Brincs firmam pacto solidário


Fernando Travaglini e Iuri Dantas - Agência Estado 
Durban - As economias emergentes mais importantes do mundo concluíram ontem que não podem depender dos países desenvolvidos para reativar o crescimento econômico. Por isso Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, integrantes do Brics, vão depender cada vez mais de si mesmos. As soluções, como a criação de um banco de desenvolvimento do quinteto e uma linha de socorro cambial de emergência, no entanto, ainda esbarram em detalhes técnicos e só sairão do papel nos próximos anos. 
Roberto Stuckert Filho/pr
Dilma, na reunião de cúpula dos Brincs: criação de instrumentos para garantir empregos e programas de combate à pobrezaDilma, na reunião de cúpula dos Brincs: criação de instrumentos para garantir empregos e programas de combate à pobreza

Na declaração final da cúpula, os líderes do Brics reconhecem a necessidade de atuar em conjunto para desenvolver a infraestrutura dos países. Atribuem os problemas atuais, como as longas filas nos portos brasileiros para exportação da safra de soja, à falta de financiamento de longo prazo. A ideia, a partir de agora, é transformar a sigla criada em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do banco Goldman Sachs, em um verdadeiro grupo de atuação conjunta, com investimentos mútuos e soluções de governança próprios.

Ficou acertado que o Brics criarão um banco de desenvolvimento, à semelhança do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas transformar essa decisão política em uma instituição real vai depender, agora, do trabalho dos ministros da Fazenda e presidentes de Banco Central do grupo. Eles voltam a relatar os progressos do trabalho em setembro deste ano. O capital do banco será o necessário para atender às necessidades. Antes da cúpula, a cifra girava em torno de US$ 50 bilhões. “Vamos responder a essa crise internacional com vigor, mantendo determinação de continuar gerando empregos e combatendo a pobreza em nossos países”, disse a presidente Dilma Rousseff.

Proteção

Outro ponto acordado foi a criação de um Arranjo de Reservas de Contingência. Trata-se de uma espécie de rede de proteção para o caso de crise de liquidez ou ataque especulativo. Segundo o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, será uma linha “adicional” de defesa durante a crise, já que o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado exatamente para tal necessidade.

Cada país vai empenhar uma parte de suas reservas, totalizando US$ 100 bilhões como colchão de proteção. Não será um fundo, mas uma linha especial que será acionada, caso haja problemas. O Brasil deve contribuir com cerca de US$ 18 bilhões. O mecanismo deve começar a operar depois de 2014, na previsão mais otimista. O importante, neste caso, é a posição política do Brics. O FMI, quando empresta dinheiro emergencial, exige uma série de ações consideradas liberais pelos países do quinteto. O arranjo dos Brics não agirá dessa forma.

Infraestrutura

O tom do encontro de cúpula foi elevar os investimentos entre os Brics na área de infraestrutura. Segundo Zuma, há necessidade de US$ 4,5 trilhões nos países do grupo nos próximos cinco anos. A presidente Dilma Rousseff mencionou, em discurso, o programa de concessões de logística, orçado em cerca de US$ 250 bilhões.

Dilma aproveitou o encontro para “vender” as concessões de 10 mil quilômetros de ferrovias, 7.500 quilômetros de rodovias, terminais portuários e aeroportos. A China demonstrou interesse em participar, segundo relatos. 
da TN

Nenhum comentário:

Postar um comentário