Após greve do Itep, população enfrenta filas para tirar documentos

A greve dos servidores do Itep terminou na semana passada, mas os transtornos e dificuldades para obter atendimento persistem para quem vai à sede do Instituto localizada no bairro da Ribeira, em Natal. As filas no setor onde é emitido o Registro Geral [as chamadas identidades] mantêm os usuários expostos a sol e chuva. Os 31 dias de paralisação gerou uma enorme demanda reprimida, com reflexo direto nessas filas que se forma nas primeiras horas do dia.

São cidadãos comuns que se deslocam de bairros distantes ou mesmo de cidades da Região Metropolitana de Natal, alguns carentes e sem condições até mesmo de comprar um lanche para aguentar as horas de espera ao relento, expostos à toda sorte. No prédio, sobram reclamações - dos usuários em função da demora, dos servidores quanto à falta de condições e sobrecarga de trabalho.

Adriano AbreuDepois da greve, população agora enfrenta fila para tirar documentosDepois da greve, população agora enfrenta fila para tirar documentos

A cena das filas em frente à  Coordenadoria de Identificação (Coid), setor responsável pela emissão de documentos, parece ser algo incorporado à paisagem da rua Ferreira Chaves entre a manhã da segunda-feira até a sexta-feira, dias de atendimento ao público. São idosos, deficientes físicos, mulheres com crianças e em comum a necessidade de pagar por um serviço - a cédula de identidade.

Maxsuel Bessa Laurentino, 29 anos, disse que estava na fila para conseguir a identidade desde as 8h. Passadas quatro horas, o motorista ainda tinha seis pessoas à sua frente para conseguir entrar no Coid. Mas a empreitada dele não terminaria ali, pois na sala de espera havia outras dezenas de pessoas.

Outra reclamação feita pelas pessoas que esperaram em média cinco horas na fila da calçada era em relação ao controle de entrada na Coordenadoria. "Nós que estamos desde as 8h da manhã cumprindo a ordem da fila vemos algumas pessoas que chegaram depois conseguir entrar", reclamaram. "E ainda saem daí com a carteira de identidade e rindo da gente, que está na fila", completou Maxsuel.

Carpegiane Ribeiro da Silva, 33 anos, não estava há muito tempo na fila, cerca de 30 minutos segundo ele. Porém, com a quantidade de pessoas que esperava do lado de fora, ele não acreditava que sairia com sua carteira de identidade, que precisa para entrar no novo emprego. "Preciso da identidade para entrar num trabalho novo, mas pela quantidade de gente que já está esperando, acho difícil conseguir tirar a identidade hoje", disse.

Andreia Roberta, 28 anos, é cabeleireira e acompanhava a irmã, que precisava retirar a ficha de antecedentes criminais. "Acabamos de chegar aqui no Itep e parece que vamos esperar que nem na Central do Cidadão", disse se referindo ao tempo que passou na unidade na avenida Rio Branco, na Cidade Alta. Segundo Andreia, a unidade da Central do Cidadão do Centro estava "muito suja e sem água". A cabeleireira disse ainda que "não dava nem pra lavar as mãos", no lugar que ficou das 7h às 12h da última terça-feira.

De acordo com Djair Olveira, presidente do Sindicato de Polícia (Sinpol), a demanda reprimida ao longo dos 33 dias de greve deve ser sanada com a reposição de um dia a mais de trabalho, em cumprimento do acordo com o estado de pagar pelos dias não trabalhados durante a greve. Segundo Djair Oliveira, os servidores devem compensar as horas não trabalhadas aos sábados, visando dar velocidade aos atendimentos para emissão de laudos, perícias, certidões negativas e carteiras de identidade.

"A greve foi um avanço. No próximo dia 19 estaremos reunidos com o corregedor para fechar os pontos pendentes no Estatuto. Isso dará ainda mais celeridade para que seja possível encaminhar à Assembleia Legislativa para votação", afirmou Djair.

Diante dos problemas constatados e denunciados pelos usuários quanto à recorrente denúncia de má qualidade no atendimento ao público, a reportagem tentou falar com o diretor geral do Itep-RN, Nazareno de Deus. Durante dois dias seguidos, a TRIBUNA DO NORTE tentou obter do administrador do Instituto as explicações e eventuais providências que seriam ou estavam sendo adotadas para melhorar o atendimento e as condições de trabalho. As tentativas foram em vão.

A reportagem esteve por duas vezes  na sede do Instituto na última terça-feira, prédio vizinho à Coid, mas não foi recebida pelo diretor. Tentou contato via telefone celular, sem sucesso, e esteve na sede da Secretaria de Segurança Pública para tentar essas informações através do secretário, ou mesmo com Nazareno de Deus, que na manhã ontem estaria na Sesed, mas foi informada que a reunião havia acabado. Por último, tentou falar com o secretário através da assessoria de imprensa, mas até o fechamento desta edição não obtivemos retorno.

do TN

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