Demétrio Torres: "Vamos entregar as obras da copa dentro do prazo previsto"

As desconfianças acerca da viabilidade do projeto Copa do Mundo em Natal não afetam mais Demétrio Torres. O secretário extraordinário para assuntos relativos à Copa do Mundo se diz acostumado às desconfianças em torno da construção do estádio Arena das Dunas e da realização das obras de mobilidade. Mas mesmo assim ele tem segurança de que o Estado cumprirá com suas responsabilidades. "Nós nos acostumamos a essa desconfiança. Mas a empresa e o Governo do Estado não têm dúvida do término no prazo. Eu repito sempre: nós não estamos palpitando. Nosso planejamento é baseado em engenharia", relata Demétrio.
Demétrio Torres, secretário extraordinário para assuntos relativos à Copa do MundoAlex RégisDemétrio Torres, secretário extraordinário para assuntos relativos à Copa do Mundo

Em entrevista, o secretário fala sobre o papel do Governo do Estado, detalha como será a Arena das Dunas e assegura que todos os prazos serão cumpridos.

O senhor sempre foi muito otimista em relação ao mundial de seleções em Natal?

A gente fala muito que é importante para o Estado porque existe um envolvimento com o processo e há exemplos de sucesso por conta dos jogos em outras partes do mundo. Existe um esforço grande do Estado para realizar esse evento. É importante falar sobre isso para envolver as pessoas, envolver a população. A população precisa participar.



Que exemplos são esses?

Existem muitos exemplos positivos. Alguns negativos também. E é bom frisar isso. Se nós não fizermos a nossa parte, o resultado pode ser decepcionante. Esse resultado será tão melhor quanto melhor for nossa atuação no sentido de nos prepararmos. Há algumas cidades na África do Sul, por exemplo, onde o legado não foi tão positivo. Eles não conseguiram fazer isso. Mas Natal é diferente. Primeiro porque o principal negócio da cidade já é o turismo, pelos nossos recursos naturais, pela beleza da cidade etc. Isso é uma parte. Se nós fizermos algo a mais no bem receber, nas obras que são necessárias para o evento, a festa em si, eu não tenho dúvida de que será uma grande oportunidade.

Qual será o maior legado?

A gente fala muito no legado em termo de obras, que é muito importante e já vieram e estão vindo muitas obras, mas na verdade eu acho que o legado maior é a confiança da população, da sociedade em geral, de que nós podemos fazer as coisas. No começo, não se acreditava porque nós nos achávamos incapazes. No início, ninguém acreditava. De repente, essas condições foram se criando. Mas depois o engajamento propiciou o sucesso. Agora precisamos fazer um bom evento.

Qual o papel da Secretaria da Copa nisso?

Cada estado criou uma estrutura própria para a Copa. A maioria criou essas secretarias extraordinárias para a Copa. No caso do Rio Grande do Norte, devido à condição de estar sempre próximo do tal regime prudencial, é preciso fazer a coisa menor. Quando a Fifa exige que a secretaria da Copa comande todas as ações, nós fazemos o seguinte. Embora tudo o que vem da Fifa passe pela secretaria, o que é específico é passado para a secretaria correspondente. Saúde, segurança, trabalho, etc. Não adianta querer fazer uma equipe grande somente para a copa, até porque as secretarias têm mais condição de tratar esses temas específicos. E já estão tratando. A Secretaria da Copa atua na intermediação.

E a Arena?

Como eu acumulo a direção do DER, acabo acompanhando também a questão da Arena das Dunas. Isso está dentro do cotidiano do DER, tanto a Arena quanto as obras de mobilidade, com exceção da avenida Roberto Freire.

O RN irá ganhar um novo estádio. Que padrão terá a Arena?

Será muito mais moderno. Vamos ver o que compõe esse estádio. É um estádio que tem 1,7 mil vagas de estacionamento, sendo 261 internas. O Machadão não tinha quase nada e num espaço de areia solta, sem pavimentação. Teremos camarotes. O Machadão não tinha. Há um espaço chamado de "hospitalidade vip", onde eram as antigas cadeiras numeradas. Esse espaço é bastante valorizado, caro, durante os jogos. Dez mil lugares temporários, que ficam em uma estrutura atrás dos gols. Isso está sendo usado porque se tivéssemos uma arena com 42 mil lugares fixos, ela não passaria nos critérios de viabilidade econômica. Para a mídia vão ser reservados 1.182 lugares. Esse é um diferencial. Num jogo comum, nós temos no máximo 50 profissionais. Na Copa serão mais de mil. Fora quem fazer a cobertura fora do estádio. É muita mídia espontânea para a cidade. Serão pelo menos 3,5 mil profissionais de mídia. É muito importante para Natal que tem no turismo o seu principal negócio. Esse local com o nome de hospitalidade vip pode receber pequenos eventos com até dois mil lugares. Quando acabar a Copa, serão lugares para receber eventos. 

