Engorda: Seinfra vai analisar em10 dias contestações de empresas

Praia de Ponta Negra terá faixa de areia ampliada. Isso pode diminuir erosão no Morro | Foto: Adriano Abreu

Encerrado o prazo para que as empresas que demonstraram interesse em realizar a engorda da praia de Ponta Negra promovessem contestações acerca das concorrentes habilitadas para o processo. O prazo era até 00h desta quarta-feira (03), segundo informações da Secretaria de Infraestrutura de Natal (Seinfra). A expectativa, a partir de agora, é de que num prazo de até 10 dias a comissão de licitações analise as contestações e recursos apresentados para dar prosseguimento ao processo.

Segundo o secretário da Seinfra, Carlson Gomes, as três empresas participantes que se habilitaram a participar do edital contestaram umas às outras, apresentando recursos e interposições para participação, com questionamento de certidões, documentos, atestado de execução de obras, entre outros pontos.

“Quando o município deu a habilitação das empresas, foi aberto prazo de vistas de 5 dias para que elas analisassem as documentações umas das outras. Após esse prazo todas as três que participam entraram com recursos contra as empresas. Foi dado um prazo para que elas se defendam dessas questões apontadas, prazo que se encerra às 00h desta quarta-feira (03). A partir desta quinta o setor de licitações da Seinfra é quem vai analisar os recursos e defesas impetradas”, explica Carlson Gomes. “Vamos ver se analisamos isso em no máximo 10 dias”, acrescenta.

Entre as empresas participantes está o consórcio Jandenul/Edcon Construções, da Bélgica e Ceará, respectivamente; o consórcio Vanord/Coastal, da Holanda e de Pernambuco; e pela DTA Engenharia, de São Paulo.

A TRIBUNA DO NORTE consultou os portfólios de obras das três empresas habilitadas. Segundo constam nos sites das empresas, a DTA e a Edcon foram responsáveis por obras de engorda em Balneário Camboriú-SC e Matinhos-PR e Fortaleza-CE, respectivamente. Já a empresa holandesa Vanord possui experiências em projetos de dragagem e engenharia hidráulica e “nutrição de praia” em ações na Holanda.

A obra da engorda da Praia de Ponta Negra pode resolver um problema que tem se intensificado em Natal nos últimos anos: o processo de erosão do Morro do Careca. O tema vem sendo acompanhado com várias reportagens pelo jornal TRIBUNA DO NORTE. O projeto está em discussão há vários anos em Natal e será um alargamento na faixa de areia da praia, com até 50 metros na maré cheia e 100 metros na maré seca.

Atualmente, em situações de maré cheia, bares, barracas e banhistas ficam praticamente impedidos de frequentar a areia e o mar. Segundo os estudos feitos pela empresa paulista Tetratech, a engorda será feita a partir de um “empréstimo” de areia submersa trazida de uma jazida em Areia Preta para Ponta Negra.

Ao todo, serão utilizados cerca de 1 milhão e 100 mil metros cúbicos de areia para a obra da engorda. Os trabalhos contarão com uma draga de sucção e aos poucos será depositada em trechos a cada 200m na praia. Após o transporte de areia, será necessária uma terraplanagem com espalhamento, compactação e nivelamento do aterro por meio de tratores.


Além disso, a engorda da praia de Ponta Negra pode “salvar” o Morro do Careca, principal cartão postal de Natal, que sofre há anos com a erosão costeira e a descaracterização de sua paisagem. Segundo especialistas, a situação vem ocorrendo em virtude do avanço do mar, que acaba chegando mais facilmente na base do morro, gerando desgaste e rachaduras.

O processo de erosão do Morro do Careca, em Ponta Negra, preocupa banhistas e turistas que visitam um dos principais cartões-postais da cidade. Ao longo dos últimos anos, uma falésia vem se formando e “disputando” lugar com a duna famosa, o que aumenta a probabilidade de desmoronamentos, por exemplo. No local, não é difícil perceber o deslizamento de areia, que desce da “careca” do morro até a base, formando uma duna menor ao lado da falésia.

Um artigo científico produzido por professores e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apontou que o morro diminuiu 2,37 metros na altura em 17 anos. A mudança na paisagem desperta o alerta dos frequentadores da praia.

 

Tribuna do Norte

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