Moradores de Touros começam a voltar para casa depois de enxurrada

Ministério da Integração Nacional reconheceu emergência, mas burocracia retém envio de kits de ajuda humanitária
Depois que a água foi escoada na cidade de Touros, o solo começou a ceder num processo de deslocamento de massa Foto: Ruzem Raimundo/Prefeitura de Touros
Moradora de Touros desde que nasceu, Maria de Lourdes Bandeira, de 51 anos, viu quase tudo que construiu ao longo da vida ser destruído pela enxurrada que atingiu a cidade no início de julho. Ela e os parentes sofreram drasticamente as consequências das fortes chuvas. A família precisou abandonar a casa em que morava, no Conjunto Frei Damião, uma das regiões mais atingidas. Agora, Maria de Lourdes segue com esperança de reconstruir sua vida de novo.
Há 16 dias, a Prefeitura de Touros decretava estado de emergência no município em função dos estragos provocados pelas chuvas. No dia 9, a enxurrada que tirou Maria de Lourdes de casa retirou também cerca de cinco mil pessoas e atingiu outras três mil indiretamente na cidade litorânea, a 88 quilômetros de Natal. Isso porque em dois dias, o município recebeu mais de 200 milímetros de chuva durante um final de semana, de acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn).
Com a enchente que atingiu seis bairros, as autoridades precisaram agir rápido e precisamente para garantir segurança e abrigo à população atingida. Assim, a Defesa Civil do estado acompanhou a situação desde o indício dos primeiros alagamentos, segundo Ruzem Raimundo da Silva, secretário administrativo da cidade. Além dessa assistência, uma equipe do Exército e cerca de 500 voluntáriosestiveram no município em solidariedade às famílias.
Sete dias após a notificação de calamidade, o Ministério da Integração (MIN) reconheceu o decreto de emergência em 16 de julho através de uma publicação no Diário Oficial da União. No entanto, a ajuda ainda não chegou a Touros devido aos processos burocráticos. Este decreto prevê a situação de emergência por 90 dias.
A equipe do Portal OP9 procurou o ministério para saber a previsão de chegada dos insumos e da liberação da verba. Mas através de nota, a assessoria divulgou que o auxílio está em fase de aprovação. Serão encaminhados 3.264 kits de ajuda humanitária, que incluem cestas básicas, produtos para higiene pessoal, material de limpeza e itens para assistência infantil e idosos, além de colchões. Também serão disponibilizados 16.650 galões de água potável à população afetada.
A vida começa a se reorganizar em Touros
Apesar de toda aflição e desespero que tomou conta das vidas dos moradores de Touros, as casas voltaram a ser ocupadas pelos proprietários novamente. Dona Maria de Lourdes, por exemplo, voltou para o lar com sua família de sete pessoas, entre filhos e netos.
De acordo com Ruzem Raimundo, secretário administrativo, não há mais abrigo funcionando nos prédios públicos da cidade. Depois que a Defesa Civil fiscalizou as estruturas das residências, os populares voltaram para elas ou foram para casas de parentes, nos casos em que as suas estavam parcialmente condenadas.
Ainda segundo o secretário, a cidade vive sobre o risco de afundamento de asfalto e desabamentos de paredes e outras sustentações porque, com o acúmulo de água no assoalho, o solo enfrenta um processo conhecido na área de engenharia como “descolamento de massa”. Ou seja, os sedimentos são descolados provocando alterações no relevo, geralmente conhecido como “escorregamento”.
Enquanto isso, Maria de Lourdes conta que está sob sua casa tendo consciência dos riscos que ela oferece devido às grandes rachaduras nas paredes, mas “confortando o coração com orações e conversando com Deus”, declarou. Ao mesmo tempo, vai tentando organizar a vida com o que sobrou em meio à catástrofe, mesmo garantindo que perdeu quase todos os seus móveis.
do op9
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