Futebol Americano: conexão Natal - Suécia

Felipe Gurgel
Repórter

O sonho de grande parte dos jovens e crianças no Brasil, é se tornar um jogador profissional de futebol. E com Jonatas Costa não era diferente. Diferente mesmo, era o tipo de futebol em que ele sonhava em se tornar um atleta: o americano, da bola oval. Foi assim que começou a disputar jogos defendendo o Natal Scorpions, time do Rio Grande do Norte. E foi através do esporte, que, rapidamente, sua vida mudou. Aos 20 anos, ele se viu integrando a equipe profissional do Uppsala 86ers, na Suécia e disputando a liga mais importante, em um dos times mais respeitados do país europeu. E se tornando o primeiro brasileiro da história a jogar na Europa. E, além de competência, o pernambucano, que mora em Natal, contou com um pouco de sorte e ajuda da sua irmã, que mora na Suécia.
Marcos Costa, pai de Jonatas, investe alto na carreira do filho
No início de 2015, ele foi passar as férias na Suécia e ficou surpreso com o grau de profissionalismo com que os clubes suecos tratam o futebol americano. Mas, até então, não tinha passado pela sua cabeça, em tentar a sorte na Europa. Foi quando Karinne, sua irmã, decidiu, depois de conversar com Jonatas, conversar com alguns times suecos, para saber da possibilidade de seu irmão ter uma chance por lá. Depois de mandar alguns vídeo deles jogando pelo Natal Scorpions, começaram as ligações de alguns equipes, entre elas, a da capital Estocolmo e também do Uppsala, time que acabou sendo escolhido por Jonatas pela proximidade da cidade em que mora a sua irmã e também por ser uma cidade mais universitária. 

“Eu optei por defender o Uppsala 86ers por se tratar de um time melhor tecnicamente, uma equipe que tinha mais meu estilo de jogo, e também pelo fato de ser  mais perto da cidade em que minha irmã mora. Consegui um apartamento. Fiquei morando lá e me virando sozinho. Fiquei independente. Foi tudo muito rápido, não esperava que fosse ser assim. Em menos de duas semanas, já tinha resolvido toda a burocracia e estava com a viagem marcada para a Suécia”, relembra.

O jogador brasileiro chegou já com a temporada em andamento e disputou algumas partidas, inclusive nos play-offs da Liga sueca. Infelizmente, sua equipe acabou sendo eliminada nas semifinais e ficando com o terceiro lugar na competição. Mesmo assim, o desempenho de Jonatas parece ter agradado o treinador e os dirigentes do 86ers, que deixaram as portas abertas para que ele pudesse retornar para lá, quando resolvesse sua situação em relação ao visto.

E, o dos seus maiores incentivados, seu pai Marcos Costa, já está trabalhando para que o filho possa retornar para a Suécia e defender o Uppsala. “Temos que montar toda a estrutura para que o Jonatas possa ir com a tranquilidade necessária, não só para jogar futebol, como também para tentar outras coisas na Suécia. Vamos passar esses primeiros seis meses do ano capitalizando, para depois, o Jonatas voltar para lá”, afirma Costa.

A princípio, Jonatas precisaria, nesse segundo momento, se bancar na Suécia, sem a ajuda do clube, já que as verbas para patrocinar jogadores não europeus, estão direcionadas. Por isso que, além de patrocínios, ele também precisaria se matricular em alguma faculdade para poder receber o visto.

E, depois de tão pouco tempo, ter alcançado um sonho que parecia distante, Jonatas ainda não parece acreditar de tudo o que aconteceu. Principalmente por toda a evolução que teve no esporte em sua experiência na Europa. “Em dois meses atuando no futebol americano da Suécia, aprendi mais do que os seis anos em que treinei no Brasil, sem desmerecer nenhum treinador daqui. Mas, o campo de treino do Uppsala é melhor do que qualquer um campo de jogo aqui de Natal. E isso, no final, acaba fazendo muita diferença. Lá é um outro mundo”, afirma.

A difícil decisão entre os estudos e o esporte

Mas, não é só no futuro como jogador de futebol americano profissional que Jonatas Costa está de olho, se conseguir retornar a Suécia. Os estudos estão em primeiro lugar para ele. Por isso, uma vaga em uma universidade sueca é vista como primordial para que possa retornar a Uppsala, que é considerada a maior cidade universitária do país europeu. “Creio que o meu plano não seja ser jogador de futebol americano, mesmo que o destino esteja me levando a isso. Encaro o esporte mais como um hobby, que gosto muito de praticar. Mas, não penso em largar meus estudos por causa do esporte”, afirma Costa.

Agora, para conseguir conciliar os estudos com o esporte, Jonatas vai ter que se desdobrar caso volte para a Suécia. Não é muito normal um atleta profissional se preocupar com os estudos antes de encerrar a carreira de jogador. Eles, de acordo com Costa, só se preocupam com isso depois que estão aposentados da bola oval. “Quando estava lá, ficava conversando com meus companheiros e dizia que precisava voltar logo para o Brasil para retomar meu curso na UFRN. Eles se espantavam, porque eu tinha apenas 20 anos e fazia faculdade, enquanto eles eram bem mais velhos e não se preocupavam muito com isso. Até brincavam, dizendo que precisavam entrar em uma faculdade. Mas, estou bem tranquilo, porque lá dá tempo de treinar e estudar”, lembra Jonatas.

Mesmo assim, o pai de Jônatas, Marcos Costa, se mostra empolgado com a possibilidade do filho em retornar para a Suécio. Segundo ele, Jonatas já conquistou muito mais do que poderia sonhar e se tornou o primeiro brasileiro a defender uma equipe profissional de futebol americano na Europa. Várias etapas foram “queimadas” sem precisar se sacrificar.

“Normalmente, um jogador tem que sair de Natal para um clube maior no Nordeste, depois um do Sudeste, isso para chegar a seleção brasileira. Só depois que vem o sonho de atuar fora do país e isso, Jonatas alcançou sem precisar passar por todo esse processo. Então, o futuro é muito longo ainda e, por isso, gosto de deixá-lo bem tranquilo para decidir o que ele realmente quer da vida”, finalizou Marcos.

da TN

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