Organizações Negras discutem combate ao racismo e à violência no RN

Acesso à educação, igualdade de oportunidades, combate ao racismo e enfrentamento ao extermínio da juventude negra. Esses foram os principais assuntos discutidos na audiência pública, realizada hoje na Assembleia Legislativa, que teve como tema a “Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver”. O deputado Fernando Mineiro (PT), autor da iniciativa, chamou a atenção para o crescimento alarmante dos homicídios contra os jovens negros do Rio Grande do Norte.
“De 2002 q 2012, o assassinato de jovens no Rio Grande do Norte cresceu cerca de 200%. No mesmo período, a violência contra os jovens negros cresceu quase 360%. Durante essas duas horas em que estamos aqui [na audiência pública], sete jovens negros foram assassinados no Brasil, segundo as estatísticas oficiais. É uma verdadeira chacina contra a população jovem e, em especial, contra a população negra”, pontuou.
Mineiro lamentou que a Prefeitura do Natal e o Governo do Estado não tenham aderido ao plano “Juventude Viva” do Governo Federal, que reúne ações de prevenção e de combate à violência contra a juventude negra. “Esses jovens que estão morrendo são pobres, moradores de periferia. Talvez por isso não tenha tanta repercussão”, comentou. 
Elizabeth Lima, presidente da organização Ajagun Obirin e integrante do Comitê Político Estadual da Marcha Nacional das Mulheres Negras, disse que é preciso “mudar efetivamente a situação em que se encontra a população negra do Rio Grande do Norte”. 
Ela reiterou a necessidade de promover o acesso à educação, à capacitação e ao emprego de qualidade para a população feminina negra do Rio Grande do Norte.
Para Giselma Omilê, coordenadora da Organização Negra Kilombo, as mulheres negras têm muitos motivos para realizarem a Marcha Nacional, marcada para 13 de maio de 2015. 
“Nós somos 49 milhões de mulheres negras. O que nos leva a marchar é a luta pelo fim dos autos de resistência; contra o extermínio da juventude negra, que são nossos filhos, companheiros e amigos; para que possamos ter a liberdade de cultuar nossos orixás; para que sejamos respeitadas quando usarmos nossas indumentárias; para que nosso cabelo, nossas contas e nossas vestes não sejam fantasia de carnaval; e contra o sexismo midiático envolvendo as mulheres negras”, declarou.
A coordenadora da seção potiguar da UNEGRO (União de Negros pela Igualdade), Graça Lucas, destacou que o Rio Grande do Norte é um dos estados mais racistas do Brasil. “O racismo que impera aqui é da forma mais perversa, que é o racismo velado”. Ela também alertou para o crescimento da violência contra a juventude negra. 
Na opinião de Tereza Freire, integrante da Secretaria de Mulheres do PT do Rio Grande do Norte, “a exclusão social contra a população negra, em especial contra as mulheres negras, só será vencida com mais acesso à educação”. 
Ela ressaltou as conquistas obtidas nos últimos doze anos, durante os governos Lula e Dilma, como, por exemplo, a política de cotas nas universidades, mas acrescentou que é necessário avançar mais na busca da equidade racial e de gênero.
O presidente do Diretório do PT Natal, Juliano Siqueira, afirmou que a Prefeitura do Natal, ao ceder à pressão do empresariado e impedir o feriado do Dia da Consciência Negra, estava cometendo uma expressão de “discriminação e racismo”.
“O que devemos ao povo negro, por quase quatro séculos de escravidão, é eticamente, politicamente e economicamente impagável. Negar o feriado é o mesmo que negar a cidadania”, discursou.
Depois da audiência pública, as mulheres e os integrantes das organizações do movimento negro saíram em caminhada até o IFRN da Avenida Rio Branco, no bairro de Cidade Alta, para protestar contra a extinção do feriado do Dia da Consciência Negra. 
Fotos: João Gilberto/ALRN.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Mandato

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