uma reunião com os agentes de saúde, que cobram do Executivo Municipal a incorporação de gratificações aos salários, será realizada hoje às 14 horas na Prefeitura. A retomada da greve está condicionada ao que for discutido e decidido durante o encontro com a prefeita.

 Fonte: TN Online

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