Rodrigo SenaEm assembleia, professores da rede estadual decidem dar um voto de confiança ao governo
Os que se mostraram contrários a paralisação afirmavam que a greve, se iniciada agora, poderia ser judicia lizada, o que conteria a força do movimento. "Não temos respaldo legal. Por pior que a proposta da Prefeitura seja, temos que aceitá-la e ver no que dá", conta Vera Lúcia, membro do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Rio Grande do Norte (SINTE/RN). O grupo espera que até o próximo dia 20 de março, terça-feira, o primeiro item do acordo firmado com a Secretaria Estadual Municipal da Educação seja cumprido. Eles esperam o pagamento integral de 1/3 das férias.
A proposta inclui ainda a definição do número de educadores infantis em sala de aula e o aumento dos vales-transportes, que vai de 44 passagens para 88 passagens. A oposição, contudo, diz que o acordo corre grande risco de não ser cumprido e levantou suspeitas, durante a votação, de que o SINTE estivesse manipulando os votos. "Não foi cumprido das outras vezes, porque seria agora?", contestou a professora Amanda Gurgel. Conhecida nacionalmente por sua luta pela Educação, Amanda acredita que as condições das escolas seriam, por si só, um motivo para que a greve fosse deflagrada imediatamente. "Fora isso, ainda temos a situação do piso nacional, que prevê um aumento de 22,2%, o mínimo que podemos exigir dos nossos governantes". Outra solicitação da classe é a utilização de 1/3 da jornada de trabalho destinada para atividades de planejamento e estudo, previsto em lei, mas ainda não cumprido em nosso Estado.
O discurso da professora é seguido de perto pelo professor de matemática Abraão Eduardo Brito, que leciona na Escola Municipal Amadeu Araújo. Na opinião de Abraão, mesmo que a Prefeitura cumpra o acordo, a situação do ensino permanecerá decadente e o professor continuará ganhando menos do que deveria. "Respeito a decisão tomada em assembleia, mas sou terminantemente contra", afirmou. Para ele, a categoria perdeu a oportunidade de fortalecer o movimento local.
No meio dessa disputa, os alunos, principais prejudicados. Desde o início das aulas, no dia 1º de março, os professores paralisaram as aulas duas vezes. Nesta quarta, por exemplo, mais de 400 professores deixaram suas salas para comparecer à assembleia.
Professores recuam e aulas começam na segunda-feira
A ameaça de uma nova paralisação na rede estadual de ensino foi descartada na tarde de ontem. Em assembleia na Escola Estadual Winston Churchill, os professores decidiram pelo início das aulas a partir da próxima segunda-feira, dia 19. Até amanhã, a paralisação permanece em cumprimento ao Movimento Nacional para cobrar o cumprimento do piso nacional do magistério. O recuo - momentâneo - na intenção de protelar ainda mais o início do ano letivo se deu em função do Novo Projeto de Educação do Rio Grande do Norte, apresentado na última segunda-feira, pela Secretaria Estadual de Educação. A proposta acatada pela maioria na tarde de ontem, voltará a discussão no próximo dia 12 de abril, quando uma nova assembleia está marcada.
Entre os pontos exigidos pelos professores, está o pagamento do Piso Nacional dos Professores, o que representa um reajuste de 22,2%, que é atendido na proposta apresentada pela secretária Betânia Ramalho, a partir de março. No início do mês, a governadora Rosalba Ciarlini anunciou que irá pagar o valor fixado em R$ 1.450,00 para 30 horas.
A divergência se refere ao reajuste dos professores aposentados e pensionistas. A proposta do governo, explica a coordenadora geral do Sinte/RN Fátima Cardoso, prevê o incremento (22,22%) em quatro parcelas, a ser implantado de abril a julho. A categoria reivindica que o reajuste seja feito de forma integral, em abril.
A não deflagração da greve foi classificada pela coordenadora como uma "mostra da responsabilidade" da categoria. "Manteremos a negociação com o governo, não somos fábrica de greve. Seria contraproducente anunciar uma paralisação, quando há uma proposta e abertura do diálogo", afirma.
A formação de uma nova comissão para a implantação das promoções horizontais, sem data definida, e ainda a criação do Plano Estadual de Educação também não foram aprovadas pelos professores. Outro ponto que não houve consenso é com relação ao pagamento do retroativo de janeiro. Em 2011, a greve na rede estadual de ensino durou 70 dias.
Na manhã de ontem, os professores, desta vez da rede do Município, também decidiram pelo início das aulas. No entanto, um estado de "greve permanente" foi prorrogado até o dia 20 de abril, data prevista para o pagamento de um terço das férias. "Caso não seja cumprido, entraremos em greve automaticamente", ratifica Fátima Cardoso. Os professores municipais já recebem acima do piso nacional.
Em seguimento a paralisação nacional, permanecem fechadas de ontem até amanhã. Além de cobrar o cumprimento da Lei do Piso, a paralisação nacional também defende o aumento dos investimentos públicos em educação. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) quer que o Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita na Câmara dos Deputados, inclua em seu texto uma meta de investimento mínimo na área, equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a ser atingida em um prazo de dez anos.
do TN
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