Conselho encontra mais de 100 pacientes em corredores no hospital Walfredo Gurgel

WR_06_Macas-nos-corredores-do-Clóvis-Sarinho---Walfredo-Gurgel-(24)
Marcelo Lima
Repórter
Em uma fiscalização realizada há uma semana, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren/RN) constatou 107 pacientes nos corredores do maior hospital geral do Estado. Além disso, havia 119 pessoas à espera de cirurgias. Porém, de acordo com a direção do Hospital, os pacientes estavam em “áreas assistenciais”. Hoje pela manhã, nossa equipe de reportagem presenciou que os corredores voltaram a ser espaço de internação no Pronto Socorro Clóvis Sarinho.
A presidente do Coren/RN, Alzirene Nunes, classificou o ambiente como “um contexto completamente desfavorável para a prática profissional”. Além da espera por cirurgias e internamento nos corredores, a fiscalização do órgão regulador da profissão verificou a falta de vários tipos de insumos: sedativos, analgésico, sondas de aspiração, coletor para sonda e gaze cortada.
Quem viveu uma situação de falta de insumos e dignidade foi a estudante Luana Cristina de Santana. Ela acompanhava Maria do Céu de Sousa, vítima de um câncer. “Por causa da doença, Maria do Céu ficava sangrando pela boca e tínhamos que pegar gaze emprestada com outros pacientes para limpar a boca dela, pois o material estava faltando”, declarou a jovem.
Mas a falta do material tão essencial no momento de desespero não foi o único problema. Sem vaga na enfermaria, Maria do Céu teve que ficar no setor de atendimento clínico. O mal atendimento dos profissionais somou-se a falta de insumos. “Nem aparelho para verificar pressão tinha. Depois de minha sogra, que também estava acompanhando a paciente, rodar por todo o hospital, encontrou um aparelho e trouxe. Eu mesma verifiquei a pressão da paciente, pois ninguém queria verificar”, contou.
A paciente acompanhada por Luana faleceu na sexta-feira. Mas no final da quinta-feira, tanto a acompanhante quanto a paciente tiveram que passar por novo sofrimento. “No final do dia, vários pacientes foram colocados nos corredores. Só ficavam na sala os que precisavam de oxigênio, pois nos corredores não tem encanação. Na sala não existiam cadeiras suficientes para os acompanhantes e ficávamos em pé”, acrescentou. São exatamente essas salas que são chamadas de “áreas assistenciais”.
Diante da situação encontrada pelo Coren, uma das possibilidades é a interdição ética do local. Mas segundo a presidente do conselho, essa questão tem que ser analisada com cuidado. “Nós temos tido um critério muito grande para se fazer a interdição. A gente entende que vai prejudicar ainda mais a população, porque nem sempre a interdição modifica a realidade para melhor”, disse. Segundo a presidente do Coren, o relatório foi encaminhado para o Ministério Público e a própria Sesap.
Varela Santiago paralisa cirurgias por falta de repasse
O Hospital Infantil Varela Santiago anunciou hoje que vai paralisar 50% das cirurgias pediátricas. O motivo seria a falta de repasses financeiros por parte da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) e Governo do Estado. Em nota, a unidade hospitalar referência no atendimento a crianças afirma também que já recebeu até aviso de corte no fornecimento de energia elétrica e água, visto que ambas as contas estão em atraso.
Em resposta, a Sesap lava as mãos e passa a responsabilidade para a Secretaria de Planejamento (Seplan). Em agosto deste ano, o hospital e a Sesap firmaram um convênio no valor de R$ 1,8 milhão. O que estaria em atraso, segundo a Saúde, seria uma fração da primeira parcela de R$ 600 mil. Segundo a Sesap, ainda faltaria a liberação de R$ 390 mil.
Também em nota, a Secretaria de Saúde explica que o repasse é “totalmente dependente de autorização da Secretaria de Estado de Planejamento, para onde já foram encaminhadas as solicitações de repasses referentes à unidade”.
do JH

Nenhum comentário:

Postar um comentário