A movimentação de passageiros e o total de aeronaves pousando e decolando no Brasil despencaram no primeiro quadrimestre do ano e, no Nordeste, o aeroporto Augusto Severo foi um dos que mais sentiram o baque no fluxo. Dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) mostram que o número de passageiros embarcando e desembarcando no aeroporto potiguar caiu 13,79% em relação ao mesmo período do ano passado. O percentual representa 59.314 passageiros a menos.
A queda é puxada pela movimentação internacional, que atingiu o menor nível, tanto para voos quanto para passageiros, desde 2009. Mas a movimentação doméstica também está caindo e o cenário já leva a Infraero a projetar uma queda de 5% no movimento do aeroporto este ano, na comparação com 2012, quando 2 milhões 660 mil 864 passageiros embarcaram e desembarcaram no terminal.
“Isso numa projeção realista, caso essa trajetória que se desenhou nos quatro primeiros meses se mantenha. Torcemos para que o decréscimo não seja ainda maior”, diz o superintendente da Infraero no Rio Grande do Norte, Usiel Paulo Vieira. Ele avaliou o desempenho registrado entre janeiro e abril como “frustrante” e ressaltou que “ninguém mais do que o aeroporto tem interesse em alavancar esse movimento”.
Nos últimos cinco anos, o fluxo no Augusto Severo vinha crescendo acima de 10% ao ano. Em 2012 o avanço não passou de 2%, incluindo nessa conta a movimentação de passageiros em voos nacionais e internacionais.
Nordeste
Na movimentação internacional, o Rio Grande do Norte registrou queda de 26,82% no total de aeronaves e de 13,79% no número de passageiros, na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2012 e o de 2013. Nessa conta entram estrangeiros, mas também brasileiros em viagens ao exterior.
De acordo com o superintendente da Infraero, por trás da desaceleração estão fatores como a redução no número de voos charteres – voos fretados que traziam estrangeiros para o estado – e uma reorganização na oferta de voos de algumas empresas.
“A GOL, por exemplo, quando comprou a Webjet (em 2012) retirou de operação os voos que coincidiam”, disse ele. Também houve redução de voos da TAM.
Outros aeroportos do Nordeste estão com os números no vermelho. Mas o quadro, ao menos internacional, é mais grave no RN (veja o quadro).
Uma das possibilidades para tornar o estado mais competitivo seria a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o combustível da aviação, segundo entidades ligadas ao turismo. O incentivo, no entanto, está descartado no momento. “Ainda há um desequilíbrio financeiro muito grande nas contas do governo. Não podemos reduzir a alíquota do imposto agora. Não há justificativa para deixar de cobrar tributos em um momento de crise”, disse o secretário estadual de Tributação, José Airton.
Pesquisa já apontava gargalos no estado
Pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que viajar de avião a partir de Natal demora e custa mais do que do que decolar a partir de Recife, Fortaleza e Salvador, principais concorrentes do turismo potiguar. O custo com passagem para um trecho saindo de Natal é em média R$ 339,00. Passageiros que saem de Brasília ou de São Paulo gastam em média R$ 200 por trecho de viagem. A média é similar a de Salvador, R$ 210.
Embora os dados da pesquisa sejam de 2010, o cenário atual não é muito distante, segundo analistas e operadores do setor. Com a perda de malha aérea ocorrida em março, quando companhias aéreas como a TAM e a Gol reduziram o número de voos partindo de Natal, “a situação só se agravou”, avalia o diretor do Natal Convention Bureaux, George Costa.
Mas há uma luz no fim do túnel. Sondagem realizada em abril pelo Ministério do Turismo revelou que sete em cada dez entrevistados (70,3%) pretende viajar pelo Brasil nos próximos meses - percentual que ficou em torno de 67% no mesmo período de 2012. Boa parte deles (46,4% do total) pretende viajar para o Nordeste de avião e ficará hospedada em hotéis e pousadas. “O público está aí”, observa Sandro Pacheco, presidente da Emprotur. O desafio, segundo Habib Chalita, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no RN, em entrevista recente à TRIBUNA DO NORTE, é captá-los.
da TN
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