Ponte Newton Navarro foi inaugurada há mais de três anos, mas seus pilares ainda não possuem as devidas proteções contra acidentes
De acordo com o projeto original da Ponte Newton Navarro, seriam instalados flutuantes ao redor das principais pilastras. Esses flutuantes seriam estaiados, com estruturas de ferro responsáveis por fixá-los ao redor das pilastras. O detalhamento do projeto - que custa cerca de R$ 32 milhões - foi feito pelo Governo do Estado à época da inauguração. "Esse projeto com flutuantes é mais caro, porque a estrutura precisa de manutenção. Se fosse de concreto armado, por exemplo, era só instalar e a manutenção seria zero", explica Sebastião Rodrigues, presidente da Associação dos Práticos.
Independente do projeto a ser efetivado, os práticos, que trabalham orientando os navios desde o limite entre o rio Potengi, o mar e o Porto, acreditam ser uma iniciativa que pede urgência. Não há registro até hoje de incidentes na Ponte Newton Navarro, mas, segundo Sebastião, não se pode correr o risco. "Se um navio perder o leme, perder o controle, pode bater em uma das pilastras e as consequências disso são imprevisíveis", diz. E complementa: "Acidentes acontecem e normalmente com variáveis que estão fora do controle do comandante do navio e do prático que orienta a chegada da embarcação ao porto".
Já existe um sistema de defensas instalado na Ponte Newton Navarro, mas ele é insuficiente. São quatro estruturas que parecem de borracha, mas são feitas de material mais resistente, fixadas em cada "quina" das pilastras centrais. Além disso, pneus de borracha fazem a proteção para embarcações menores. "Esse sistema não impede que um possível impacto possa gerar abalos na estrutura da ponte", avalia, acrescentando que o Governo do Estado já postergou várias vezes a instalação dos equipamentos de segurança.
A colisão entre navios e pilares de Ponte já aconteceu, inclusive no Brasil, na Ponte Getúlio Vargas, em Porto Alegre, em 2008. Casos mais graves aconteceram nos Estados Unidos e na Suécia. Navios colidiram com as pontes Sunshine Skyway, na Florida, Estados Unidos, e Askerofjord, na Suécia, em 1980, com 33 e 8 vítimas fatais, respectivamente. Após os incidentes, ficou mais claro os riscos referentes a pontes e a construção de estruturas de segurança nas pilastras passou a ser mais comum. A Ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, tem equipamentos semelhantes. A Ponte Rio Negro tem um projeto orçado em R$ 67 milhões com o mesmo fim.
A Capitania dos Portos enviou, segundo o capitão dos portos Alan Kardec, um comunicado ao Governo do Estado lembrando da importância de instalar as defensas.
Capitania dos Portos alerta para necessidade das proteções
Um comunicado com a recomendação de instalar os flutuantes na Ponte Newton Navarro foi enviado na semana passada, segundo o capitão dos portos, Alan Kardec, ao Governo do Estado, e outras entidades. O projeto original da Ponte previa a instalação de um equipamento de segurança, orçado à época da inauguração em R$ 32 milhões. A obra não foi executada por conta de necessidade de concluir a dragagem do rio Potengi.
"Como é uma obra cara, ficou acordado em iniciar após a dragagem. Agora, a Capitania dos Portos precisa alertar para a necessidade de instalar o equipamento por uma questão de segurança", explica o capitão dos portos, Alan Kardec.
No futuro, a ausência desse equipamento pode implicar em prejuízos para o Porto de Natal. "Pode ser preciso aumentar o número de rebocadores e de práticos para os navios que atraquem em Natal, o que encarece o serviço e faz o porto perder competitividade", alerta. Os rebocadores acompanham os navios desde a "entrada" no rio Potengi, enquanto os práticos auxiliam na hora de atracar. "Não é o caso de proibir o tráfego de navios em direção ao porto, seria uma medida radical. Mas é preciso alertar acerca das questões de segurança", complementa o capitão dos portos.
Histórico
A construção das defensas vem sendo protelada pelo Governo do Estado desde 2007, quando a Ponte Newton Navarro foi inaugurada. Por várias vezes, foi anunciado o início da obra, mas sem iniciá-la de fato. Em janeiro de 2009, a Secretaria de Infraestrutura chegou a anunciar um prazo de 30 dias para construir as defensas. Contudo, até então, sob a justificativa de que a dragagem do Porto dificultaria a obra, não se fez nem mesmo a licitação. Em 2011, antes da última recomendação, a Capitania dos Portos já havia "lembrado" o Governo do Estado em março acerca da necessidade de instalar os flutuantes. Segundo Alan Kardec, essa comunicação é rotineira.
Fonte:TN Online
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