Qual a diferença entre a Arena e os antigos estádios?

É muito diferente porque antigamente havia um conceito onde o estádio só servia para o futebol. Para os jogos. Então você tinha uma grande estrutura utilizada no máximo duas vezes por semana. A Arena tem um conceito diferente. E é importante frisar que será gerida por uma empresa privada, onde tudo o que se faturar será metade para ela e metade para o Governo do Estado. Há espaços para se alugar salas. Uma empresa manda representantes a Natal e precisa de um escritório temporário, ela poderá alugar na estrutura da Arena. Você sempre terá receita para a Arena, ao contrário dos estádios comuns. Os restaurantes da Arena também irão ficar abertos o tempo todo, como um restaurante normal. Então, haverá a movimentação de dinheiro, a entrada de receita, todo o dia. Essa é a diferença do conceito entre esses dois empreendimentos. É como se fosse um shopping de eventos. Nós teremos um shopping de eventos e entretenimento. Claro que o foco é o futebol. Então teremos lojas de venda de produtos licenciados.

Muito se noticia sobre o término da Arena. Coloca-se em dúvida a capacidade do Estado e do Consórcio terminarem a obra em tempo. O que o senhor acha disso?

Nós nos acostumamos a essa desconfiança. Mas a empresa e o Governo do Estado não têm dúvida do término no prazo. Eu repito sempre: nós não estamos palpitando. Nosso planejamento é baseado em engenharia. E são muitos engenheiros. Não há como haver tantos engenheiros errando na mesma coisa. A segurança que nós temos é imensa. Não há dúvida disso. Nós estamos trabalhando 20 metros abaixo do chão. Sobram 40 metros acima. A fundação é bastante complicada e nós já estamos terminando. A obra está dentro do prazo. E nós só estamos trabalhando das 10h às 22h.

Outro fator que nos dá segurança é que grande parte da construção em si é feita com pré-moldado. E nós já temos peças sendo construídas. As pessoas, eu não tenho dúvida, irão começar a acreditar nessa arena.

Como está o relacionamento do Governo do Estado com a Fifa?
É o melhor possível. É uma grande parceiro. O nosso relacionamento é bom. Mas o relacionamento diário é com o Comitê Local, que coordena as ações no Brasil. Nós não temos dificuldades nenhuma. A relação com o COL é amigável.

Como estão as obras de mobilidade?

São coisas diferentes. A matriz de responsabilidade que Estado e Prefeitura assinaram em relação à Copa, no PAC Copa, onde cada um tem a sua função e a sua responsabilidade. Mas você não precisa fazer somente aquilo que está ali pactuado. Eu vou dar um exemplo: nós estamos defendendo que a entrada de Natal pela BR-101 está estrangulada. Nós estamos desenvolvendo uma ação, a partir de um pleito da governadora. Há dois grandes problemas na Grande Natal: a entrada para a Maria Lacerda e a rótula que leva a São Gonçalo do Amarante. A governadora está empenhada pessoalmente em trazer recursos do Governo Federal, junto com a bancada do Estado, indo ao Ministério dos Transportes para resolver essa questão antes da Copa. Isso é a prova que somente as obras que estão ali podem não ser eficientes. Outra obra é a da estrada que passa pela Coophab, vindo de Parnamirim. Aquela obra, que estava parada, é muito importante porque dá uma nova entrada para Natal. Posso adiantar uma obra que nós vamos executar fora da matriz, que é uma estrada que leva do bairro Planalto até a Cidade da Esperança. É mais uma entrada para Natal fora da matriz. Agora, as obras de mobilidade não são um empecilho para a Copa do Mundo. Será muito melhor tê-las, mas elas não são imprescindíveis. Sempre lembrando que ainda há prazo para fazer essas obras.

Que outras obras de mobilidade o Governo planeja?

A mais importante é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que é uma obra já garantida. É preciso dizer que não se resolve a mobilidade da Copa, não existe a mobilidade da Copa. O que existe é a mobilidade da cidade, o que se resolve é a mobilidade da cidade.

O Governo do Estado planeja a Copa com o Aeroporto de São Gonçalo ou com o Augusto Severo?

O que está na matriz de responsabilidade é o Aeroporto Augusto Severo. Mas com o leilão do aeroporto, abriu-se essa possibilidade. O Consórcio não tem dúvidas de que o Aeroporto de São Gonçalo estará operando. Então existe uma grande possibilidade de ter os dois operando. Da mesma forma, o terminal de passageiros do Porto de Natal deve estar funcionando.
do TN

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