
O Pronto Socorro do Hospital Giselda Trigueiro continua recebendo apenas casos de urgência e emergência de pacientes com doenças infectocontagiosas e vítimas de mordeduras de animais. Os demais casos estão sendo encaminhados para outros hospitais e para as unidades básicas de saúde. Desde o último sábado (22), o PS está fechado devido à alta demanda de pacientes, falta de estrutura física e constante falta de medicamentos e materiais básicos, como esparadrapo. Na manhã desta quarta-feira (26), servidores do hospital realizaram um protesto em frente à unidade contra as péssimas condições de trabalho.
O Sindicato pretende aproveitar a mobilização nacional em todo o país, para cobrar dos governos mais investimentos em saúde e o respeito aos servidores. “A luta nas ruas que começou pela passagem é um grito pelos direitos que os governantes negam à população. E o principal direito negado é o direito à saúde, o direito à vida por falta de investimento”, afirma Simone Dutra, coordenadora-geral do Sindsaúde.
A diretora de formação política e sindical do Sindicato dos Servidores Estaduais da Saúde do RN (Sindsaúde-RN), Rosália Figueiredo, explicou que o protesto faz parte do calendário de mobilizações que o Sindicato está fazendo em relação as denúncias no que diz respeito às condições de trabalho. “A situação aqui é muito complicada porque faltam materiais básicos como atadura, gazes e esparadrapo. O secretário de Saúde, Luiz Roberto Fonseca, disse que estaria mandando uma ambulância de Santo Antônio do Salto da Onça para suprir a necessidade do hospital, mas isso não aconteceu. Ele disse que estaria colocando a Unicat aqui dentro para suprir a necessidade de medicamentos, mas essa necessidade não foi suprida. Então, o que o secretário disse é um engodo para a população, pois quem está aqui dentro é que está sofrendo com essa situação”, afirmou a diretora.
Rosália Figueiredo disse ainda que o déficit de funcionários na unidade é grande, já que um técnico de enfermagem, por exemplo, é responsável por mais de dez pacientes, na maioria das vezes, em estado grave e em condições inadequadas. A sindicalista também citou o relatório do Tribunal de Contas do Estado que apontou um déficit de 1.883 técnicos de enfermagem no RN. “Isso é o retrato da saúde pública no Governo Rosalba. Todos os hospitais passam por isso, pois o Governo não investe na saúde pública e o Giselda Trigueiro passa por uma crise aguda grave”, destacou a diretora do Sindicato dos Servidores Estaduais em Saúde.
O técnico de enfermagem do Pronto Socorro do Giselda Trigueiro, Marcelo Guedes, conta que a situação do hospital é caótica. “Falta tudo. Não tem alguns tipos de seringas e as poucas que tem não dá para uma semana. Faltam antibióticos básicos e a nossa farmácia está completamente defasada. A estrutura física é precária e deficiente para acomodar os pacientes e funcionários. Os aparelhos de ar condicionado não funcionam. Quando não tem esparadrapo, improvisamos e fechamos os curativos com fita adesiva”, disse.
Marcelo Guedes disse que as condições precárias e a sobrecarga de trabalho têm feito os profissionais adoecerem e muitos já começaram a faltar. “É frustrante e desgastante trabalhar nessas condições. OS funcionários estão cansados e muitos já adoeceram. Em minha opinião, o hospital deveria ser interditado, pois ele não tem a menor condição de funcionamento. Hoje, funciona com a dedicação dos funcionários, a base de quebra-galho, mas não estamos prestando a assistência adequada à população por falta de estrutura”, afirmou o técnico de enfermagem.
Nesta quinta-feira (27), o ato será no Hospital Santa Catarina, cuja pediatria vive uma crise há meses, com falta de médicos, servidores e leitos. A situação foi agravada, após o fechamento da maternidade Leide Morais. A Secretaria Estadual de Saúde abriu novos leitos para a obstetrícia, sem colocar mais profissionais. Assim, além da superlotação, há o excesso de trabalho, com cada equipe atendendo 114 pacientes, segundo denuncia o Sindsaúde.
Fonte: JH
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