A ONG internacional Ocearch, que desenvolve projetos de monitoramento de tubarões, anunciou nesta quarta-feira que um barco chegará ao Recife em 22 de julho para uma missão que começará dia 23 e vai colocar chips em tubarões-tigre. Os animais poderão ser acompanhados via internet.
O novo recurso será utilizado para compreender o comportamento dos tubarões que habitam a costa pernambucana. A embarcação de pesca especializada em tubarões-brancos, que roda o mundo desde 2007, virá ao Recife capturar e marcar os tubarões-tigre que nadam em alto-mar na região.
A iniciativa da Ocearch, que recebeu convite da Universidade Federal Rural de Pernambuco, vai estudar, em detalhes, o comportamento migratório de uma das duas espécies às quais são atribuídas a maioria dos 59 ataques registrados desde 1992, quando começaram os registros de incidentes no estado.
De acordo com o professor de engenharia de pesca Fábio Hazin, autor do convite, a pesquisa será realizada em quatro pontos específicos: paralelamente à costa do Recife, na foz do Rio São Francisco (entre Alagoas e Sergipe), na altura do Cabo Calcanhar, no Rio Grande do Norte, e nas proximidades do Arquipélago de Fernando de Noronha.
“Precisamos entender como eles se comportam. Acreditamos que eles venham da foz do rio, mas não sabemos para onde vão depois do Cabo Calcanhar. Ainda teremos como saber se há uma troca de ecossistemas entre a costa do Recife e de Noronha, nesse caso, se os animais desses lugares migram de um ponto a outro”, explica.
A pesquisa será custeada pela própria instituição internacional, que é mantida através de doações. O anúncio foi realizado durante o lançamento do livro Mitos e verdades sobre os tubarões do Recife, de Arnaud Mattoso, no último fim de semana.
Essa compreensão é importante justamente para entender como esses peixes reagem ao ambiente, considerando, inclusive, que no arquipélago de Fernando de Noronha não há registros de ataque. Para isso, os tubarões são pescados e levantados em plataformas da própria embarcação, onde passam, num período de 15 minutos, por uma série de 12 exames, incluindo coleta de sangue, ultrassom e o recebimentos de chips com georreferenciamento.
Desde 2007, a Ocearch realizou 17 expedições – as últimas no segundo semestre de 2013 nos Estados Unidos, país líder em registros de ataques. Além dos EUA, também há tubarões registrados na costa do Chile e da África do Sul. Um diferencial da iniciativa é que os dados são de acesso público e podem ser acessados em uma plataforma interativa. Pela tela de um computador é possível obter dados de um determinado tubarão – sempre batizado com o nome de uma pessoa – e acompanhar o deslocamento diário dele, o que dará condições para os estudiosos detectarem rota e velocidade de deslocamento, ponto a ponto.
Em alguns casos, como dos tubarões americanos Lydia e Kimberly, as atualizações são realizadas automaticamente por meio de redes sociais, como o Twitter, evidenciando, inclusive, quando os mesmos se aproximam da costa.
Fonte: Diario de Pernambuco
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