Fique atento na hora de comprar antibióticos


Farmacêuticos de Natal têm encontrado dificuldades em cumprir exigências da Anvisa, referentes à comercialização de antimicrobianos.

Por Silvia Ribeiro Dantas
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Foto: Elpídio Júnior
Segundo a Anvisa, receitas passaram a ter validade de 10 dias.
Após mais de seis meses em vigor, boa parte da população ainda não está familiarizada com as novas regras para a venda de antibióticos e farmacêuticos vêm enfrentando dificuldades para fazer cumprir as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a comercialização do medicamento em até 10 dias após a prescrição da receita. 

Para farmácias e drogarias que descumprirem as normas, a punição varia de advertências até a cassação da licença sanitária do estabelecimento e multa aplicada ao proprietário.

Desde 28 de novembro do ano passado, a Anvisa estabelece que, ao prescrever antibióticos, médicos, veterinários e dentistas devem emitir receita no modelo de controle especial em duas vias, com uma ficando retida na farmácia e outra sendo carimbada pelo farmacêutico e devolvida ao cliente. 

Além disso, as receitas passaram a ter validade de 10 dias e houve mudanças nas embalagens dos medicamentos, que passaram a conter, na tarja vermelha, as frases ‘Venda sob prescrição médica' e ‘Só pode ser vendido com retenção de receita'.

A farmacêutica Luzia Leiros conta que a principal dificuldade ao dispensar antibióticos é em relação à quantidade de medicamento, para garantir que o tratamento seja completo. “Temos que vender o suficiente para não faltar remédio durante o tratamento. Muitas vezes, o médico informa que devem ser ingeridos dois comprimidos por dia, durante 14 dias, mas em uma caixa não vem 28 comprimidos e temos a obrigação de dispensar mais de uma caixa, para que o paciente conclua o tratamento. Só que as pessoas não querem levar as duas, por sobrar muito comprimido”, explica.
Foto: Elpídio Júnior
"Temos que vender o suficiente para não faltar remédio durante o tratamento", diz Luzia.

Luzia sugere que uma solução poderia ser a aquisição de medicamentos manipulados, uma vez que nas farmácias de manipulação as pessoas adquirem a quantidade exata para o tratamento e não há sobra. Outra alternativa apontada pela farmacêutica é que a venda fracionada dos medicamentos passe a ser feita de maneira mais ampla. 

“Poucos laboratórios possibilitam a venda fracionada, que consiste em dispensar a quantidade certa de comprimido ou solução, sem ficar atrelado a uma caixa e para que isso seja realidade, todos os medicamentos precisam ter identificação a cada comprimido, com lote e validade. Do jeito que é feito hoje com a maioria dos medicamentos, a gente não pode simplesmente abrir uma caixa, cortar uma cartela e vender a quantidade que a pessoa precisa”, detalha.

Médicos
O presidente da Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), Álvaro Barros, diz que o uso de antibióticos deve ser feito com muito cuidado e é a favor da venda fracionada do medicamento. “Mas isso exige bastante controle e é complicado, do ponto de vista prático”, pondera. 

Profissionais de saúde ressaltam ser importante que se busque uma alternativa, porque muitas pessoas optam por levar uma quantidade de medicamentos insatisfatória, mas se o tratamento não for feito corretamente, o paciente poderá desenvolver resistência aquele tipo de bactéria. Dessa forma, sua saúde pode ficar bastante comprometida.

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