O vereador Fernando Lucena (PT) defendeu na manhã desta terça-feira a realização de prévias do partido para escolher qual será o rumo da legenda nas eleições de 2014. A orientação do diretório nacional é em favor de candidatura da deputada federal Fátima Bezerra (PT) ao Senado, com manutenção da cadeira de deputado federal e ampliação da bancada de deputados estaduais, atualmente com apenas um parlamentar na Assembleia Legislativa. Entretanto, há um racha no diretório estadual do partido, com uma corrente – majoritária –defendendo candidatura própria a governador. O nome em vista é o do deputado estadual Fernando Mineiro (PT), que disputou a Prefeitura de Natal em 2012 e por pouco não foi para o segundo turno disputar contra o então candidato do PDT, Carlos Eduardo Alves.
Em entrevista ao “Jornal da Cidade”, da FM 94, Lucena admitiu que, para o PT, ocupar duas vagas na chapa majoritária em aliança com outras legendas será impossível e, por conta disso, ele defendeu a realização de prévias para escolher qual o projeto que o PT deverá encampar em 2014: candidatura própria ao governo do Estado, ou o Senado Federal. “Aí nós vamos ter que ir para o voto ou uma prévia. O partido é democrático e tem que fazer isso. Uma prévia para decidir se tem candidatura própria ao governo, ou ao Senado; dois nomes. Por que só um nome? Não é assim. O Suplicy disputou com o Lula a prévia para presidente da República. Por que nós não podemos ter uma disputa interna?”, afirmou o parlamentar, questionando duramente a postulação individualista da deputada Fátima Bezerra, que admitiu estar conversando com lideranças partidárias de outras legendas com vistas à formação de aliança com os partidos que formam a base de Dilma Rousseff no Rio Grande do Norte.
Na véspera, também em entrevista a 94 FM, Fátima afirmou que o projeto do PT no Rio Grande do Norte, por orientação nacional, através do presidente da legenda, Rui Falcão, é a indicação dela para o cargo de senadora da República. A deputada anunciou uma série de encontros do PT com outras legendas da base de Dilma, segundo ela a mando do diretório nacional, contemplando o PMDB e os demais partidos da base – PSD, PDT, PC do B e até o PR, que ainda faz parte da base de Rosalba Ciarlini (DEM), mas que sinalizou esta semana com rompimento. Entretanto, para o vereador Fernando Lucena, da corrente petista ligada ao deputado Fernando Mineiro, para o PT local as conversas não são bem assim. Ele repreendeu a deputada Fátima, que estaria agindo sem o consentimento do PT estadual.
“Fátima é Fátima; o PT é o PT. Ela não pode estar conversando se ela não estiver conversando com o partido. Vamos acabar com esse negócio. Vai virar cacique? Vai ter cacique no PT? Isso é inaceitável no PT”, disse o vereador. “Vamos conversar, senta todo mundo.
Por que a deputada não senta para conversar? Dizer: quero ser candidata… porque ninguém é obrigado a votar em ninguém; não existe nenhuma lei que obrigue. O voto é obrigatório, mas saber em quem você vota não é não”, repreendeu o vereador, destacando que o voto é obrigatório, mas a escolha é livre. “Nosso TSE, que eu diria aqui que é um dos melhores do mundo nesse aspecto, que você vota e no minuto, no segundo… é uma beleza. Então esse é o que você é obrigado a votar, mas obrigado a votar em quem você quiser. Não vai ser imposta por quem quer que seja. Da última vez que tentaram fazer um acordão desse, deu no que deu. Gato escaldado tem medo de água fria. O PT tem que ter muita cautela com essa questão”, afirmou o vereador.
“PT não pode abrir mão do sonho da candidatura própria a governador”
Lucena destacou que o PT vive um bom momento no Rio Grande do Norte e não deve abrir mão de uma candidatura própria ao governo do Estado nas eleições de 2014. “O PT está em um bom momento em Natal. Nós perdemos o segundo turno por menos de 0,5%. O Mineiro é um nome muito bom para ir para a disputa. Se ele não for vai outro. Mas eu acho que nós não temos que perder, que abrir mão do sonho da candidatura própria ao governo do Estado, embora fazendo composição com o Senado. Eu acho que é isso, não dá para a gente ficar a reboque”, frisou o vereador, ainda em entrevista à Rádio Cidade.
Lucena, contudo, reconhece que a prioridade da direção nacional do PT é o Senado. “A informação que nós temos é que a prioridade da direção nacional é o Senado, e está correto; segundo, é que seja da base aliada do governo, está correto, inclusive, se for possível, verticalização”, afirmou. Para ele, o PT irá cumprir com a verticalização porque o instituto, embora não obrigatório, sempre foi cumprido pela legenda. Ele também defendeu a aliança com o PMDB. “No PT sempre houve e eu acho que ela é positiva e se for assim nós temos tudo para ganhar e fazer aliança com o PMDB. O PMDB é o nosso maior aliado. O vice-presidente da República é o vice da nossa presidente Dilma, e a prioridade é a reeleição de Dilma Rousseff. Porque com as mudanças que o Brasil avança, nós não podemos deixar pra lá, nós temos que avançar e continuar avançando com a presidente Dilma por mais quatro anos”.
Quanto à candidatura ao Senado, embora defendendo prévias, o petista deixou claro que a deputada Fátima merece e a prioridade do PT é o Senado. “Isso é uma decisão nacional. Nós vamos lutar com todas as forças para que a deputada seja senadora. Agora o preço é que a gente tem que avaliar se vale a pena”. Ainda segundo o vereador, ninguém no PT admite uma aliança com o DEM, por uma resolução do próprio PT. “A deputada tem uma história de vida, uma militante, uma deputada dedicada, a melhor deputada do Estado. É o melhor nome para o Senado, agora precisamos conversar e ver até onde e como nós vamos fazer essa aliança”.
Fonte: JH
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