Anvisa libera radiofármacos para tratamentos na Liga

Inframérica, que administra o aeroporto, informa que o terminal funciona normalmente
“Nunca fui pra casa sem ser atendida. Nunca faltou nada aqui”, disse Maria do Socorro, costureira, que, após a retirada de um tumor na mama, faz radioterapia todos os dias na Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer. O diagnóstico foi em março deste ano e os exames também foram realizados no centro médico filantrópico. Mas esse cenário de eficiência está ameaçado. 
Desde o dia 24, a Liga e demais hospitais do RN estão impossibilitados de receber medicamentos, porque a Anvisa interditou o terminal de cargas do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. Na segunda-feira (1), liberou a entrada de material que possui radioatividade, mas não se posicionou quanto aos demais remédios. A medida tem prejudicado inclusive o Hospital Walfredo Gurgel, que teve carga apreendida no aeroporto, agravando o problema do reabastecimento da farmácia central.

A liberação dos radiofármacos se deu graças a uma negociação com hospitais especializados. Vice-diretor do Centro Avançado de Oncologia da Liga, o médico nuclear Arthur Villarim explica que a situação dos que precisam desse tipo de medicamento é mais delicada, porque a importação só pode ser feita via aérea. Altamente perecíveis, essas substâncias não resistiriam ao transporte terrestre, saída que encontraram para o restante dos quimioterápicos.
Para a Liga, isso representa o atraso de importantes exames - cintilografia e PET scan (ambos procedimentos de diagnóstico por imagem) - e a interrupção do tratamento de 15 pacientes com câncer de tireóide, que precisam realizar um procedimento chamado iodoterapia.  

“A programação para essa etapa do tratamento é de um mês”, disse o médico nuclear. “Eles precisam tomar hormônios e envolve internação para a administração do radioativo”, disse, avisando que hoje (2) a situação deve ser normalizada, mas os demais quimioterápicos deverão continuar sendo comprados no mercado regional, principalmente em Recife. Ainda de acordo com Arthur Villarim, essa troca de fornecedores encarece a compra em cerca de 20%. 

Apesar da dificuldade no reabastecimento, a Liga tem se empenhado para atender ao máximo número de pessoas que pode. A contadora Ana Carolina acompanha o filho de 18 anos na luta contra o câncer desde janeiro, e realizou diversos exames nos últimos dias, inclusive cintilografia. O diretor do setor disse que o atendimento não foi suspenso, reduziu à metade. 

De acordo com a Anvisa, a circulação de cargas de medicamentos foi interrompida porque o terminal do aeroporto não tem autorização de funcionamento emitida pela Agência, além de apresentar condições inadequadas de armazenagem das cargas sujeitas à vigilância sanitária. A temperatura do ambiente tem que estar refrigerada de acordo com a exigência da embalagem do produto que recebe. “Por exemplo: se o conteúdo pede uma temperatura de 0ºC, não pode ser verificado temperatura superior. Problemas deste tipo podem estar relacionados à estrutura e procedimentos. Como o relatório de inspeção é um documento reservado, não temos como dar detalhes das incorreções”, justificaram.
A Inframérica, empresa que administra o aeroporto, informou através da assessoria de imprensa que o terminal está funcionando normalmente. A restrição diz respeito apenas a cargas fiscalizadas pela Anvisa e que as negociações estão em curso para solução nos próximos dias
.daTN

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