Bando leva R$ 300 mil do América

Momentos depois do assalto, policiais militares foram até o local, inclusive homens da inteligência da PM
Momentos depois do assalto, policiais militares foram até o local, inclusive homens da inteligência da PM
A sede social do América Futebol Clube, no bairro de Petrópolis, foi assaltada por quatro homens ontem à tarde. Eles levaram R$ 300 mil, dinheiro que seria usado para pagar jogadores do time principal. Para completar, os criminosos fugiram de carro pela rua Ceará-mirim ao lado do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, localizado a menos de cem metros do local assaltado. De acordo com o presidente do América, Alex Padang, o clube vai ter sérias dificuldades para pagar o salário dos jogadores deste mês. "Foi a mesma coisa de tirar dinheiro de quem não tem", disse o presidente, visivelmente abatido. No momento do assalto, ele não estava na sede. Além do salário dos jogadores, o celular do presidente do Conselho Deliberativo do América, José Rocha, também foi levado. "Um veio com a arma, apontou na minha cabeça e levou o celular", relatou. Ele acredita que a arma era um tipo de pistola. Os demais criminosos também pareciam estar armados.

Segundo testemunhas, um bandido ficou dentro de um carro branco do tipo sedan pequeno de marca Chevrolet. Os outros três entraram na sede e seguiram direto para a área administrativa. Conforme Érick Dias, executivo de marketing do América, o setor é dividido em biombos dos quais o último deles é a tesouraria. "Ele passou pelo departamento pessoal, pelo marketing e foi direto na tesouraria", contou. O assalto começou por volta das 15 horas e não durou mais que cinco minutos.

Questionado pelo modo preciso de ação dos assaltantes, Padang diz não ter dúvida de que a quadrilha tinha informação privilegiada sobre o dia do pagamento e o local onde o dinheiro era guardado.

DINHEIRO VIVO

Conforme o presidente do Clube, realizar o pagamento   dos salários dos jogadores com dinheiro em espécie é o método usado no América há muito tempo. "É uma praxe de muitos anos. Não só dessa gestão. Muitos jogadores não tem conta, querem que o dinheiro seja depositado na conta de uma cunhada, ou não podem receber o dinheiro na conta e por isso fazemos esse tipo de pagamento", explicou. Geralmente o dinheiro é repassado no mesmo dia em que é sacado.

O valor  foi sacado ontem pelo vice-presidente financeiro, Eduardo Pagnocelli, na agência da Caixa Econômica Federal, da rua João Pessoa, na Cidade Alta. Dois policiais de folga faziam a segurança de Pagnocelli,  prática também comum no América. Conforme o presidente do Conselho Deliberativo, os  policiais que faziam as vezes de segurança também foram rendidos no momento do assalto. 

Durante a ação, os bandidos chegaram a dar empurrões em algumas pessoas que trabalhavam no local. "Eles estavam tranquilos e de cara limpa, sem máscara nem nada. Eram profissionais",  acredita José da Rocha. O prédio do América, na rua Rodrigues Alves, não tem câmeras de segurança. A Polícia Civil vai pesquisar imagens de sistemas de segurança dos edifícios vizinhos. Horas depois do crime, as testemunhas foram para a Delegacia Especial de Furtos e Roubos no bairro da Cidade da Esperança. Além de depoimentos, os funcionários foram tentar reconhecer os criminosos num banco de imagens da Polícia Civil.

O prédio da sede tem vigilantes somente à noite. Mesmo assim, foi justamente à noite a última vez em que a sede social do América foi assaltada  no ano passado. Foi um arrombamento durante a madrugada na loja de produtos do Clube. Para Padang, a sensação agora é de impotência. "Eu estou transtornado, em estado de choque, principalmente em se tratando de um dinheiro que não é nosso". Ele também disse que não vai mais realizar o pagamento em espécie. "É arriscado e comprovado que que não vamos mais fazer assim", asseverou. Os demais funcionários do Clube já haviam sido pagos com depósitos em conta.

 De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Araújo, policiais foram até o local no momento do assalto, inclusive pessoal da inteligência da PM. As informações foram passadas para a Polícia Civil. Até o fechamento desta edição, nenhum dos bandidos havia sido preso.

da TN

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