NÁDEGAS A DECLARAR (UM POEMA À BUNDA), por João Maria Ludugero


No seco ou no molhado,
Na sala ou na avenida,
Na subida do aclive
Na descida do morro,
Na alameda dando bandeira
Quando ela requebra as cadeiras,
O mundo se bandeia de todos os lados
De frente e verso, 
Rebola à torta e à direita,
Podendo até ser feia de cara,
Mas uma bunda é uma bunda,
Tem lá sua suprema importância. 
É uma chama acesa em potência,
Que chama atenção redobrada
Que ao abundar, abunda e pronto,
Não prejudica o conjunto,
Ao causar impressão maravilhosa,
Da primeira à última vista
Nem que seja rebolando à toa,
E ainda mais se dourada pelo sol,
Abundante ao calor do bronzeado
Da cor do pecado ao deleite do dia.
E eu, cá com meus botões, na lida,
Que não sou bobo coisa nenhuma
E tenho lá meu apreço, no fundo,
Passo a contemplá-la num silêncio mudo,
Vou vendo aquilo tudo com alegria imensa.
Já desnudo de vergonha na cara,
Vou apreciando o que a bunda inteligente me dita.
E ela astuta com arte e manha rodopia,
Faceira, insinuando-me a vir vê-la.
Eu venho que venho, mas não me contenho
Ao dar de cara com a bunda, relaxo 
E meto a cara na vida, não faço fita, 
Não levo desaforos para casa,
Não vou dar o gostinho dela passar 
Em brancos versos!

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