Amaro diz que governo precisa gastar menos e investir mais


Presidente da Fiern, Amaro Sales, concedeu entrevista durante lançamento das comemorações dos 60 anos da Federação. Foto: José Aldenir
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Amaro Sales, disse nesta quarta-feira que o Governo do Estado precisa promover uma imediata redução nos custos da máquina administrativa se quiser fazer investimentos com impacto na economia potiguar.
Ele fez essa declaração durante o lançamento da programação dos 60 anos da Fiern, que se estenderá até dezembro, fechando com uma grande feira da indústria para mostrar o que é produzido no estado.
Cercado pelos jornalistas depois do lançamento do calendário comemorativo dos 60 anos, no qual lembrou em discurso o nascimento da Federação em 27 de fevereiro de 1953, Amaro Sales lembrou que estados muito maiores, mais complexos e mais populosos do que o RN têm máquinas administrativas proporcionalmente mais enxutas.
Citou o caso do Ceará, que em 2008 tinha uma população estimada em oito milhões e meio de habitantes e cuja máquina administrativa é de apenas cinco mil servidores a mais que o RN, com seu pouco mais de 3,2 milhões de habitantes.
Sempre acentuando as boas relações com o governo Rosalba, a cada pergunta que recebia, Amaro acrescentava uma pancada involuntária na administração. Até que deu o tiro de misericórdia ao afirmar que há dois Nordestes dentro do Nordeste – um representado por estados como Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, onde as coisas realmente acontecem em oposição ao outro bloco no qual nada acontece e onde se encontra o Rio Grande do Norte.
Perguntado qual seria, em sua opinião, o problema número um do RN se tivesse que eleger  um ranking das principais dificuldades, Amaro preferiu ser genérico e citar o atraso em relação ao desenvolvimento dos demais estados da região. E não deveria ser assim para o presidente da Fiern. “O fato do RN ter uma economia diversificada, sem depender apenas de uma matriz de desenvolvimento, por si só já deveria produzir um grande diferencial para o seu crescimento”.
Sempre dizendo confiar numa parceria com a governadora e que não basta apenas criticar, quando o fundamental é apresentar sugestões construtivas, parecia difícil para Amaro construir raciocínios que fossem fiéis ao que ele pensa.
Depois de afirmar que muito pouco vem sendo feito pelo turismo do estado, setor que movimenta uma significativa parcela da economia, Amaro foi indagado por um jornalista sobre o percentual de crescimento da indústria no Rio Grande do Norte. A resposta dele foi curta: “Estamos parados”. A pergunta então foi reformulada: “Quer dizer que a indústria no Rio Grande do Norte não cresceu?”. Amaro: “Não crescemos”.
Sobre investimentos públicos na economia, Amaro Sales criticou as políticas insuficientes de incentivos de atração de novas indústrias praticadas no RN e o reduzido investimento em infraestrutura dentro do que importaria prioritariamente para a economia local.  Mais uma vez, ele elogiou a política de atração de investimentos do vizinho Ceará e sugeriu que o RN deveria aproveitar melhor seus diferencias para concretizar projetos.
“Neste exato momento vivemos como consequência da seca que já dura um ano uma redução das reservas hídricas, obrigando o Governo Federal a gastar uma pequena fortuna ativando as termelétricas, que além de caras geram uma energia suja – tudo isso quando a solução está toda aqui com a energia eólica”, afirmou.
De fato, o custo de geração de energia das termelétricas pode chegar próximo de R$ 4 bilhões nos próximos dois meses, no acumulado desde outubro do ano passado, quando estas usinas passaram a ser acionadas para dar segurança ao sistema elétrico do país. A estimativa é do Instituto Acende Brasil com base nos valores dos chamados Encargos do Serviço do Sistema (ESS), calculado a partir da intensidade de geração das térmicas devido aos custos mais elevados desta energia quando comparados aos das hidrelétricas.
Procurando desviar as metralhadoras do governo Rosalba, Amaro Sales falou de macroeconomia. Atribuiu a concorrência desleal travada pela indústria no Brasil, que diariamente perde espaço para os produtos chineses que entram no País a custos de produção infinitamente inferiores. E afirmou que esse problema generalizado prejudica especialmente a indústria têxtil, onde ela tem uma presença importante no RN.
Por fim, ele lembrou a expansão industrial do RN ao longo dos últimos 60 anos para dizer que muita coisa já foi feita no estado. “Quando a Fiern nasceu, tínhamos apenas cinco fundadores, representantes dos segmentos atuantes da época. Hoje, são 28 sindicatos dentro da Federação, como o pescado e o metal-mecânico, mostrando os grandes avanços conseguidos desde então”, lembrou.
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