IBOPE E DATAFOLHA TENTAM INDUZIR APOIO À AGENDA GOLPISTA

Ibope e Datafolha lançam pesquisas pagas entre outros pela Globo que tentarão manipular a opinião do eleitorado para criar a falsa ideia de que há apoio à agenda neoliberal do "mercado" na campanha eleitoral; as perguntas, escreve a socióloga Thais Moya, "confundem o entrevistado, pois entram no campo do contraditório"; para Moya, formuladas com o claro objetivo de manipular, as questões devem ser objeto de ação dos candidatos democráticos no TSE para cancelá-las ou proibir sua divulgação

Por Thais Moya - Não restam dúvidas de que o golpe perdeu a narrativa histórica, pesquisas demonstram isso por meio de diversas facetas, como a rejeição recorde do governo Temer, a maioria de intenção de votos em Lula para presidência, a liderança isolada do PT como partido preferido, o aumento da rejeição do juiz Sergio Moro, a decadência do PSDB e de seus caciques, como Aecio, Alckmin, Serra, Richa, FHC; o reconhecimento de que Lula sofre perseguição política, etc. Enfim, se na prática, por meio das instituições, o Golpe vai muito bem, no imaginário popular ele chafurda na lama.
A eleição, mesmo fraudada por meio da exclusão de Lula, é a opção mais "limpinha" que os golpistas possuem para construir legitimidade democrática e representatividade popular, porém, as declarações e ocupações estratégicas de generais no Estado já escancararam os dentes da possibilidade da total ruptura constitucional, se essa for necessária, como bem desenhou o colunista Mauro Lopes (aqui). O Brasil, hoje, se encontra em cima de uma ponte prestes a desabar sobre uma ditadura, ou, caso não arrebente, tem, de um lado, uma eleição de cartas marcadas que vai inevitavelmente coroar um governante golpista, ou, do outro lado, um cenário de resistência e luta mais radicais, com denúncia do Golpe, greves e manifestações, que acentuariam, em curto prazo, a crise social e econômica. Ou seja, literalmente "se ficar o bicho come, se correr, o bicho pega".
É importante repetir incessantemente que essa ponte podre tem nome: Ponte para o Futuro, e foi minuciosamente elaborada pelos golpistas, que colocaram-na em prática de modo extremamente acelerado, aprovando a PEC do teto como prioridade, que congelou, por vinte anos o orçamento, em Educação e Saúde; também aprovaram uma reforma trabalhista que driblou o trâmite das emendas constitucionais, por meio de um projeto de lei desenterrado do governo FHC; assim como pautaram na sociedade, com amplo apoio midiático, a Reforma da Previdência, que só não foi aprovada ainda, porque há alta resistência popular, e os parlamentares, muito queimados pelo apoio ao golpe, receiam se prejudicar ainda mais no pleito eleitoral que se avizinha; ou seja, é muito provável que aproveitem o marasmo pós-eleitoral para emplacarem-na sem que as repercussões sejam tão prejudiciais.
Embora demonstrem alta efetividade, como dito, o Golpe carece urgentemente de legitimidade popular, sendo assim, e as três pautas mencionadas – previdência, direitos trabalhistas e políticas sociais – que tem sido impostas à revelia e desconhecimento da população, precisam ganhar ares de populares, criando um cenário mais favorável para o próximo governo golpista, seja eleito ou ditatorial.
A Globo figura como a protagonista dessa missão, pois, há anos, trabalha intensamente - por meio dos jornais, comentaristas e programas de entretenimento – na doutrinação de que um Estado enxuto, que se preocupe exclusivamente com o equilíbrio do mercado financeiro é a melhor solução para os brasileiros. A tática atual, bastante sórdida, por sinal, ocorre por meio das pesquisas eleitorais, desenvolvidas por IBOPE e Datafolha, que incluíram nos questionários perguntas capciosas que visam confundir e induzir o entrevistado a defender as três pautas reformistas já mencionadas. Ou seja, uma grosseira manipulação para construir a narrativa de que o próximo governo terá apoio popular para implementar e consolidar tais políticas. As pesquisas serão divulgadas amanhã (terça) e quinta-feira.
Se você tiver estômago para ler as questões do IBOPE em voz alta perceberá a baixeza que o instituto se submeteu, colocando questões que evidentemente são prejudiciais de modo afirmativo, o que obviamente confunde o entrevistado, pois entra no campo do contraditório, o qual exige muito mais do indivíduo no que tange a interpretação de texto:
A) Estou disposto(a) a pagar mais impostos para ajudar o Brasil a sair da crise
B) Estou disposto(a) a demorar mais tempo para me aposentar, para ajudar a melhorar a situação da Previdência Social no Brasil
C) Eu apoio a redução de gastos do Governo Federal em áreas como saúde e educação, se isso for ajudar o país a sair da crise
O renomado Datafolha não saiu menos queimado no que se refere a mau caratismo, aplicou a fórmula do "ovo ou a galinha" com evidente intenção de induzir uma resposta que favoreça a diminuição dos direitos trabalhistas.
O que é mais importante pra você: ter um salário mais alto como autônomo, sem benefícios trabalhistas e impostos mais baixos ou ter carteira de trabalho assinada, com os benefícios trabalhistas e pagando impostos mais altos?
1 - ter um salário mais alto como autônomo, sem benefícios trabalhistas e impostos mais baixos
2 - ter carteira de trabalho assinada, com os benefícios trabalhistas e pagando impostos mais altos
Como estão derrotados no campo do apoio popular, os golpistas estão literalmente fraudando o mesmo, por meio de institutos renomados, para dar seguimento e validação aos projetos que tem destruíndo nossos direitos. Está em curso, portanto, uma nova fase, talvez, a mais perigosa, do Golpe, e é urgente que os candidatos democratas e suas coligações entrem urgentemente com recursos com vistas a cancelar tais questões e proibir a divulgação de seus resultados.

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