O Brasil muda de patamar aos olhos das potências econômicas e bélicas com a produção do submarino brasileiro com propulsão nuclear e os de propulsão convencional (diesel-elétricos), de acordo com o Almirante Ney Zanella dos Santos, diretor-presidente da Amazul, na segunda parte da entrevista ao Conversa Afiada.
Na última semana, ele conversou com Paulo Henrique Amorim sobre o programa nuclear brasileiro. No primeiro bloco da conversa, o Almirante afirmou que o submarino nuclear deixará como legado o fortalecimento da base industrial de defesa no Brasil.
Agora, ele acrescenta: “são cinco ou seis países que se atreveram a fazer isso. A sala de reunião em que vamos sentar vai mudar de andar. Nós vamos para o andar de cima. O patamar estratégico muda”, conta.
Zanella ainda explicou a importância, para a defesa nacional, da construção dos submarinos com propulsão nuclear.
“O nosso armamento visa a nossa defesa.Por exemplo, para tomar conta da nossa costa hoje, seria preciso de 20 a 30 submarinos convencionais. Já o projeto da Marinha é ter entre três e quatro de propulsão nuclear”, revela.
Cada submarino com propulsão nuclear chega a custar US$ 2 bilhões.
Acompanhe outros trechos da entrevista:
Almirante Othon
Na area nuclear, não existe transferencia de tecnologia, porque cada país desenvolveu o seu processo autônomo. E o Alamirante Othon é o pai dessa questão, pois ele, na década de 1980, conseguiu a chamada separação isotópica.
Por que os submarinos de propulsão nuclear
O submarino nuclear é um engenho muito caro. O de modelo de ataque, que é o que estamos fazendo, custa em torno de US$ 2 bilhões por unidade.
O nosso armamento visa a nossa defesa.
Para tomar conta da nossa costa hoje, seria preciso de 20 a 30 submarinos convencionais. O ciclo de vida dele é pequeno.
Já o projeto da Marinha é ter entre três e quatro de propulsão nuclear.
Quem tem submarino nuclear
São países que têm dimensões oceânicas muito grandes. Não justifica, por exemplo, a Alemanha e a Itália terem o submarino nuclear.
A Inglaterra, França, Estados Unidos, China, Rússia e Índia têm.
Os indianos usaram um processo diferente. Eles não trabalharam com o enriquecimento de urânio como a base. Já o Brasil achou que se ele tivesse o dominio do combustível depois ele partia para o reator.
Urânio e capacidade de enriquecê-lo
Brasil entre a terceira e a quinta maior reserva de urânio do mundo. Pode ser a primeira, já que não prospectamos tudo, pois ainda usamos pouco.
Temos, basicamente, duas fontes: Na Bahia, em Caitité, e Santa Quitéria, no Ceará.
Em Minas, tem o nióbio, que para o submarino nuclear é importantíssimo, pois o nióbio faz parte do motor elétrico, que é de altissima tecnologia.
A produção de Radiofármacos
A capacidade brasileira de geração do componente quimico que faz quimioterapia, ressonância magnética, tomografia computadorizada é de 1 milhão e 700 mil unidades. A demanda hoje está na faixa de 3 milhões. Ou seja, a produção nacional está aquém da demanda.
O Brasil tem que importar.
O reator brasileiro
O reator multiproposito brasileiro vai ser operado pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) com a parceria com a Amazul, em um modelo que ainda será definido.
Ele será construído no terreno de Aramar, [em Iperó, Região de Sorocaba-SP] onde a Marinha já tem seus laborátorios e esse reator dará a capacidade de 4 milhões e 500 mil de geração do componente químico dos exames médicos já citados.
O que o Brasil ganha com uma defesa nuclear
Nós usamos a atividade nuclear como geração de energia.
Envolvidas no Prosub são, mais ou menos, 200 empresas brasileiras e a tendência é crescer.
Nós vamos fortalecer uma base industrial com tecnologia que ainda estamos conquistando.
E vamos dar ao Brasil profissionais capacitados. Ou seja, a Amazul tem a tarefa de capacitar para essa atividade.
E a mais importante é que são cinco ou seis países que se atreveram a fazer isso.
A sala de reunião em que vamos sentar vai mudar de andar. Nós vamos para o andar de cima. O patamar estratégico muda.
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