Os mais ricos falam na Paulista. E os mais pobres? Ninguém fala com eles.

naofala
A pesquisa Datafolha sobre as manifestações da Avenida Paulista dão números ao que todos já sabiam: foi o Brasil mais rico (embora mais rico, aqui, não queira dizer rico mesmo),
Pelos números da pesquisa, nada menos que 68% tinham renda acima de 5 salários-mínimos (R$ 4 mil). Entre os brasileiros em geral, a soma destes grupos é de 9,5%, sete vezes menor.
Mesmo considerado apenas o Estado de São Paulo, esta soma esbarra apenas em 25%.
Lógico que isso é muita gente e é claro que este perfil, traduzido em outras capitais, como o Rio, Brasília e Belo Horizonte, representa uma fração dos brasileiros que não se pode ignorar.
A fração que resta, porém, muito maior, mais ainda não pode ser ignorada, até porque foi a base de sustentação dos governos dos últimos anos e a diferença entre a vitória e o que podia ter sido a derrota de Dilma Rousseff em outubro passado.
O que a Paulista fala, amplificado e radicalizado pela mídia e pelas redes, o país inteiro ouve, como um estrondo.
O Governo se apressa em oferecer um “diálogo” que não se quer, até porque não há, além do “Fora, Dilma”, reivindicação alguma, salvo os “intervenção militar” que se esporulam pelo grupo, abanados por grupos de mentecaptos que viraram o “tempero” das manifestações.
Mas, e os outros?
Bem, eles não falam: a última vez foi nas urnas.
E ninguém fala mais com eles, embora eles sejam avassalados pela onda de comunicação do Partido Único de nossa mídia.
Parece que foi o bastante a campanha eleitoral, e talvez o fosse, se a campanha tivesse terminado.
Mas não terminou.
Embora possa, sob muitos aspectos, estar correto o “ajuste fiscal”, é totalmente insano, do ponto de vista político, promover tais ajustes de maneira seca, sem uma campanha de esclarecimento.
A administração pública brasileira, em nome da “técnica”, está entregue à tecnocracia, sob o argumento de que é preciso “ajustá-la” o que, embora verdadeiro, não é definição suficiente, porque não explica onde se aperta e onde se folga o figurino.
E a política – ah, a política – está entregue aos salões, mesmo que uma aristocracia formada por eduardos cunhas, renans, aécios e, volta e meia, as aparições fantasmagóricas de Fernando Henrique, não possa nem sequer ser digna desta classificação.
Disgusting, como diriam na Corte de St. James.
Quem está fazendo a política que define o clima na sociedade é a nobreza de verdade: as  castas vitalícias, bem nutridas e distintas da plebe que ocupam o Judiciário e sua periferia, a mídia e Deus, o “mercado”.
O povão, bombardeado pela artilharia – real ou pirotécnica – da corrupção vai indo, vai indo, já não poderá falar nada diferente, porque nada lhe é dito.
O governo não tem de pedir desculpas, tem de governar.
E bater panela sobre o que se faz de bom, se  é mesmo que está preocupado em fazer e não em se encolher.
Fonte: Tijolaço

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