Novo Jornal fala da situação de Jundiá, último município a ser emancipado no RN

Foto: Humberto Sales/NJ.
“Jundiá era uma moça nova, cheirosa e prendada, pronta para ser deflorada. Hoje, doze anos depois, está acabada, abusada e não se desenvolveu”, avalia José Roberto de Souza, de 41 anos, prefeito do município situado a 70 km de Natal, último a ser emancipado no RN, em 2001.
A Prefeitura de Jundiá é o primeiro cargo político da vida de José Roberto. Hoje, a cidade não tem índices sociais melhores que o município de Várzea, de quem se emancipou em 2001. O desenvolvimento social também se reflete na falta de estrutura. Até mesmo a prefeitura não possui uma sede própria, pois o poder executivo reside numa casa de seis quartos no centro urbano.
O município foi criado em 1997, mas a emancipação só foi autorizada quatro anos depois pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. É a caçula das 167 prefeituras potiguares. Segundo o prefeito, a emancipação surgiu da necessidade em serviços de saúde e educação. Doze anos depois, a cidade voltou à pauta de discussões por conta do Projeto de Lei Complementar (PLC) 416/2008, que pretende devolver aos deputados estaduais, o poder de criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios. O assunto deve ser votado esta semana pela Câmara dos Deputados.
“Não tínhamos um posto de saúde. Quem queria ajuda médica tinha de pedir uma ambulância por telefone”, conta o prefeito, que recebeu o NOVO JORNAL num gabinete de pouco mais de 20 metros quadrados. A mesa de trabalho é composta por um computador e um amontoado de documentos. Pendurada sobre o aparelho de ar-condicionado está a chave da cidade, que é feita em isopor e pintada de dourado.
Atualmente, Jundiá conta com Centro de Saúde e dois postos de atendimento para as equipes do Programa Saúde na Família. Ao todo, a população conta com o serviço de quatro médicos, quatro enfermeiros, quatro dentistas e um bioquímico. O centro de saúde não oferece atendimento de urgência ou emergência, apenas clínica médica. Os casos graves são mandados para Natal. As grávidas são transportadas para a cidade de Santo Antônio, a 20 quilômetros dali. Os salários dos servidores variam de R$ 678, para os de nível básico, até R$ 8 mil para os médicos.
Na porta do centro, antes de uma consulta médica, a aposentada Maria Severo da Silva, 73 anos, contava que os serviços de saúde estão melhores hoje que nos tempos que eram disponibilizados por Várzea. “Antes tudo era muito ruim; algumas coisas estão melhores agora, mas ainda precisamos ir até Natal para uma consulta para o coração”, detalhou.

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