Alessandra Bernardo
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Inconformados com a ordem de desocupação repentina do prédio da Escola Estadual Manoel Dantas, no bairro do Tirol, professores, responsáveis e alunos da unidade protestaram na manhã desta terça-feira (09) contra a ação, determinada ontem (8) à tarde. O imóvel, que abriga turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e possui atualmente 109 estudantes matriculados, deve ser entregue à Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) até a próxima segunda-feira (15), apesar do ano letivo 2014 só se encerrar dia 19 de dezembro. Uma sala da diretoria já está ocupada com equipamentos e objetos da Polícia Civil.
Segundo a ex-gestora da unidade, Francisca Rosa, a comunidade atendida pela escola está indignada com o tratamento dado aos estudantes e profissionais, que ainda não sabem o que acontecerá com eles no próximo ano. Ela afirmou que os 109 estudantes ainda não foram matriculados e correm o risco de ficar sem estudar em 2015, pela indefinição da Secretaria de Estado da Educação (Seec), que ainda não fez nenhum comunicado sobre o que deve ser feito.
Ela explicou que, até o início deste ano, a ideia era juntar a unidade à Escola Estadual Sebastião Fernandes, situada ao lado, formando um complexo educacional que abrangeria todo o Ensino Fundamental. No entanto, em abril passado, ela foi exonerada; o projeto inicial, desfeito sem que houvesse um comunicado oficial e a informação de que o prédio seria entregue à Polícia Civil, que atualmente já ocupa uma sala no imóvel.
“Queríamos saber o motivo dessa mudança. Estamos inconformados e indignados. Sem saber o futuro dos profissionais e muito menos dos alunos, que precisam estudar. Eles alegaram que a unidade era improdutiva, que não tem alunos suficientes para continuar aberta e que isso gerava muito gasto. Mas, o que não falam é que começamos esse ano letivo com 170 e estamos hoje com 109 por causa desses problemas todos, os pais ficaram com medo e tiraram os filhos”, desabafou.
A coordenadora pedagógica Sônia Miriam falou que a unidade oferecia ensino em tempo integral graças ao programa Mais Educação, em que os alunos estudam o conteúdo normal de seu ano de ensino em um período e no outro, participa de atividades esportivas e artísticas, de reforço escolar e culturais, desenvolvidas na própria escola. Isso fazia com que ela fosse uma das mais procuradas do município, com estudantes vindos de vários bairros de Natal, inclusive da zona Norte.
“Estamos muito tristes e indignados, ainda mais porque fomos comunicados ontem que temos que sair até dia 15, sendo que o ano letivo está programado para o dia 19. Parece pouco, mas é importante e vai prejudicar o processo de aprendizagem, ainda mais porque funcionávamos em período integral. Sem contar que a nossa escola possui uma infraestrutura boa e uma área verde e aberta para recreação e diversão muito grande e importante para os alunos realizarem atividades físicas e lúdicas. Coisas que perderão agora”, falou.
Fechamento gera grande prejuízo
Segundo a educadora Cláudia Santa Rosa, o Estado poderia resolver o impasse de outra forma, sem penalizar a unidade escolar, que funciona há mais de 50 anos em Natal e já foi considerada uma das melhores do município. “Fechar escola não é solução, ainda mais se há outros prédios que podem ser cedidos à Sedes sem prejuízos a ninguém. Temos uma grande demanda por unidades em período integral, e em vez de avançar, vamos retroceder fechando essa aqui”, afirmou.
Desolada, a dona de casa Cerize Mendonça participou da mobilização e lamentou o fechamento da unidade em que sua filha de nove anos estuda desde o início da vida escolar. Ela, que mora no bairro de Igapó, disse que tem outros dois filhos que estudam na Sebastião Fernandes e que traziam a irmã para estudar e que agora, com o fechamento da Manoel Dantas, não sabe o que fazer para matricular a menina em outro local.
“Vai quebrar minhas pernas. Tenho três filhos que estudam nessas duas escolas vizinhas e trabalho aqui perto. Não sei como conseguir vaga para minha filha em uma escola na zona Norte e também não posso, porque não tenho ninguém para cuidar dela no horário em que ela não estiver na escola. Também não posso deixá-la sozinha em casa, por causa da idade. Sinceramente, estou desolada e não sei o que fazer, só lamento muito por tudo isso”, desabafou.
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