Simulação deve esclarecer como presos escaparam

A reconstituição da maior fuga da Penitenciária Estadual de Alcaçuz foi realizada na manhã de ontem. Os promotores da Comarca de Nísia Floresta, Márcio Cardoso e Hellen de Macedo Maciel, refizeram - com o auxílio de um detendo, escolhido de forma aleatória - os passos dos 41 presos que escaparam do presídio no dia 19 de janeiro passado. A ação faz parte da investigação do processo instaurado pelo Ministério Público, para apurar se houve facilitação na maior fuga em massa do presídio, considerado de segurança máxima. A imprensa não teve acesso à simulação.

Adriano AbreuInvestigação quer esclarecer como 41 detentos fugiram das dependências de Alcaçuz, presídio considerado de segurança máximaInvestigação quer esclarecer como 41 detentos fugiram das dependências de Alcaçuz, presídio considerado de segurança máxima

À  época, a promotora substituta, Hellen de Macedo Maciel instaurou o Procedimento Investigatório Criminal, em caráter de urgência, para apurar se houve omissão, negligência ou conivência dos agentes penitenciários e policiais militares que trabalhavam no momento em que os apenados escaparam. A reconstituição é, segundo a promotora, a última diligência antes do Ministério Público concluir o processo. 

Questionada se já é possível, com a reconstituição, descartar a possibilidade de facilitação para a saída dos detentos, Hellen de Macedo Maciel preferiu não se antecipar e aguardar o término das investigações e análise das provas.  A previsão é que em 15 dias, contados a partir da entrega do laudo de reconstituição da Coordenadoria de Criminalística do Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP), os três promotores que conduzem o caso se posicionem. O ITEP  deverá  entregar o relatório até esta sexta-feira, dia 30. 

Caso seja comprovada a participação de algum agente penitenciário, este será denunciado nominalmente para responder pelo crime. Do contrário, explica a promotora, o caso será arquivado. 

A intervenção permitiu ainda avaliar a precariedade do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, "embora considerado de segurança máxima", observa Hellen Maciel, "revela que o cuidado reiterado não é dado e está em situação irregular". A promotora lembra que há, na Comarca de Nísia Floresta, inúmeras recomendações em relação a adequações sanitárias e melhorias em infraestrutura do presídio.

A simulação foi considerada positiva, para a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do  Norte (Sindasp-RN), Vilma Batista da Silva, que acompanhou o trabalho.

A reconstituição, enfatiza Vilma Batista da Silva, confirma a versão apresentada pelos agentes penitenciários de Alcaçuz que alegaram o estado precário do local:  "Todas [as celas] sem cadeados, o que  possibilitou, com o uso de algum artefato comprido, a abertura das  grades pelos presos".

Tal versão foi apresentada pelos agentes penitenciários, em um vídeo onde reproduziam como a fuga da unidade prisional de segurança máxima teria ocorrido sem a participação de terceiros. Os detentos teriam arrancado pedaços de ferros das estruturas das paredes que estariam quebradas e amarrado esses pedaços com tiras de panos, formando uma vara de aproximadamente dois metros de comprimento.

Em 12 fevereiro, como mostrado pela TRIBUNA DO NORTE, o laudo da Coordenadoria de Criminalística do Instituto Técnico-Científico de Polícia também atestou, por meio de análises, a fragilidade da estrutura do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, alvo de um incêndio em motim realizado na semana anterior ao incidente. 

A participação da direção do presídio no procedimento do MPE, conforme informou o diretor Cleber Galindo, se restringiu a fazer o isolamento da área e garantir a segurança dos participantes. O diretor preferiu não comentar sobre o possível resultado da ação e pediu para procurar os promotores responsáveis. Contudo, afirmou que  medidas de reforço  nos padrões de segurança e de criação de um sistema de informações foram implantadas. "Vamos aguardar o término das investigações que o Ministério Público está realizando", disse.

do TN

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