Tendência é de alta para preços dos combustíveis

Andrielle Mendes
Repórter de Economia


Embora a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponte queda nos preços da gasolina e do etanol vendidos nos postos de combustíveis em Natal, a tendência é de elevação de preços. O  combustível vendido pelas distribuidoras para Natal já está mais caro. E, segundo o Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo do Rio Grande do Norte (Sindipostos/RN), poderá haver reajuste para o consumidor  "nos próximos dias". Atualmente, na capital, o litro da gasolina custa, em média, R$ 2,667 e o do etanol R$ 2,179, segundo levantamento da ANP.
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No caso do etanol, o reajuste verificado na última semana, repassado pelas distribuidoras em Natal, é de 2,6%. No RN, o reajuste do etanol nas distribuidoras é de 1,5% em relação à semana passada. 

O álcool anidro, que é misturado à gasolina, e o hidratado, mais conhecido como etanol, subiram, em média, 11% este mês em São Paulo, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP). Enquanto o preço do álcool anidro subiu 11,4%, o do hidratado subiu 12,8% entre 23 de maio e 24 de junho. O setor de postos estima que haverá repercussão também no RN.

Segundo Júnior Rocha, presidente do Sindicato, ainda não é possível precisar como este reajuste impactará o preço final dos combustíveis no RN e em Natal nem quando será repassado para o consumidor final. Embora não possa fixar uma data, Júnior Rocha acredita que o reajuste chegará nas bombas 'num período muito breve'. De acordo com os pesquisadores do Cepea, a elevação dos preços é reflexo da demanda aquecida dentro do País.

Levantamento

Segundo levantamento da ANP divulgado ontem, o preço do etanol vendido nos postos de combustíveis subiu  3,3% em São Paulo, principal mercado produtor e consumidor de etanol do País, avançou em outros 9 estados e recuou em 15 na última semana. A maior queda nos preços do etanol, de 1,44%, ocorreu nos postos do Rio Grande do Norte. 

Segundo Júnior Rocha, do Sindipostos no estado, que ainda não sabia da queda do etanol apontada no levantamento, o reajuste anunciado pelos produtores preocupa donos de postos no RN. Isso porque o Brasil está em plena safra de cana de açúcar, período caracterizado pela redução, e não pela elevação de preços nos produtores. "Se os preços já estão assim agora, imagine durante a entressafra?", questiona. Para o presidente do Sindipostos, o problema é resultado, principalmente, da falta de investimentos na produção de álcool no País.  "Não houve grande investimento na safra nos últimos anos. Desde 2008, quando eclodiu a crise econômica mundial, os investimentos nesta área diminuíram, reduzindo também a produção". 

Em contrapartida, o número de automóveis vendidos nos últimos anos cresceu mais do que a capacidade de produzir combustíveis, encarecendo os preços. "Em 2010, a produção de álcool subiu 2% no Brasil em relação ao ano anterior. A de automóveis subiu 20%", exemplifica Júnior Rocha. Segundo o empresário, o governo federal deverá tomar medidas mais rígidas para tentar controlar os preços. "Acredito que o governo deve diminuir  a percentagem de álcool misturado à gasolina ou sobretaxar a exportação de açúcar, tornando a produção de álcool mais atrativa que a de açúcar", prevê.

Outro lado

A equipe de reportagem entrou em contato com a Unica, entidade que representa as usinas produtoras de álcool, para saber se há, de fato, um movimento de alta, qual sua razão, e a tendência para as próximas semanas, mas foi informada que "a Unica não comenta tendências, porque não são os produtores de cana-de-açúcar os únicos responsáveis pelos valores do etanol nas bombas. Há outros envolvidos no mercado, incluindo distribuidores, varejo e o quanto cada Estado cobra de ICMS sobre o produto", sem responder se há, de fato, este movimento e qual sua razão. O Sindicato das Distribuidoras também foi procurado mas não respondeu, até o fechamento desta edição.
Fonte: TN Online

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