Tomate ajuda a conter inflação

São Paulo (AE) - O tomate, um dos vilões da inflação de 2013, volta a chamar a atenção, só que desta vez por estar apresentando queda de preços tanto no atacado como no varejo. No âmbito do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de janeiro, o tomate vendido pelo produtor ficou mais barato cerca de 14% e cedeu em torno de 8% ao consumidor. A despeito da aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) entre dezembro e janeiro, de 0,69% para 0,87%, o tomate, junto com outros alimentos in natura mantiveram o segmento de hortaliças e legumes no campo negativo (de -6,52% para -3,81%), movimento considerado inesperado para esta época do ano. 
“O IPC de janeiro não foi tão alto como o de janeiro de 2013 (0,98%), quando tivemos um início de ano muito conturbado e que nos fazia sempre lembrar do tomate. Mas não foi só o tomate que ajudou, não”, avaliou o superintendente adjunto de Inflação do Instituto de Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas Salomão Quadros, em entrevista ontem  para detalhar a desaceleração do IGP-M deste mês, para 0,48%, ante 0,60%.

A batata-inglesa também ficou mais em conta no período, ao sair de uma alta de 6,47% para um aumento menos intenso, de 0,26%. A expectativa, conforme Quadros, é queda, já no atacado o preço está caindo mais de 16%. “É possível que (recuo) seja prolongado”, estimou. Ao contrário do tomate, segundo o economista, o vilão desta vez parece ser a cebola, que subiu 25,81% este mês, após 7,81% em dezembro. “A queda do tomate é um fato muito comum. É mais raro do que ano bissexto, o produto cair”, brincou.

Já a carne bovina subiu 3,24% no varejo no primeiro mês de 2014, ante 1,60%. O aumento, contudo, pode perder força e aliviar o IPC nos próximos meses, já que no atacado o movimento vai na contramão, disse Quadros. “No IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) está desacelerando a alta. Acredito que logo chegue ao varejo”, afirmou.

Na visão do economista do Ibre/FGV, a tendência é que a deflação captada no atacado, principalmente das matérias-primas brutas agropecuárias, atinja o varejo até março. De acordo com a FGV, no estágio inicial da produção, houve recuo significativo da soja em grão, de elevação de 2,20% para declínio de 5,38%; e do leite in natura de baixa de 2,87% para retração de 6,84%. Além disso, o milho em grão diminuiu o ritmo de elevação, de 5,93% para 3,27% em dezembro. Segundo Quadros, a desaceleração esperada no varejo pode vir por meio de três frentes. “Dos derivados do trigo, das carnes em geral e do óleo de soja”, disse.

Quanto ao grupo Educação, Leitura e Recreação, que exerceu a principal contribuição de alta no IPC-M de janeiro (de 0,65% para 2,92%), o economista da FGV espera um último impacto dos gastos dos consumidores com mensalidades e material escolar no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de janeiro, a ser divulgado no começo de fevereiro. 

“No IGP-DI deve vir mais forte. No mês que vem já pode começar a perder força”, afirmou ele.

Preços caem lentamente para o consumidor

A queda de preços de legumes  nas fontes produtoras já começa a dar as caras na Central de Abastecimento do Rio Grande do Norte, mas o benefício ainda não chegou em sua totalidade ao consumidor de supermercado, locais que concentram cerca de 80% das vendas de alimentos que compõem a cesta básica. Se na Ceasa o quilo do tomate Santa Adélia em caixa estava cotado ontem a R$ 1,17, numa das principais redes de supermercados de Natal, o produto era vendido a R$ 2,29 em promoção, mas o preço normal é de R$ 3,84.

Há um mês, o tomate no atacado era vendido na Ceasa a R$ 3,00 o quilo, valor pouco abaixo do período em que o produto virou símbolo da inflação e levou a apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo, a apresentar o programa matutino com um colar de tomate no pescoço. O acompanhamento da cotação de preços na Ceasa, que pode ser feito através da internet, mostra que entre julho e setembro o quilo do Santa Adélia ficou abaixo de R$ 1. Isso em função da sazonalidade do produto.

Nas feiras livres e até em quitandas de bairros, produtos como tomate, batata inglesa, cebola e cenoura podem ser adquiridos por preços mais em conta.

Além do tomate, a rede de supermercado colocou em promoção ontem a batata inglesa,  a cebola branca, hortaliças e frutas. A tendência, segundo analistas de mercado é que os preços se estabilizem neste início de ano, caso não haja nenhum problema climático que possa prejudicar a produção.
da TN

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