Tranquila, sem qualquer bagunça ou baderna. Foi assim a primeira noite pós-condenação de Carla Ubarana no Centro de Detenção Provisória (CDP) feminino de Parnamirim. Com a experiência de já ter se hospedado no hotel Plaza Athenée, um dos mais luxuosos de Paris, a ré confessa dos desvios dos precatórios do Tribunal de Justiça (TJ/RN) sentiu, novamente na pele, a humildade das unidades prisionais do Estado. E o silêncio, segundo a direção da unidade prisional, tem sido uma das marcas de Ubarana nesse retorno ao cárcere.
“Para ser sincera, até o momento, ainda nem ouvi a voz dela”, afirmou a diretora do CDP, Hindiane Saiures, em contato com O Jornal de Hoje. Segundo ela, apesar dos agentes “não ficarem entrando nas celas o tempo todo”, é possível destacar que até o momento, a hospedagem de Carla Ubarana na unidade prisional tem sido “tranquila”. “A gente não tem notícia de nenhuma bagunça na cela, nenhuma baderna nem reclamação”, ressaltou.
No cárcere com outras 29 mulheres, a maioria acusada de tráfico de drogas, Carla Ubarana dormiu no chão, em um colchonete emprestado pela unidade prisional, uma vez que não recebeu, até o final da manhã de hoje, nenhuma visita que pudesse levar para ela qualquer utensílio de apoio aos dias na prisão.
E lembrar que há alguns anos, antes de serem descobertos os desvios de milhões no setor de precatórios do TJ, Carla Ubarana e o marido, George Leal – também condenado na decisão divulgada na manhã de terça-feira, pelo juiz criminal Armando Ponte – passaram alguns dias em Paris e puderam desfrutar de todo o conforto dos amplos quartos do hotel Plaza Athenée.
No site oficial do hotel, as descrições dos quartos dão ideia do conforto que o casal vivenciou. Algumas suítes com mais de 450 metros quadrados, com quatro quartos e dois salões. “Decorado no mais puro estilo clássico parisiense, nossas Suítes de Luxo oferecem uma vista única sobre a famosa Avenue Montaigne. Luminoso e espaçoso, com grandes salas, são perfeitas para trabalhar ou ficar com a família” e com “mobília antiga, de Luís XV, Luís XVI”, define-se o hotel, que oferece serviços de secretária, internet wi-fi em alta velocidade, acesso privilegiado ao espaço fitness e um “exclusivo serviço de quarto”.
Nesse hotel, conforme o próprio George Leal afirmou, o casal gastou cerca de 11 mil euros e tiveram uma vista “única” da torre Eiffel. Segundo o próprio juiz Armando Ponte em sua sentença, Ubarana e George gastaram cerca de R$ 1,25 milhão com suas viagens pelo mundo com o dinheiro público desviado dos precatórios.
Com relação ao tamanho, a diretora do CDP feminino não soube dizer exatamente, o tamanho das celas, mas confirmou que a de Carla Ubarana está na capacidade máxima. Lá, claro, não há quartos, apenas dois banheiros, com chuveiros. O “serviço de quarto” se limita a três refeições diárias, oferecidas em quentinhas por uma empresa terceirizada contratada pelo Governo do Estado.
E, vale lembrar, Carla Ubarana não está nem em um presídio lá muito problemático em relação a estrutura física. Afinal, o CDP feminino é uma construção recente e não tem alguns problemas em outros prédios de CDPs. A hospedagem no local, porém, deve durar pouco também. “Estamos esperando que a remoção dela ocorra o mais rápido possível. Ela deverá ser transferidas para a penitenciária João Chaves (na zona Norte de Natal)”, afirmou a diretora Hindiane.
RECURSOS
Enquanto segue presa – condenada a 10 anos de prisão em regime inicialmente fechado – Carla Ubarana terá ao seu lado, pelo menos, o advogado Marcus Leal (que a defendeu no processo) e, também, o Ministério Público do RN. Em postura que pode ser considerada rara, os promotores afirmaram que vão recorrer da decisão da 7ª vara criminal para que Ubarana tenha a pena reduzida, se considerando a delação premiada.
Uma eventual redução, nesse caso, poderia aumentar o sentimento de impunidade que o juiz Armando Ponte fez questão de atacar ao condenar Carla Ubarana. Segundo ele, a população já estava cansada e enojada dos casos de corrupção recentes e atingida pelo sentimento de impunidade.
RETORNO A PRISÃO
Carla Ubarana e George Leal, vale lembrar, já passaram um tempo na prisão em 2012, quando foram presos durante a Operação Judas, do próprio Ministério Público. Carla, inclusive, chegou a ficar internada em um hospital privado de Natal e cumpriu boa parte da prisão preventiva na unidade médica. Só saiu após assinar o termo de delação premiada com o Ministério Público.
Fonte: Jornal Hoje
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