Governo desconhece causa da sequência de apagões, mas descarta sabotagem


Carolina Martins, do R7, em Brasília

Nordeste, Estados do Norte e Distrito Federal sofrem com apagões no País
As autoridades do governo federal responsáveis pelo sistema de energia elétrica do País não sabem explicar o que está gerando os problemas que ocasionam os apagões em sequência. O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, declarou nesta sexta-feira (26) que a probabilidade de blecautes em série, da maneira como está ocorrendo, é praticamente zero.
Segundo ele, o sistema é planejado para isolar problemas pontuais, mas isso não está acontecendo. Para o ministro, essas falhas não são normais.
— É uma ocorrência que não é normal para um sistema desse porte como o brasileiro. Essa sequência de ocorrências que nós tivemos é praticamente impossível de ocorrer. Até preocupado com essa ocorrência, que é diferente, até pela probabilidade de ocorrência baixíssima, mandamos uma equipe para fazer inspeção nesses equipamentos.
As declarações foram dadas depois de cerca de duas horas de reunião do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), convocada depois do apagão desta madrugada no Nordeste. O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, também participou da reunião e fez questão de afastar a possibilidade de sabotagem ao sistema.
— Não há a menor hipótese de sabotagem. Só seria viável essa possibilidade se o dano fosse provocado por vandalismo. Mas não foi isso que aconteceu. O equipamento teve uma falha e o sistema de proteção falhou.
Falhas
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o problema está no chamado sistema primário de proteção, responsável por isolar eventuais falhas e evitar os apagões. No entanto, esse dispositivo não está funcionando como deveria.
Um pente-fino está sendo realizado nas empresas de transmissão, desde o primeiro apagão, no fim de setembro, para verificar a situação do sistema em cada uma das distribuidoras. Além disso, uma equipe de técnicos foi até à subestação de Colinas, em Tocantins, origem do problema que gerou o apagão no Nordeste.
Somente depois do relatório com as análises, o ministério deve se pronunciar sobre as razões do blecaute. No entanto, não há data para o documento ficar pronto.
Na semana que vem, o ONS deve divulgar um relatório preliminar com as primeiras informações do apagão desta sexta-feira.
Apagões
O blecaute começou por volta das 23h15 da última quinta-feira (25) em Estados do Norte e Nordeste, além de parte do Centro-Oeste, atingindo Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O apagão também afetou parte do Tocantins, do Pará e do Distrito Federal.
De acordo com a presidência da Taesa, responsável pela linha de transmissão onde ocorreu a falha, chovia no momento do apagão.  O presidente da empresa, José Ragone, acredita que a principal hipótese é de que um raio tenha sobrecarregado a rede e causado um curto-circuito.
Segundo Ragone, se o sistema de proteção estivesse funcionando, o blecaute seria evitado.
— A proteção, atuando incorretamente, fez com que o problema se espalhasse. Nós vamos apurar agora a causa do problema. A não atuação adequada da proteção deve ser investigada.
Em pouco mais de um mês, esse foi o quarto apagão de grandes proporções. Na última sexta-feira (19), 60% do Distrito Federal ficou sem luz por 40 minutos durante a tarde. No início do mês, a capital do País também foi atingida por um blecaute que deixou o centro do poder político — Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal — sem luz.
No fim de setembro, dia 22, um problema deixou nove Estados da região Nordeste sem energia elétrica por quase quatro horas. De acordo com o governo, todos os problemas foram motivados por falhas no sistema de proteção.
Copa do Mundo
Mesmo com os problemas, o Ministério de Minas e Energia garante que o sistema segue os padrões internacionais e que é um dos melhores do mundo.
Segundo o ministro Zimmermann, “o  Brasil vai ter uma excelente oportunidade de mostrar sua qualidade” durante a Copa do Mundo de 2014.

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