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O mesmo ponto não será atacado, porém, se, na mesma possibilidade de ocorrer uma segunda volta, o adversário for Aécio Neves, do PDDB. Com sua longa trajetória política e tradição de conciliador, Aécio jamais foi visto pelo PT como um possível foco de crise institucional.
Contra Marina, na garantia de que um segundo mandato transcorrerá em tranquilidade de relações, a partir do Executivo, com o Legislativo e o Judiciário, a campanha petista já sabe o que mostrar: os primeiros quatro anos de Dilma na Presidência.
No especialmente conturbado período de 2010 até agora, com o julgamento de dois anos da AP 470, o chamado mensalão, prisões de políticos conhecidos nacionalmente, dezenas de operações da Polícia Federal, escândalos de corrupção, denúncias por delação premiada e toda sorte de cascas de banana espalhadas na mídia praticamente todos os dias, Dilma agiu da mesma maneira. Invisível.
A presidente não pode ser incluída, nem mesmo pelo mais injusto e leviano dos críticos, em qualquer fato, rumor ou fofoca a respeito de incentivo ao choque entre poderes ou desestabilização de seus representantes. Ao contrário.
- Eu sempre tenho muito cuidado com essas coisas, não me cabe comentar nada porque eu sou representante de um Poder que respeita os demais, declara a presidente, invariavelmente, toda vez que algum microfone se aproxima dela para arrancar ao mesmo uma farpa na direção das instituições.
No comando da campanha do PT, julga-se que esse comportamento que, como dizem os jornalista, "não dá lead", pode ser muito poderoso para um frente a frente com Marina no segundo turno.
A adversária do PSB tem passado a campanha eleitoral até aqui cercada de dúvidas sobre sua capacidade de ter boas relações com o Poder Legislativo. Neste momento específico, Marina mal tem sustentação dentro do PSB, onde foi parar depois de sair do PT, do PV e não conseguir montar o Rede. O presidente nacional da legenda, Roberto Amaral, chamou uma reunião do Diretório Nacional do partido para ser eleito para a presidência, mas levantou duras críticas do vice de Marina, Beto Albuquerque. Cada um deles representa, respectivamente, as correntes pró e contra Marina na agremiação.
Esse quadro interno pode, é claro, se acomodar, mas é difícil imaginar, desde já, como será o convívio dela, se vier a se eleger, com o dia a dia de pequenas e grandes armadilhas das quais Brasília é repleta.
Dilma, lembra-se no comando da campanha, se deixar que as crises passassem ao largo, sem sua participação – e por mais que se tentou incluí-la entre, por exemplo, as inúmeras provocações do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa contra o PT ou para explicar operações da Polícia Federal feitas a todo momento na sua gestão. Nessas emboscadas, Dilma não caiu. O perfil de estabilidade do Poder Executivo com Dilma deverá ser mais explorado em caso de haver uma segunda volta eleitoral.
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