O trânsito de Natal, cada vez mais inchado, atrapalha, mas não é a principal causa do aumento do tempo resposta do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O problema maior são as distâncias que as viaturas precisam percorrer, muitas vezes saindo de um extremo a outro da cidade, para atender uma ocorrência. Essa situação ocorre porque ambulâncias baseadas em determinada região ficam várias horas paradas na entrada dos hospitais, esperando a liberação das macas em que transportam o paciente.
Ontem à tarde, uma unidade móvel de atendimento básico teve que se deslocar da Cidade da Esperança até Pajuçara, na zona Norte, porque as três ambulâncias baseadas naquela região estavam com as macas retidas no Hospital José Pedro Bezerra, no conjunto Santa Catarina.
A ambulância, de número 15, recebeu a informação da central do SAMU por volta das 15h e de imediato se deslocou para atender a ocorrência: uma idosa de cem anos havia passado mal na sua casa, em Pajuçara.
Sem congestionamentos no trânsito, em cerca de dez minutos a unidade de atendimento básico já havia cruzado a ponte de Igapó, mas na avenida João Medeiros Filho precisou parar, atendendo ao pedido de socorro vindo de um carro que passava ao lado. O rapaz que dirigia o carro informou que o pai, no banco de trás, estava passando mal.
A ambulância, de número 15, recebeu a informação da central do SAMU por volta das 15h e de imediato se deslocou para atender a ocorrência: uma idosa de cem anos havia passado mal na sua casa, em Pajuçara.
Sem congestionamentos no trânsito, em cerca de dez minutos a unidade de atendimento básico já havia cruzado a ponte de Igapó, mas na avenida João Medeiros Filho precisou parar, atendendo ao pedido de socorro vindo de um carro que passava ao lado. O rapaz que dirigia o carro informou que o pai, no banco de trás, estava passando mal.
Já o paciente que ficou na ambulância 15 foi levado para o Hospital Antônio Prudente, no Alecrim. A maca foi liberada tão logo o doente foi deixado na urgência, diferente do que acontece nos hospitais da rede pública. O motorista da unidade de atendimento básico contou à TRIBUNA DO NORTE que é comum as ambulâncias ficarem paradas nas entradas das unidades públicas, aguardando as macas. Por causa disso, ele já teve que sair de Ponta Negra para atender ocorrência na zona Norte.
Não deveria ser assim. Segundo ele, há três unidades de atendimento básico na zona Norte, três na base (em Dix-Sept Rosado), uma em Ponta Negra e três na Cidade da Esperança (na UPA), além de três unidades de atendimento avançado em Dix-Sept-Rosado. “O tempo resposta precisa ser o mais rápido possível. Pra isso, se acionam as ambulâncias que estão mais próximas das ocorrências”, disse.
O problema, vivenciado diariamente pelo motorista e seus colegas, é a retenção das macas. Depois de acompanhar a ocorrência, a equipe da TRIBUNA DO NORTE foi até o Hospital de Santa Catarina. Eram mais de 16h e as três ambulâncias ainda permaneciam no local. Uma delas estava lá há mais de duas horas, segundo contou o motorista.
15h10: A ambulância 15 está na Cidade da Esperança quando é acionada para socorrer uma idosa de 100 anos que passou mal em casa, em Pajuçara, na zona Norte.
Sem congestionamentos no trânsito, em 11 minutos a unidade de suporte básico já está cruzando a Ponte de Igapó.
Na Av. João Medeiros Filho, a equipe interrompe a ocorrência parar prestar socorro a um jovem que levava o pai doente ao Hospital Santa Catarina.
Outra ambulância – a de número 09 – é acionada para socorrer a idosa. Ela também sai da Cidade da Esperança e, às 15h48, passa pela Mario Negócio, indo em direção a Pajuçara.
A ambulância 15, que parou na João Medeiros Filho para atender o senhor que passava mal, chega no Hospital Antônio Prudente, no Alecrim. Deixa o paciente e rapidamente sai com a maca.
No Hospital Santa Catarina, a ambulância 10 está parada desde as 14h30, sem poder sair porque sua maca está retida na unidade de saúde.
Bate papo - Valéria Bezerra
Coordenadora do SAMU Natal
“Se a rede tem problemas, resvala no SAMU”
Coordenadora do SAMU Natal
“Se a rede tem problemas, resvala no SAMU”
Houve um aumento sim, ocasionado por inúmeros fatores, entre eles, o crescimento da violência e de veículos no trânsito — as ruas se tornaram um pouco mais congestionadas e isso dificulta a chegada até a ocorrência. E temos ainda o problema que tem a ver com a nossa rede de saúde, onde há um tensionamento. Nesse aspecto, a gente não tem, na maioria das vezes, a garantia de ter as nossas macas liberadas sempre que adentra uma porta de urgência.
São várias situações diferenciadas. O paciente vai ter acesso ao seu atendimento no momento em que chega? Vai aguardar fazer um exame ou esperar a transferência de um outro paciente para que possa adentrar o leito de terapia intensiva? É complexo porque trabalhamos em rede e precisamos que todas as pontinhas da rede se comuniquem entre si, e isso muitas vezes não acontece no tempo que a gente gostaria que acontecesse. Há processos de trabalho que demoram um pouquinho. Ao adentrar numa porta de urgência, nos deparamos com uma gama de complexidades, oriundas de toda uma rede sofrida. O SAMU não é uma rede exclusiva. Ele se integra às demais redes, seja na porta de urgência de alta complexidade, na urgência de média complexidade ou na urgência de baixa complexidade, que é a atenção básica. Se essa rede tem problemas, com certeza vai resvalar no Serviço Móvel de Urgência.
Nós estamos licitando agora em dezembro nossas bases descentralizadas, que serão distribuídas por distrito sanitário. Neste primeiro momento, nós teremos duas bases descentralizadoras na zona Norte, uma na zona Leste e uma na zona Sul. Na zona Oeste, nós já temos a base que fica na UPA da Cidade da Esperança e essa aqui de Dix-Sept Rosado, que são consideradas bases descentralizadas. O que isso agiliza? Na medida em que passarmos a ter nossas unidades baseadas nesses distritos, as ocorrências vão ter um tempo resposta menor, uma vez que as unidades vão estar mais próximas. Hoje, já temos essa descentralização, mas apenas com unidades de suporte básico. Nós vamos descentralizar também nossa unidade de suporte avançado, que se encontra baseada em Dix-Sept Rosado.
Nós temos 12 viaturas, 3 delas de suporte avançado e 9 de suporte básico. Esse formato cumpre o que preconiza a portaria vigente que regulariza o serviço. Claro que se tivesse mais, seria melhor. Mas o problema não é a quantidade de viaturas. Acho que a questão passa por uma política de segurança, por melhorias no trânsito, investimento em transportes de massa.
da TN
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