Roma (AE) - O papa Francisco lavou os pés de uma dúzia de adolescentes presos em um centro de detenção juvenil de Roma durante um tradicional ritual católico da Quinta-Feira Santa. A cerimônia foi realizada no centro de detenção de Casal del Marmo, na capital italiana, onde 46 adolescentes estão presos atualmente. Muitos dos jovens ali detidos são ciganos e imigrantes do norte da África. De acordo com o Vaticano, os 12 selecionados para o ritual - dez rapazes e duas moças - não precisavam necessariamente ser católicos.
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Antes de Francisco assumir o pontificado, papas celebravam a Quinta-Feira Santa em basílicas romanas e usavam padres no lava-pés
Pelo fato de os detentos serem menores de idade, o Vaticano e o Ministério da Justiça da Itália limitaram o acesso ao interior do presídio. Segundo a Rádio do Vaticano, o papa Francisco disse aos jovens detentos que Jesus Cristo lavou os pés de seus discípulos em um gesto de humildade. Se o Senhor lava os pés de seus discípulos, vocês também devem lavar os pés uns dos outros, disse o papa aos jovens. Mais tarde, o Vaticano divulgou um vídeo de parte do ritual que mostra Francisco ajoelhado diante dos jovens infratores enquanto lava pés brancos, negros, masculinos, femininos e até tatuados.
Depois da cerimônia, Francisco entregou a cada um dos jovens detidos na Casal del Marmo um ovo de páscoa. Não percam a esperança, disse o papa. Entenderam? Com esperança, vocês podem sempre seguir em frente.
Com a cerimônia de ontem, Francisco repete como papa o gesto de quando atuava como arcebispo de Buenos Aires e, para realizar o ritual de lava-pés, visitava presídios, hospitais e manicômios argentinos. Os papas anteriores a ele realizavam o ritual em uma basílica romana e escolhiam 12 padres para representar os 12 discípulos de quem Jesus lavou os pés.
O fato de Francisco ter incluído duas jovens no grupo também é digno de nota, uma vez que os mais tradicionalistas argumentam que os 12 discípulos de Jesus eram homens e que a Igreja é claramente dominada por homens.
Indicações
Horas antes da cerimônia de lava-pés, o papa Francisco fez sua primeira indicação ao nomear o bispo de Santa Rosa como seu sucessor no cargo de arcebispo de Buenos Aires, que é o principal nome da igreja católica na Argentina. O arcebispo Mario Poli fora bispo auxiliar da capital argentina entre 2002 e 2008, período no qual a ex-cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje papa, já era arcebispo.
Francisco beatifica 63 católicos
Brasília (Lusa/ABr) - O papa Francisco aprovou ontem as beatificações de 63 católicos, na maioria vítimas da guerra civil espanhola, do nazismo e do comunismo, anunciou o Vaticano. Pela primeira vez desde que é papa, Francisco autorizou a Congregação para a Causa dos Santos a promulgar os decretos que, no futuro, vão possibilitar as beatificações. A análise da vida e morte virtuosas dos futuros beatos foi lançada anos antes da eleição do papa em 13 de março. A maior parte dos mártires reconhecidos por Francisco foram mortos por ódio à fé na Guerra Civil da Espanha (1936-1939).
Entre os futuros beatificados, está Vladimir Ghika (1873-1954), príncipe romeno ortodoxo que se converteu ao catolicismo e trabalhou nomeadamente ao serviço da diplomacia de Pio XI, depois de vários anos em Paris. Ghika regressou à Romênia durante a 2ª Guerra Mundial para ajudar os refugiados poloneses que fugiram da invasão nazista. Em 1952, foi detido pela polícia comunista.
O italiano Rolando Rivi (1931-1945) também vai ser beatificado. Ele foi morto por comunistas aos 14 anos, três anos depois de ter entrado no seminário. O compatriota dominicano Giuseppe Girotti (1905-1945) foi morto no campo de concentração de Dachau (Alemanha). Em 1995, foi reconhecido como justo entre as nações pela ação a favor dos judeus.
da TN
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