Alunos carentes recebem assistência odontológica


Alunos da Escola Estadual Alberto Torres passaram por triagem nesta manhã. Foto: Wellington Rocha
Alunos da Escola Estadual Alberto Torres passaram por triagem nesta manhã. Foto: Wellington Rocha
Alunos da Escola Estadual Alberto Torres receberam, na manhã desta segunda-feira (18), a seção Natal da maior triagem odontológica do mundo, promovida pela Turma do Bem e a Oral-B. Ao todo, dez países latino-americanos, mais Portugal, tiveram jovens entre 11 e 18 anos selecionados para receber tratamento bucal de forma gratuita. O exame simples e não invasivo obedece a um único critério: que sejam feitos em menores de famílias carentes.
Com 425 meninos e meninas, a Escola Alberto Torres tem 98% de seus matriculados residentes no bairro de Mãe Luiza. Para a diretora Rosane Batista, a ideia veio em boa hora. “Era bom que tivessem outras instituições com essa preocupação social. Aqui tem muita gente pobre, que precisa de tudo. Os dentistas abriram mão de seus horários, de seu material e estão aqui na escola”. Conhecidos como Dentistas do Bem, a instituição filantrópica começou o projeto no dia 12 deste mês com exposições para os pais e pedidos de autorização para tratar de seus filhos.
Um cirurgião dentista e duas auxiliares ocuparam uma sala improvisada como consultório. Andrea Dias é a coordenadora do Dentista do Bem e fala em 30 mil crianças atendidas em dois anos de atividade. “Estamos em 260 municípios brasileiros. No Rio Grande do Norte, temos 27 Dentistas do Bem. Hoje, aqui na escola, queremos cadastrar 350 jovens. Escolhemos essa idade por se tratar de uma fase em que a questão estética ganha espaço junto à saúde. Aos 18 anos, muitos meninos precisam trabalhar e se relacionar com o sexo oposto. E o dente está diretamente ligado a timidez, a autoestima. Com isso, queremos impactar a sociedade e a classe odontológica, que precisam despertar para o trabalho voluntário”.
Somente nesta segunda-feira, mais de 14 mil crianças e adolescentes receberam atendimento do Dentista do Bem em toda a América Latina. Uma delas foi Aline de Oliveira Nascimento, de 11 anos. Sem saber o que é um tratamento odontológico desde o nascimento, a menina mora em Mãe Luiza e desconfia da importância do tratamento. “Nunca fui a um dentista, mas agora eu vou. Minha mãe pediu para eu não perder o atendimento”.
Para Andrea Dias, o momento de gratificação surge desse contato com os alunos, em que a rebeldia da idade e a timidez em abrir a boca exigem atenção redobrada do profissional. “Muitos chegam envergonhados, sem querer mostrar os dentes. Mas quando levamos eles para o cantinho da sala e conversamos com jeito, eles ajudam numa boa. Trabalhar com adolescente é emocionante”.
Apesar de avanços nos últimos anos, o Brasil sustenta índices desfavoráveis quanto à saúde bucal. Dono do maior contingente de dentistas do mundo, a Associação Brasileira de Odontologia (ABO) afirma que 27 milhões de brasileiros nunca foram ao dentista. Segundo dados do Ministério da Saúde, 53% das crianças com menos de cinco anos tem cárie.
No Rio Grande do Norte, números apresentados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), em 2012, revelam uma grave situação. Adolescentes potiguares com 12 anos (referência mundial) têm 3,3 dentes afetados, para uma média nacional de 2,1 e regional de 2,6 dentes cariados. Enquanto um terço dos jovens de 15 a 19 anos já apresentam a necessidade do uso de prótese dentária (32,8%), porcentagem acima do Nordeste (17%) e Brasil (13,7%).
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